quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Resumo para Recuperação de Geografia - Cap. 10

Vamos seguir os tópicos do Capítulo 10 do livro, que fala de "Urbanização e redes urbanas".

  • Êxodo rural X Urbanização
Urbanização é o fenômeno de crescimento da população urbana em relação ao crescimento da população rural. Uma área urbanizada é aquela aonde a população urbana cresce mais que a rural, e isso acontece no Brasil desde 1950 (pós-guerra e pós-era Vargas). Esse processo é proporcionado pela modo de produção capitalista, que impulsiona a industrialização e a modernização dos meios de trabalho, substituindo a mão-de-obra camponesa por maquinário agrícola, por exemplo. Com a industrialização de certas áreas, vão se formando cidades, que atraem setores comerciais e de serviços, acelerando o processo chamado de êxodo rural, que é a migração em massa de pessoas do campo para as cidades. O êxodo rural é gerado, especialmente, pelo excedente de trabalhadores no campo (como a terra é concentrada - latifúndios - e as pequenas propriedades não comportam tantos trabalhadores, sobre mão-de-obra). Podemos dizer, então, que o êxodo rural é tanto um fator da urbanização (porque acelera o processo) quanto uma consequência (a urbanização também acelera o êxodo rural).
"A atração exercida pelas cidades só pode ser compreendida no contexto da formação prévia dessa superpopulação relativa no campo (excedentes). Destituídos de meios de sobrevivência na zona rural, os migrantes dirigem-se às cidades em busca de empregos e salários na construção civil, no comércio ou nos serviços. A presença de um mercado urbano diversificado abre a possibilidade do trabalho informal, sem vínculo empregatício (sem carteira nem direitos de trabalho). Os serviços públicos de assistência social e hospitalar, mesmo precários, realçam a atração exercida pelo meio urbano. A cidade não é um sonho dourado: é uma promessa de sobrevivência." (pg 184)

  • Urbanização desigual
No Brasil, a urbanização se deu de forma desigual, e as diferenças nesse ritmo de urbanização determinaram as diferenças econômicas entre as várias regiões. O Sudeste, por exemplo, sempre foi o pólo urbano-industrial do Brasil por se encontrar no centro político e econômico, atraindo grande parte dos investimentos e urbanizando-se antes do resto do país. Já o Centro-Oeste teve sua urbanização caracterizada e agilizada pela disponibilidade de força de trabalho (trabalhadores atraídos pelas fronteiras agrícolas e pela construção de Brasília - oportunidade de emprego). O Sul veio depois na corrida urbanizadora, com sua agricultura policultora e de mercado interno, que abastece as cidades (os imigrantes foram um fator acelerador do progresso na região; a proximidade com o Sudeste também facilitou o processo). Depois temos o Nordeste, pólo monocultor desde os tempos de Colônia. Sua industrialização foi atrasada, já que as pessoas saiam da região e iam ao Sudeste em busca de uma vida mais digna; com a saturação do espaço no Sudeste, muitas indústrias buscaram locais mais afastados como o Nordeste (processo de desconcentração industrial). E temos o Norte, região de difícil urbanização (Amazônia), que se urbanizou muito com as tentativas de atração populacional do governo militar e com a expansão das fronteiras agrícolas.

  • Espaços de redes: cidades e fluxos (ver mapa da pg 187)
Assim como as regiões, as cidades também têm seu ritmo de urbanização e sua área de influência diferenciados: de acordo com sua importância no cenário regional, nacional e global e a concentração de seus fluxos (movimentação de pessoas, informações, bens e capital), as cidades são ranqueadas numa certa hierarquia:
  1. Metrópoles globais: exercem influência no país inteiro e são os pontos de ligação com o mundo globalizado, sendo o centro de informações, capital, pessoas e bens.
  2. Metrópoles nacionais: exercem influência em todo o território nacional, especialmente economicamente (a exceção é Brasília, que exerce influência política).
  3. Metrópoles regionais: são centros regionais que atraem os fluxos locais, sendo pólos de cultura, comércio, produção de bens e prestação de serviços que as cidades menores não têm acesso.
  4. Centros regionais: subordinados às metrópoles regionais, expandem a influência destas.
  5. Centros sub-regionais: cidades interioranas que atraem pessoas de cidades próximas com condições mais facilitadas de trabalho, moradia, comércio...

  • Lugares centrais
São os centros econômicos, produtivos, industriais, culturais do país, coincidindo com as duas metrópoles globais: São Paulo e Rio de Janeiro. Essa colocação de metrópole global cada vez mais é associada a São Paulo, que cresce em tamanho e influência (atrai mais investimentos; tem uma bolsa de valores), e cada vez menos ao Rio de Janeiro, que vive uma retração desde a transferência da capital federal para Brasília, tirando grande parte dos investimentos estatais na região. A retração aumenta quando falamos em violência e aglomeração populacional, o que nos remete às favelas e à guerra contra o tráfico no Rio.

  • Megacidades
Desde que se iniciou o processo de urbanização no Brasil, ele se deu de forma concentrada e monopolista, e o mesmo aconteceu com a industrialização. O resultado disso é que certas regiões, em especial Rio de Janeiro, São Paulo e Recife (desde a época da colônia), viraram pólos de atração de investimentos, em detrimento de outras regiões. Com seu crescimento, foram virando metrópoles e, conseqüentemente, centros nacionais. E, com a atração populacional crescente (com o êxodo rural e tudo mais), outras cidades menores foram se ligando a essas cidades, formando o que chamamos de megacidades. Um bom exemplo é a Grande São Paulo, que envolve 39 municípios (entre eles, a cidade de São Paulo), todos eles juntos numa grande mancha urbana (duas ou mais cidades que se juntam fisicamente, não sendo possível delimitar aonde uma termina e a outra começa). E a tendência dessas megacidades é continuar crescendo, juntamente com as cidades médias, que futuramente se tornarão metrópoles.

  • Metrópoles e gestão pública
O processo de urbanização e, futuramente, de metropolização das cidades, é seguido pelo processo chamado de conurbação, que consiste na junção de aglomerados urbanos (cidades, municípios, núcleos urbanos), gerada pelo crescimento exagerado do território ou da influência de pelo menos um desses aglomerados, gerando o efeito da mancha urbana.
Observação: mesmo que não haja junção física, podem ser formadas áreas conurbadas e manchas urbanas pelo intenso fluxo (de bens, pessoas, informações) entre os núcleos urbanos envolvidos
Observação 2.0: a conurbação gera um sério problema, pois o crescimento acelerado e descontrolado dos núcleos urbanos não é acompanhado por medidas dos governos locais para ampliar os serviços básicos (educação, transporte, saúde, moradia), criando áreas faveladas e subúrbios aonde o governo é ausente.
Observação 3.0: é o processo de conurbação que gera as megacidades (ítem anterior).


  • Megalópole e metrópole extendida
Apenas 400 km separam as nossas duas maiores metrópoles Rio e Sampa. O caminho que as separa é delimitado pelo Vale do Paraíba, entre a Serra do Mar e da Mantiqueira, por onde passa a rodovia que interliga as duas cidades, a Presidente Dutra. Nesse caminho, várias cidades menores margeiam a estrada. Com o desenvolvimento crescente de São Paulo e Rio em meados do século passado, houve um crescimento das duas cidades em direção ao Vale do Paraíba, criando a possibilidade de um aglomerado gigantesco entre as duas cidades, chamado Megalópole. Mas essa conurbação nunca ocorreu, pois embora São Paulo continue se desenvolvendo de vento em popa, o Rio sofreu uma retranca quando foi transferida a capital de Guanabara para o Distrito Federal, retirando muitos investimentos da região. Isso dificultou a junção das duas cidades e, graças a isso, a Megalópole é chamada de Incompleta, pois mesmo sem união física, as duas cidades mantém entre si fluxos constantes de capitais, informações, pessoas e bens.
O Rio parou, mas Sampa continuou crescendo. Não mais na direção do Vale, mas pros lados, em direção a Campinas (centro industrial), Sorocaba, São José dos Campos (tecnopólo) e Santos (porto mais importante), todas cidades importantes no cenário regional e nacional. E, como a distância entre elas é relativamente pequena (comparada com a distância do Rio), a possibilidade de conurbação física é real nas próximas décadas. A esse conglomerado deu-se o nome de metrópole extendida, que se caracteriza pela industrialização acelerada (atração de investimentos) e pela queda gradativa da qualidade de vida (excessiva concentração e repulsão de pessoas e empresas).

É isso, boa prova amanhã!!