quinta-feira, 19 de junho de 2008

Bacterioses e Viroses

Frase das Bacterioses:

  • BoTuLeMe PneuGoTe CoPeSi DiDis.

Botulismo, Tuberculose, Lepra (Hanseníase) e Leptospirose, Meningite, Pneumonia, Gonorréia, Tétano, Cólera e Coqueluche, Peste, Sífilis, Difteria, Disenteria.

Algumas bacterioses (detalhadas):
  • Tuberculose: causada pelo Bacilo de Cock, causa a inflamação e degradação do tecido pulmonar, devido o acúmulo de muco no tecido. Existe cura e tratamento, se estiver nas fases iniciais da doença.
  • Lepra (Hanseníase): as toxinas liberadas pela bactéria causam danos aos receptores de estímulos nervosos, especialmente nas áreas mais periféricas do corpo (pele), gerando a necrose do tecido cutâneo. A cura pode ser alcançada se a doença for identificada em seu estágio inicial.
  • Meningite: a forma de contágio da doença é pelo ar e as bactérias, instaladas no cérebro, causam inflamação nas meninges (uma área do cérebro). Tal inflamação e conseqüente inxação leva a um aumento de pressão interno na caixa craniana que pode danificar o tecido nervoso, levando à morte ou causando traumas permanentes. tem tratamento e cura, se for identificada rapidamente.
  • Pneumonia: a bactéria causa acúmulo de líquido/muco nos tecidos pulmonares, gerando queda energética e possível baixa no sistema imunológico. Pneumonia é um nome genérico para inflamações pulmonares, pois podem ser causadas por vários agentes. É de fácil detecção e cura (tratamento: repouso e antibióticos).
  • Gonorréia: é uma DST que causa inflamações na uretra/canal vaginal, podendo causar inflamações mais internas 9estágio mais avançado) e até esterilidade.
  • Tétano: a bactéria penetra pela pele através de cortes profundos (geralmente metais enferrujados, madeira) e ataca os nervos motores, gerando contrações musculares extremas que vão se intensificando em força e constância ao longo do tempo, se não for tratada. Existe uma vacina preventiva (antitetânica, tomar de 10 em 10 anos) e um soro antitetânico usado para o tratamento da doença, depois que ela é identificada.
  • Cólera: causada pelo vibrião (vibrio cholerae), que gera inflamação e degradação do fígado, ocasionando um acúmulo de líquido no intestino grosso, dores abdominais, diarréias e desidratação (trata-se com o soro caseiro, água com sal e açúcar). O tratamento é feito com soro intravenoso. A cólera indica, geralmente, a baixa qualidade ou a ausência de saneamento básico no local.
  • Peste: causada por bactérias que se desenvolvem em pulgas e ratos de esgoto e é passada para o homem. Essas bactérias liberam um substância necrosiva, que gera lesões nos tecidos de todo o corpo e leva à morte. (exemplo: peste bubônica/peste negra.)
  • Sífilis: outra DST que geralmente avança no corpo do hospedeiro pois os sintomas ficam por um determinado período de tempo e param, voltando depois de um tempo, mais fortes, param e assim por diante. Ataca os tecidos externos (genitália, pele do rosto, etc)
  • Difteria: as bactérias se instalam no sistema respiratório, criando placas brancas que chegam a obstruir a traquéia, causando asfixia e inflamações na traquéia.
  • Disenteria: principal sintoma é a diarréia, que é freqüente e pode causar desidratação.

Frase das Viroses:
  • CaHePoRe SaRou Da Gripe E De Febre amarela.
Catapora e Caxumba, Herpes e Hepatite, Poliomielite, Resfriado, Rubéola, Sarampo e SARS, AIDS, Gripe, Ebola, Dengue, Febre Amarela.

Algumas viroses (detalhadas):
  • Catapora: o vírus fica um período de tempo no corpo, manifestando-se pelas feridas em todo o corpo, até que o sistema imunológico o expulse. Só se pega catapora uma vez (ao não ser que haja uma baixa imunológica muito grande, permitindo o retorno do vírus). É branda em crianças e mais perigosa em adultos, podendo se instalar no Sistema Nervoso Central. Existe vacina preventiva.
  • Caxumba: os vírus se instalam na parte inferior do maxilar (abaixo das bochechas). A hiperatividade viral gera uma acúmulo de líquidos e uma inxação no local, que dificulta a deglutição e a respiração da pessoa. É transmitida pelo ar, só se tem uma vez e existe vacina preventiva (a tríplice viral).
  • Hepatite: ataca o fígado, causando a chamada icterícia (palidez), gerada pelo acúmulo de bilirubina que deveria ser degradada pelo fígado. Existem vários tipos, sendo A, B, C, D e E os principais. A e E são mais brandas, B (acompanhada da D) e C são fortes, podendo causar câncer no fígado e cirrose crônica. Todas podem ser transmitidas pelo sangue e a B pode ser por contato sexual e pode passar da mãe para o filho (problemas de formação do feto).
  • Poliomielite(paralisia infantil, que o Nei teve no ombro): o vírus acomete nos nervos motores, impedindo a chegada de impulsos nos membros periféricos, que atrofiam. Existe vacina e há tratamento no estágio inicial (caso do Nei, por exemplo). É uma doença que está quase sendo erradicada.
  • Refriado (diferente de gripe): tem vários sintomas (febre, tosse, nariz entupido, garganta inflamada), geralmente brandos e que o sistema imunológico atua eficazmente, junto com xaropes, soro, etc.
  • Gripe (diferente de resfriado): causa uma baixa imunológica, cansaço (mais todos os sintomas do resfriado reforçados). Existe uma vacina feita através do vírus enfraquecido, que geralmente é recomendada para idosos e crianças e é proibido para aqueles que já estejam gripados, pois o vírus da vacina pode baixar ainda mais o sistema imunológico.
  • Sarampo: é uma espécie de catapora mais forte, com os sintomas de uma gripe forte mais feridas no rosto (que podem se espalhar pelo corpo). Causa inflamações em diversos tipos de tecido, podendo levar à morte. Vacina preventiva (tríplice viral) e tratamento através do fortalecimento do sistema imunológico e de antitérmicos (baixar a febre alta).
  • Rubéola: sintomas de gripe, brandos. Manchas pelo corpo (tóraz e abdômen, principalmente). O problema da rubéola é a rubéola congênita, passada da mãe grávida para o filho, que pode gerar má formação (surdez, catarata, microcefalia).
  • AIDS: DST, sem cura, apenas um tratamento através de um coquetel de medicamentos para fortalecimento do sistema imunológico, que é danificado extremamente pelo retrovírus. A AIDS sozinha não mata, mas abre espaço para as "doenças oportunistas", que passam pelo sistema imunológico fraco e infectam com muito mais força.
  • Ebola: o vírus degrada células dos vasos sanguíneos, gerando rompimentos e hemorragias. Deve ser tratada rapidamente, pois as hemorragias não demoram a se apresentar e o vírus se alastra muito rapidamente, o que explica os surtos de ebola em países da África, por exemplo.
  • Dengue: febre alta, desidratação. Se passa para o estágio mais avançado, causa lesões nas células dos vasos sanguíneos (dengue hemorrágica).

Algas unicelulares, Protozoários e protozooses

ALGAS UNICELULARES
Características gerais da algas:
  • podem ser unicelulares ou multicelulares;
  • são eucarióticas (núcleo organizado, com organelas membranosas);
  • têm parede celular (é ausente em uma minoria);
  • autotróficas (existem exceções);
  • vivem em ambientes aquáticos (grande maioria).
Filos das algas unicelulares:
  • Chlorophyta (algas verdes). Tipo de clorofila: a e b. Parede celular de celulose. Podem se relacionar com líquens e cnidários (relação = endosimbiose).
  • Bacillariophyta (diatomáceas, compõe grande parte do plâncton). Tipo de clorofila: a e c. Parede celular de sílica ou ausente (nesse caso, a diatomácea é coberta por uma "carapaça" feita de frústula, a chamada "areia de diatomáceas", que muitas vezes se encontra no substrato, podendo indicar a presença de petróleo no local.
  • Chrisophyta (algas douradas). Tipo de clorofila: a e c. Parede celular de celulose ou sílica.
  • Dinophyta (dinoflagelados, causam o efeito da "maré vermelha" quando têm sua população muito grande. Possuem flagelos, o que aumenta sua movimentação entre os níveis do plâncton). Tipo de clorofila: a e c. Parede celular de celulose. Fazem relações de endosimbiose com protozoários, cnidários, platelmintos e moluscos.
  • Euglenophyta (euglenas). Tipo de clorofila: a e b ou ausente. Parede celular ausente. São flagelados; têm comportamento heterotrófico (se alimentam de micropartículas em suspensão na água).
Reprodução das algas unicelulares:
  • Assexuada (divisão binária = mitose);
  • Sexuada [meiose zigótica: sofre meiose e uma das partes n (zigoto) se junta com uma parte n (zigoto) de outra alga que tenha sofrido meiose].

PROTOZOÁRIOS
Características gerais:
  • Parte do reino Protoctista, antigo reino Protista.
  • São unicelulares;
  • eucarióticos (núcleo organizado, com organelas membranosas);
  • heterotróficos;
  • podem ser encontrados isolados ou em colônias (da mesma espécie);
  • podem ser parasitas, de vida livre, mutualistas...
Organizam-se em 6 filos (divisão mais recentemente aceita), que se diferenciam pela forma de locomoção:
  • Rhizopoda ou Sarcodina: possuem uma projeção da membrana plasmática (pseudópode), que lhes dá certo movimento (movimento amebóide). Exemplo: amebas.
  • Mastigophora ou Flagelata: possuem flagelos. Exemplo: tripanossomas.
  • Cilliophora ou Cilliata: possuem movimento ciliar (diversos cílios na parte inferior). Exemplo: paramécio (parecido com um chinelo).
  • Sporozoa ou Apicomplexa: movimentam-se de acordo com o meio (água, hospedeiro). São parasitas. Exemplo: plasmódeo.
  • Actinopoda: movimento através de pseudópodes espinhais prolongados. Eram agrupados juntamente com os Sarcodina.
  • Foraminífera: movimentam-se através dos pseudópodes e possuem uma carapaça concêntrica.
Estruturas corporais:
  • Vacúolos contráteis e pulsáteis: atuam no controle osmótico (evitam a entrada excessiva de água, o que poderia matar a célula. Como são unicelulares, a morte celular é a própria morte do indivíduo.).
  • Citóstoma (espécie de boca: responsável pela ingestão de alimento).
  • Citopígio: eliminação de resíduos.
Reprodução:
  • Assexuada: divisão binária simples (um gera dois, que geram quatro) ou múltipla (o mesmo indivíduo inicial gera diversas outras células a partir de seu núcleo e seu citoplasma).
  • Sexuada: por conjugação (criação de micronúcleos e macronúcleos através do núcleo principal. Dois indivíduos com micronúcleos fazem trocas e os macronúcleos se degeneram). Cabe lembrar que, assim como nas bactérias, a conjugação não é bem uma reprodução, já que não origina novos indivíduos, mas apenas um processo de recombinação gênica.

PROTOZOOSES
  • AMEBÍASE: causada pela Estameba histolítica. Principal sintoma: diarréia (ataca o trato digestivo, podendo levar à desidratação).
  • LEISHIMANIOSE (CUTÂNEA): causada pela Leishimania brasiliensis. Vetor: mosquito phlebotomus (palha, birigüi). Causa a degradação de tecidos da pele.
  • LEISHIMANIOSE (VISCERAL OU CALAZAR): causada pela Leishimania donovani. Transmissão e sintomas similares à leishimaniose cutânea, mas ataca os tecidos internos.
  • DOENÇA DE CHAGAS: agente etiológico = tripanossoma crusi. Vetor: barbeiro. Causa inflamação das fibras musculares cardíacas, podendo gerar de arritmia cardíaca a insuficiência cardíaca (parada) e morte.
  • TRICOMONÍASE: agente etiológico = Tricomonas vaginalis. Ataca a genitália, especialmente feminina e pode ser transmitida pelo ato sexual (é uma DST).
  • GIARDÍASE: agente etiológico = Giardia lamblia, que chega ao hospedeiro através da ingestão de cistos. Sintoma: diarréia (ataca o trato digestório do homem e de outros mamíferos).
  • MALÁRIA: Plasmodium sp. (sp = podem ser quatro terminações diferentes, dependendo da espécie do plasmódeo). Vetor: mosquito prego. Causa desgaste do fígado. O principal sintoma é a febre alta, graças à alta liberação de quinina na corrente sanguínea.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Artes Cênicas

Esse resumo é apenas cópia do caderno!

MANIFESTAÇÕES CÊNICAS POPULARES
Características gerais:
  • falas improvisadas
  • interpretação espontânea
  • versatilidade artística
  • utilização de música e de dança
  • presença de elementos circenses
  • personagens fixos
  • farsa
  • caracterização exagerada (máscaras/maquiagem)
  • ritmo intenso
  • tradição familiar (hereditária)
  • tradição mambembe
Exemplos de manifestações cênicas populares:
  • Farsa ou fébula Atelana (Roma, século II a. C.)
  • Saltimbancos (Idade Média)
  • Comédia Del'Arte (Itália, século XVII)
  • Bumba-meu-boi, cavalo marinho, mamulengo (Brasil - folclore)

COMÉDIA DE COSTUMES
Crítica aos valores morais cultuados pela sociedade ou por algum grupo.

Início: Grécia (Menandro, Comédia Nova - séc III a.C.)
Roma (Plauto e Terêncio)

Classicismo: Inglaterra (Shakespeare - séc XVI)
França (Moliére - séc XVI/XVII)

Romantismo: França (Beaumarchais, Marivoux - sécs XVIII e XIX)
Brasil (Martins Pena - séc XIX)

Realismo: França (Feydau, Scribe, Labiche - séc XIX)
Brasil (Artur Azevedo - séc XIX)

Atualmente: filmes do Woody Allen, seriados de TV (friends, a grande família, sex and the city...)


TEATRO ILUMINISTA
(século XVIII)
Características gerais:
  • aborda o racionalismo, contrapondo-o com a religiosidade;
  • traz uma relativização do pensamento;
  • mostra a fragmentação do conhecimento (expansão das áreas de conhecimento, ciências);
  • individualização do ser humano (valorização do 'eu').

TEATRO ROMÂNTICO
(sécs XVIII/XIX)
Características gerais:
  • Expressão do sentimento do artista (individualismo, sentimentalismo);
  • Idealização (do amor, da mulher, da morte, da nação);
  • Medievalismo (valorização dos ideais do cavaleiro medieval).
Principais autores e obras:
  • Vitor Hugo ("Os miseráveis")
  • Alexandre Dumas ("O conde de Monte Cristo");
  • Goethe ("Fausto", "O sofrimento do jovem Werther").
*Romantismo no Brasil:
  • 1808: D. João manda construir vários teatros;
  • o sentimento nacionalista começa a surgir nos brasileiros;
  • 1838: o romantismo inicia no teatro brasileiro com a tragédia "Antônio Poeta ou O poeta e a Inquisição", de Gonçalves de Magalhães;
  • além de serem espaços cênicos, os teatros se transformaram em centros de discussões acerca de temas como a abolição da escravatura, proclamação da república, exploração extrangeira, etc.
Autores brasileiros e obras:
  • Gonçalves Dias ("Leonor de Mendonça", "Patkull");
  • Álvares de Azevedo ("Macário");
  • Castro Alves ("Gonzaga" ou "A revolução das minas")

MARTINS PENA
  • 1º autor de comédia autenticamente brasileiro;
  • Apesar de estar inserido cronologicamente no Romantismo, seus textos apresentam características contrárias à essa escola;
  • "Juiz de Paz na roça" = 1ª comédia com temática nacional;
Na obra, ele mostra:
  • um retrato satírico da sociedade;
  • sertanejo x urbano;
  • estrangeiros e estrangeirismos (querer imitar a realidade européia, idolatria dos costumes europeus);
  • confusões familiares;
  • casamentos arranjados;
  • amores proibidos;
  • profissionais corruptos;
  • disfarces;
  • quiprocós (confusões, mentiras, mal-entendidos);
  • Deus ex machina (uma solução para todos os problemas no final da obra, mesmo que seja impossível. Exemplo: 'quem casa quer casa').

Os EUA e o Imperialismo em 1890-1914

Novamente: texto extraído do blog do professor Cássio e "reduzido" por Mateus Félix.


O contexto internacional em 1890-1914

Fase final da era da supremacia mundial européia


Principais potências mundiais eram da Europa: Grã-Bretanha (hegemonia marítima), Alemanha, França e Rússia. Os EUA estavam em ascensão e tinham se transformado na maior potência industrial do mundo e em uma de suas grandes potências navais


Auge do imperialismo europeu

Expansão da segunda revolução industrial (química eletricidade, petróleo) e do capitalismo financeiro-monopolista, caracterizado pela exportação de capital (investimentos, empréstimos no exterior).

Visão predominante na época: para uma potência ser poderosa, rica e respeitada, ela precisava possuir um império colonial que lhe fornecesse mercados, matérias-primas, áreas para investir seu capital, bases navais e militares e prestígio internacional. Isso provocou uma corrida imperialista por colônias na África e Ásia e por influência econômica sobre a América Latina.


2. O imperialismo americano em 1890-1914

O ideal imperialista era encabeçado pelos warhawks ("falcões de guerra", da época da 2ª guerra de independência, que queriam a anexação do Canadá) e pela imprensa chauvinista (patriotismo exagerado, idealista).
Alvos dos grupos imperialistas: América Latina (principalmente o Caribe, América Central e México) e o Extremo Oriente/Oceano Pacífico (Hawaii e outras ilhas; para garantir o acesso ao mercado chinês e japonês).

Estratégia defendida pelos imperialistas:
  • Reduzir e restringir a influência da Europa na América Latina para estabelecer a hegemonia americana na região, utilizando-se da Doutrina Monroe ("América para os americanos") .
  • Aproximar-se dos países latino-americanos por meio da ideologia da solidariedade hemisférica e do pan-americanismo (cooperação, aliança e integração dos países americanos).
  • Intervenções militares e protetorados no Caribe (Cuba e Porto Rico, por exemplo), América Central e México para assegurar os interesses americanos.
  • Obter territórios e bases estratégicas no Pacífico e no Extremo Oriente

O Governo de William McKinley (1897-1901)

Anexação do Havaí: O país possuía uma monarquia nativa, derrubada por imigrantes americanos que se estabeleceram na ilha nas décadas anteriores e assumiram o poder em 1893. Cinco anos depois, 1898, o governo desses americanos no arquipélago aceitou a anexação pelos EUA.

Guerra Hispano-Americana: foi causada pelos interesses econômicos e estratégicos dos EUA em Cuba, que era a principal colônia espanhola no Caribe, especialmente graças à sua economia açucareira, mas era também dominada, em parte, por americanos que se estabeleceram ali, vindos especialmente da Flórida.

Em 1895 estorou a Guerra de Independência Cubana, causando violência e desordens que ameaçavam os negócios americanos na ilha. Por precaução, McKinley enviou o couraçado (navio de guerra) Maine para o porto de Havana (se fosse necessário, o Maine resgataria americanos, caso fossem ameaçados). Em fevereiro de 1898, por causa desconhecida, o Maine explodiu (existem versões que falam de minas no porto, de cubanos que se sentiam ameaçados com a presença do Maine e há até quem diga que os cubanos o explodiram para que os EUA se virassem contra os espanhóis, mas nada é comprovado). A opinião pública americana, instigada pela imprensa chauvinista e pelos grupos imperialistas, acusou os espanhóis de serem os responsáveis pelo fato. Em abril de 1898 os EUA reconheceram a independência de Cuba e entraram em guerra com a Espanha (de curta duração e eficaz). A Espanha, derrotada, cedeu aos EUA as Filipinas (Ásia), Guam (Pacífico) e Porto Rico (Caribe), que eram colônias espanholas.

A questão de Cuba

1898-1902 – ocupação americana de Cuba.
1901 – Emenda Platt na constituição cubana: EUA tinham o direito de intervenção militar no país (emenda abolida em 1934, com a revolução cubana).
1902 – independência oficial de Cuba, mas a ilha, na prática, virou uma "semicolônia" dos EUA, que ampliaram o domínio sobre a economia cubana.
1903 – Tratado Cubano-Americano: EUA arrendaram em caráter perpétuo a base militar de Guantánamo (controlada até hoje pelos americanos, pedra no sapato dos cubanos)


O governo de Theodore Roosevelt (1901-1909)


Corolário Roosevelt (corolário = adaptação da teoria) da Doutrina Monroe: direito de intervenção militar dos EUA no Caribe e América Central para proteger os interesses americanos e manter a ordem. Os países em crise de pagamento de dívidas externas teriam suas finanças públicas controladas e regularizadas pelos EUA para evitar a ação militar das potências européias credoras na região. Foia política do "Grande Porrete" ou Big Stick.


A questão do Panamá
: o Panamá era território da Colômbia, com grande importância estratégica: local ideal para a construção de um canal ligando o Atlântico ao Pacífico, evitando a longa volta pela costa da Améria do Sul. No final do século XIX, uma empresa francesa (a mesma construtora do canal de Suez, Egito) começou a construir o tal canal, mas não conseguiu concluí-lo. Roosevelt propôs completá-lo e arrendá-lo perpetuamente (controle americano). O presidente da Colômbia aceitou, mas o Senado colombiano rejeitou. Os EUA, então, incentivaram os movimentos de independência do Panamá (até então território da Colômbia) para que pudesse construir e controlar o Canal do Panamá.

O Panamá, que conseguiu sua independência em 1904 com a ajuda dos EUA, concedeu aos EUA um território para a construção do canal (a Zona do Canal) que ficaria sob controle americano em troca de um arrendamento perpétuo. O Panamá, então, transformou-se em um protetorado dos EUA. O Canal foi construído em 1907-1914 e a Zona do Canal virou, na prática, uma colônia americana (até 1999, data acertada em um acordo nos anos 70 para que cessasse o arrendamento).

Guerra de Secessão dos EUA

O texto à seguir foi tirado do blog do professor Cássio e foi "reduzido" por Mateus Félix.

A Guerra da Secessão (1861-1865)

A Guerra da Secessão foi a guerra civil americana entre os estados nortistas e os estados sulistas separatistas.

Motivos

A forte tradição de autonomia estadual: era muito forte a convicção nos estados americanos (sobretudo nos do Sul, escravistas) que a adesão aos EUA durante a independência era um ato voluntário. Isso implicava também no direito de secessão ou separação, caso a união não fosse mais vista como vantajosa aos interesses dos estados. Esse argumento foi central na decisão sulista de constituir um outro país separado do Norte, em 1860.

A Questão da Escravidão. A decisão de manter a escravidão ou aboli-la era responsabilidade dos estados, que tinham a autonomia nessa questão desde a independência. Os estados do Norte (capitalistas), não dependiam da escravidão e a aboliram, enquanto os estados do Sul , por dependerem dela em suas plantations, decidiram mantê-la. O desenvolvimento industrial do Norte na primeira metade do século XIX, com sua sociedade cada vez mais moderna e inspirada no liberalismo político, tendia a gerar um confronto com o escravismo no Sul. A escravidão sulista era cada vez mais criticada pelos nortistas como um regime atrasado, obstáculo à modernização dos EUA. Com efeito, na década de 1850 o movimento abolicionista cresceu e uma visão simpática aos negros expandiu-se.


A Questão Tarifária. Os estados sulistas tinham poucas indústrias e eram importadores de produtos industriais, defendendo o livre-comércio. Os estados nortistas, ao contrário, defendiam o protecionismo alfandegário contra a concorrência estrangeira.

A Questão do Oeste. Sulistas e nortistas disputavam o status dos novos estados do Oeste, que determinaria o equilíbrio entre as bancadas parlamentares abolicionistas e escravistas no Congresso, favorecendo ou não a proibição da escravidão. Pelo Ato do Kansas-Nebraska (1854), esses estados poderiam optar pela adoção do trabalho escravo, contrariando os acordos anteriores.

A radicalização do movimento abolicionista (1854-1860). Surgiram sociedades secretas que ajudavam a fuga de escravos e organizações políticas que pressionavam pela intervenção federal contra a escravidão. Em 1854, foi criado o Partido Republicano, defensor da abolição. Os republicanos cresceram eleitoralmente em 1855-1860, assustando os sulistas, o que aumentou a tensão na relação entre as duas regiões.

Em 1860, o candidato do Partido Republicano, senador Abraham Lincoln, venceu as eleições presidenciais, alarmando o Sul. Temendo que Lincoln abolisse a escravidão, sete estados sulistas, sob iniciativa da Carolina do Sul, resolveram separar-se dos EUA (dezembro 1860) antes que ele tomasse posse (março 1861). Os estados separatistas (Mississipi, Flórida, Geórgia, Alabama, Louisiana e Texas, além da Carolina do Sul) formaram um novo país, os Estados Confederados da América ou Confederação e elegeram Jefferson Davis presidente. Lincoln tomou posse e, embora tentasse uma conciliação, afirmou que a União – a unidade política dos EUA e o nome pelos quais ficaram conhecidos os estados nortistas – era perpétua. A Confederação manteve-se irredutível e, em abril de 1861, forças sulistas e nortistas entraram em confronto pela posse do Forte Sumter, em Charleston, na Carolina do Sul, guarnecido por soldados da União. Era o início da Guerra da Secessão, que deixou o país dividido: em maio, outros quatro estados sulistas aderiram à Confederação: Virgínia, Carolina do Norte, Tennessee e Arkansas, elevando para onze o número de estados separatistas. Mas os estados escravistas de Delaware, Maryland, Kentucky e Missouri apoiaram a União, assim como a parte ocidental da Virgínia. (Uma parte do exército sulista era leal à União, o que dificultou a situação para os sulistas.)

O conflito militar

As forças do Sul. A Confederação possuía 9 milhões de habitantes, sendo 4 milhões de escravos. Começou a guerra com 35 mil soldados e chegou a mobilizar mais de 700 mil. Tinha a vantagem de possuir melhores oficiais do que o Norte e contar com apoio da Grã-Bretanha e da França, que lhe forneceram armas. Mas não possuía quase nenhuma base industrial (os armamentos eram, em sua maioria, importados), tinha menos recursos financeiros e uma população menor do que a da União.

As forças do Norte. A União possuía 22 milhões de habitantes. Iniciou a guerra com 19 mil soldados mas conseguiu nos anos seguintes recrutar mais de 1,5 milhões. O apoio dos estados do Oeste, a sua base industrial (já a terceira maior do mundo, inclusive belicamente), sua rede ferroviária, seu poder financeiro e o tamanho da sua população foram decisivos para sua vitória a longo prazo.

Em um primeiro momento, a vantagem militar esteve com os sulistas mas com tempo a União fez sentir a sua superioridade numérica, econômica e moral:
(I) os portos do Sul foram bloqueados pela marinha do Norte, impedindo o contato com a Grã-Bretanha e a França;
(II) Lincoln lançou a Proclamação da Emancipação (setembro 1862) declarando livres os escravos dos estados rebeldes(sulistas, contra a União), legitimando a guerra como uma campanha justa contra a escravidão e mobilizando os negros do Norte contra a Confederação;
(III) a estratégia militar do general Ulysses S. Grant, Comandante-Chefe da União, de destruição do território sulista, enfraquecendo o moral dos rebeldes, e de atacar continuamente e sem descanso o exército confederado (comandadas por Robert E. Lee), sem se preocupar com as perdas nortistas.
A partir de 1864, as principais cidades do sul foram tomadas e incendiadas, incluindo Richmond, a capital da Confederação, em abril de 1865 . No mesmo mês da queda de Richmond, as forças sulistas se renderam, derrotadas. A mais violenta guerra da história dos EUA matou 620 mil americanos (360 mil da União e 260 mil da Confederação) e deixou 500 mil feridos.

Conseqüências

A vitória do Norte restaurou a unidade territorial dos EUA, aboliu a escravidão em todo o país (13a Emenda à Constituição, em 1865, ampliando a Proclamação da Emancipação) e permitiu um grande desenvolvimento do capitalismo industrial americano nas décadas seguintes. Contudo, os escravos libertados não receberam ajuda do Estado e a maioria esmagadora continuou vivendo na pobreza, ficando marginalizada politicamente. Além disso, o ressentimento sulista, sobretudo a ação de aventureiros nortistas a procura de cargos políticos no Sul com apoio dos negros, refletiu-se no aparecimento de grupos terroristas racistas (a Ku Klux Klan) e na criação de leis que segregavam os negros dos brancos, negando-lhes vários direitos. Além disso, o inconformismo com a derrota da Confederação levou um sulista radical a assassinar Lincoln em um espetáculo teatral, em Washington (14 abril 1865).

Período Napoleônico

Com o Golpe do 18 Brumário, Napoleão Bonaparte dissolve o Diretório e aclama o Consulado. Durante o consulado, Napoleão governa com outros dois cônsules, girondinos: o consulado é feito com a burguesia e para a burguesia, consolidando as conquistas burguesas alcançadas na Revolução Francesa.

Nos primeiros anos de consulado, Napoleão assina dois tratados importantes:
  • Tratado de paz com a Inglaterra(1802): assinado na cidade de Amiens, a "Paz de Amiens" decidia que a França não expandisse seu território pela Europa e que a Inglaterra não estimulasse guerras reacionárias contra a França.
  • Concordata de 1801: assinaram Napoleão e a Igreja Católica. A Igreja aceitava as perdas de bens ocorrida na Revolução, aceitava que a nomeação de bispos e cardeais só se desse com a aprovação de Napoleão e concordava que as Bulas Papais não teriam validade no território francês sem a autorização de Napoleão. Fato: a igreja só aceita a Concordata de 1801 porque não tinha apoio da nobreza, que outrora defendia seus interesses e, assim, não tinha mais muita força na França e teve de aceitar as condições de Napoleão.
Das reformas de Napoleão, enquanto cônsul, podemos citar:
  • administrativa: os funcionários não mais seriam escolhidos pela sua ascendência nem sua origem, mas pelo seus méritos. Napoleão também criou instituições que aumentaram a eficácia burocrática do governo.
  • econômica: estimulou a produção agrícula e manufatureira, criou o Banco da França e estabeleceu o franco como moeda (até a chegada do euro).
  • ensino: estabeleceu ensino público e gratuito, separando-o em Básico (voltado para o aprendizado prático de técnicas de trabalho e produção) e Secundário, os liceus (formava os funcionários do governo).
  • legislativo: criou o Código Civil, o Código de Napoleão, com 1500 artigos (1486 defendendo a propriedade, a família e os direitos da mulher e 14 proibindo sindicatos e greves).
  • voto universal: estabelecido em 1803, com o propósito de realizar um plebiscito popular para aclamá-lo Imperador Napoleão I (episódio da auto-coroação: retira a coroa do papa, indicando a submissão da Igreja à Napoleão).
1804: acaba o consulado, começa o Império. Napoleão reforma toda a infra-estrutura do país. Medidas de centralização(1808):
  • acabou com as assembléias provinciais, controladas pela burguesia local;
  • estabeleceu a Censura à imprensa;
  • tornou obrigatório o alistamento militar;
  • aumentou os impostos.
Tais medidas enfraqueceram a imagem de Napoleão, internamente.

À partir de 1805, verificamos a política expansionista de Napoleão
(Guerras Napoleônicas):
  • 1805: Napoleão ataca a Prússia. A Inglaterra, vendo que Napoleão quebra o tratado de Amiens, convoca a 3ª Coligação contra a França (Inglaterra, Rússia, Áustria e Suécia). Guerras territorias e batalhas navais são travadas. Com exército superior, Napoleão anexa a Bélgica, a Suíça, a Holanda e parte norte da Itália. Com esquadras de navios franceses e espanhóis (aliados), Napoleão avança pelo estreito de Gibraltar, mas é surpreendido pela esquadra do Almirante Nelson (Batalha de Trafalgar, vencida por Nelson).
  • 1806: Napoleão, que não conseguiu invadir a Inglaterra, decreta o Bloqueio Continental, proibindo os países sob seu poder de comercializar com a Inglaterra.
  • 1807: contra o Bloqueio, a Inglaterra convoca a 4ª Coligação. Napoleão vence e anexa o Sacro Império Romano-Germânico (transformada em Confederação do Reno), o Grão-Ducado de Varsóvia e parte da Áustria.
  • Napoleão, no mesmo ano, faz o ultimato a Portugal: se não aderir ao Bloqueio, será invadido e anexado. Dom João, regente de Portugal, assina um tratado secreto com a Inglaterra, que escorta a família real portuguesa para o Brasil (já era plano da família real vir para o Brasil, o ultimato foi apenas a gota d'água que faltava).
  • Ainda 1807: Napoleão impõe tratados de paz à Prússia e à Rússia, que aderiu ao Bloqueio.
  • 1808: Inglaterra e Áustria compõem a 5ª Coligação, novamente derrotada por Napoleão, que impõe tratado de paz à Áustria e se casa com a princesa austríaca (têm um filho).
  • 1809: Napoleão anexa a Espanha, sua aliada, depondo o rei Fernando e pondo José Bonaparte em seu lugar. A situação na espanha fica crítica graças aos abusos do exército de José Bonaparte; os espanhóis organizam-se em guerrilhas e atacam as patrulhas de soldados franceses.
  • 1812: a Rússia rompe com o Bloqueio, o que deixa Napoleão p. da vida: ele invade a Rússia com 600 mil homens, no inverno. Além do inverno rigoroso, os russos utilizavam a tática de "terra arrasada", que destruía as próprias cidades antes da chegada dos franceses, não deixando abrigo.
  • 1813: sobreviventes, grande parte ferida. Napoleão chega a Moscou e vence, mas com apenas 45 mil homensNapoleão bate em retirada e é preso antes de chegar ao Grão-Ducado de Varsóvia pela 6ª Coligação (finalmente vitoriosa!). A 6ª Coligação impõe a Napoleão o Tratado de Fontainebleau, aceitando sua renúncia e ficando restrito à ilha francesa de Elba, com 25 milhões de francos de "indenização" anuais.
  • 1814: Napoleão, que estava administrando e melhorando a estrutura da ilha de Elba, foge e consegue chegar a Paris. Luis XVIII foge e Napoleão governa por 100 dias (Governo dos 100 dias).
  • 1815: 7ª, e última, Coligação prende Napoleão em Paris e o exila na Ilha de Santa Helena, Caribe, onde Napoleão comete suicídio (existem controvérsias). Além de exilar Napoleão, a Coligação mata sua esposa e seu filho.

Congresso de Viena e Santa Aliança


Criado pela 6ª Coligação, o Congresso de Viena tinha o propósito de discutir e organizar a Europa pós-Napoleão. Contudo, com o governo dos 100 dias de Napoleão, o congresso foi suspenso (não faz sentido discutir a Europa sem Napoleão com o Napoleão nela!). Depois do exílio de Napoleão, reuniram-se novamente Inglaterra, Áustria, Prússia, Rússia, Espanha, Portugal e França, com o objetivo de restaurar as monarquias absolutistas e as fronteiras como eram antes das guerras napoleônicas. Baseava-se em 3 princípios básicos:
  1. Legitimidade (manter os territórios e as monarquias legítimas de cada país);
  2. Equilíbrio Europeu (restaurar e devolver aos conquistados as suas posses);
  3. Compensação (compensação dos países vencedores por perdas de guerra: alguns territórios foram divididos0.
A Santa Aliança foi uma união de forças internacionais européias com o propósito de impedir revoluções, tanto na Europa quanto nas colônias da América.

O Congresso de Viena foi um congresso conservador, reacionário, que teve, juntamente com a Santa Aliança, uma "validade" de 15 anos, aproximadamente. Isso porque, depois desse período, vieram novas revoluções na Europa toda que não puderam ser contidas.


Significado Histórico: através do Código de Napoleão, os ideais burgueses da revolução Francesa se consolidaram na França e se espalharam pela Europa.

Revolução Francesa - Partes I (revisada) e II

..."ela é uma espécie de marco fundamental da sociedade capitalista."
..."a Revolução Francesa é considerada 'o modelo clássico de revolução democrático-burguesa'. Modelo, talvez porque pode e deve servir de exemplo ou mesmo de matriz para outros movimentos revolucionários, o que demonstra profunda ignorância das condições peculiares a cada época ou espaço. Clássico, talvez porque resistiu à deterioração que normalmente atinge os acontecimentos históricos. Democrático, talvez porque suas palavras de ordem (liberdade, igualdade, fraternidade) tencionavam assegurar princípios de respeito aos direitos de cada um, como bem supremo fundador da nação moderna. Finalmente, burguesa, certamente porque - como sua própria história demonstrou a seu tempo - sua reprodução imaginária ajuda a deter propostas de mudanças efetivas."
(trechos do livro As revoluções burguesas, páginas 50 e 51.)



A Revolução Francesa do século XVIII é considerada como sendo a mais importante revolução burguesa da História, servindo de modelo para posteriores revoluções burguesas européias. Foi assim tão importante por ter acabado, definitivamente, com o Antigo Regime Absolutista e com os entraves restantes que ligavam a sociedade francesa ao Feudalismo medieval. Ela, juntamente com a Revolução Industrial, marca o fim da Idade Moderna e o início da Idade Contemporânea.

Para entendermos como se desenrolou o processo revolucionário, temos que analisar a situação de crise estrutural do Estado, da economia e da sociedade francesas.

  • CRISE POLÍTICA: A imagem do Rei estava ficando cada vez mais desgastada, juntamente com o Estado Absolutista. Isto se deve, em parte, pelas mudanças ideológicas racionalistas (Iluminismo) que pregavam contra a concentração do poder e contra o luxo dos monarcas. A sociedade não mais via no Rei o representante máximo e absoluto da nação.

  • CRISE ECONÔMICA: A França tinha sua economia baseada, especialmente, na produção agrícola e esta sofria com os problemas climáticos e com o esgotamento das forças produtivas (a terra estava concentrada e as condições de trabalho eram péssimas para os servos). Isso provocou quedas de produção, que levaram à carência de produtos, à alta dos preços e à inflação.
Para tentar conter a inflação, o Estado, em 1786, assinou com a Inglaterra o Tratado de Panos e Vinhos, importando grande quantidade destes produtos ingleses para abastecer o mercado. Por um período, a inflação se estabilizou, mas a balança comercial ficou deficitária com o grande volume de importações e o desemprego aumentou em larga escala.
Não obstante, o Estado estava falido, necessitando de empréstimos regulares de outros países. Tal falência se deve à participação da França em guerras. Outra grande fonte de dívidas era a grande quantidade de privilegiados que não pagavam impostos e, ainda por cima, recebiam do Estado para viverem luxuosamente. Ao falar de luxo, não podemos deixar de citar, é claro, os próprios monarcas.

  • CRISE SOCIAL: O desemprego e a miséria eram muito grandes, em especial nas cidades. Os camponeses mantiveram seus empregos, mas às custas de enormes dívidas para com os senhores. A sociedade francesa ainda era organizada na forma feudal (em castas = Estados), o que gerava maior desigualdade social e econômica. Os Estados eram três:

  • 1º Estado: Alto Clero (não paga impostos)
  • 2º Estado: Nobreza (não paga impostos)
  • 3º Estado: servidão, campesinato, burgueses, "sans cullotes". Este estado paga impostos e sustenta, assim, os dois outros Estados. O 3º Estado, revolucionário, é heterogêneo, o que explica as distintas fases da Revolução (burguesa, popular, burguesa).


Somando as crises, podemos ver como estava a situação pré-revolucionária. O rei, considerando apenas o aspecto financeiro da crise estrutural, fez diversas trocas no Ministério das Finanças. Convém listar aqui alguns dos Ministros elegidos e demitidos por Sua Majestade:
  • Tirgot: fisiocrata, propôs profundas mudanças no sistema produtivo francês, mudanças estas que não foram bem vistas pelo rei conservador. Foi demitido.
  • Callone: foi o "puxa-saco" do rei. Propôs que propriedades fossem confiscadas para a Coroa e que fosse criado um imposto para os 1º e 2º Estados. Para isso, convocou a Assembléia dos Notáveis (37 membros representando o Clero e a nobreza). A Assembléia se negou a pagar, ameaçando pegar em armas se preciso para continuar sem impostos (1787). O Rei, assustado com esta reação, demite Callone.
  • Brienne (cardeal): "queridinho" de Maria Antonieta, foi taxado de corrupto e ficou famoso pelo caso do colar de diamantes que deu à Maria Antonieta sem fazer o depósito combinado com o ourives suíço. Maria Antonieta quase foi taxada de ladra e Brienne foi demitido.
  • Necker: burguês que não queria assumir o cargo mas o fez por pressão real. Em 1789, com planos arriscados para aprovar uma majoração de impostos, Necker convocou a Assembléia dos Estados Gerais. O Alto Clero compareceu com cerca de 290 membros, a nobreza com cerca de 270 e os burgueses compareceram em 600. O voto tradicional, por membro, não ajudaria o rei, já que os burgueses estavam em número superior. O rei, numa manobra que praticamente decretou seu fracasso, estabeleceu o voto por Estado (o clero e a nobreza votariam a favor e a burguesia contra; 2 a 1 a favor da majoração). Ao ouvir tal decisão, os 600 burgueses, com o apoio de 15 clérigos e 37 nobres, retiraram-se do salão da reunião e se instalaram no Salão do Jogo da Pela, ao lado. Esses 600 burgueses, 15 clérigos e 37 nobres formaram, então, uma Assembléia Constituinte (9 de julho de 1789), que só sairia daquele salão com uma Constituição, reduzindo os poderes do Rei. Tal Assembléia marca o início da Revolução.
Em 14 de julho de 1789, milícias populares invadiram e tomaram a Bastilha, prisão política, símbolo do Absolutismo. Havia apenas sete prisioneiros comuns, mas as milícias se apossaram dos estoques de armamento e munição que possibilitaram a seqüência da Revolução.
Simultaneamente, camponeses instauraram um clima tenso no campo, invadindo castelos para queimar os documentos que comprovavam dívidas com os senhores. Muitos castelos e senhores feudais queimados. Esse período de instabilidade e violência no campo recebeu o nome de "o grande medo" de 1789.


FASES DA REVOLUÇÃO

  • Assembléia Nacional Constituinte: formada pelos 600 burgueses, 15 clérigos e 37 nobres, estabeleceram uma Monarquia Constitucional, aboliram a servidão, eliminaram a divisão estamental (3 estados), redigiram a Declaração Civil do Clero (tirando privilégios) e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, sob o lema da igualdade e da liberdade. A nobreza e o clero ficaram apavorados com as insurreições e, grande parte, fugiu do país: suas terras, vazias, foram colocadas à venda pelo preço de mercado (alto, só a burguesia poderia comprar). A Constituinte não conseguiu parar a inflação galopante dos tempos de Luís XVI, o que gerava aumento constante de preços e insatisfação popular. Os demais países europeus estavam apavorados perante a situação na França (grande parte dos países era absolutista). Prússia e Áustria decidiram, então, criar a 1ª Coligação contra a França, com intuito de invadir o país e restaurar o absolutismo. A burguesia francesa, querendo manter-se no poder, convoca o povo com a aclamação "Pátria em Perigo"(invoca o sentimento nacionalista revolucionário). O povo, armado, venceu a 1ª Coligação e, em 1792, liderado pelos Jacobinos (mais politizados das camadas populares), depôs a burguesia do poder, dando início à fase popular da Revolução.
  • Convenção Nacional: os Jacobinos sobem ao poder, criando a Convenção Nacional (espécie de Parlamento, dominado pelas camadas populares). Os representantes da convenção eram escolhidos pelo povo, através do voto universal masculino. A Convenção dividia-se em três alas: à esquerda, os da Montanha (jacobinos); no centro, os da Planície (pequena burguesia e nobreza) e, à direita, os Girondinos (alta burguesia).
DETALHE: é dessa época que vem a denominação dos partidos "de direita", "de centro" ou "de esquerda", de acordo com a mentalidade da Revolução Francesa.

Em 1793, a Convenção vota uma Nova Constituição, instaurando a República na França, instituindo o ensino público e gratuito, a abolição da escravatura em todos os territórios franceses e teve como lema: liberdade, igualdade e fraternidade. Criou, também, instituições ligadas à resolução dos problemas econômicos e estruturais do país, como os Comitês de Salvação Nacional, de Abastecimento, etc. Juntamente, foram criados os famosos e temidos Tribunais Revolucionários, que julgavam as acusações de traição à França e à Revolução (Luís XVI e Mª Antonieta foram condenados); todos os opositores também foram condenados. Essa fase foi conhecida como a Fase do Terror.

Para controlar a Inflação, os jacobinos instituiram a Lei do Preço Máximo, que limitava o aumento dos preços. A burguesia, enfurecida, boicotou o abastecimento de produtos, o que gerou a carência de produtos, fome, miséria e insatisfação do povo. Os jacobinos tinham três propostas de resposta ao boicote: Marat propôs a expropriação da produção da burguesia, Danton propôs uma negociação com os burgueses e Robespierre (principal líder jacobino) sugeriu que se esperasse que as perdas da burguesia enfraquecessem o boicote. Robespierre também sugeriu que a burguesia fosse pressionada ideologicamente, denunciando suas práticas na Convenção. Em sua reunião, os três definiram que iam apoiar a proposta de Robespierre, mas cada um apoiou sua, o que enfraqueceu e dividiu a Montanha: aproveitando-se da situação, Gironda e Pântano depõe Robespierre (Reação Termidoriana, pois foi feita no mês Termidor, um dos meses do calendário revolucionário).

  • Diretório: com a Reação Termidoriana, os burgueses novamente chegam ao poder, reestituem o voto censitário e a escravidão nas colônias. Para tirar a água que estava à altura do pescoço dos burgueses, a Lei do Preço Máximo é anulada e a inflação dispara novamente. Insatisfeito, o povo apoia o movimento radical contra o Diretório, denominado Conspiração dos Iguais. O Diretório então, caça os elementos radicais e os executa sem julgamento (execuções sumárias, Fase do Terror Branco).
A França entra em guerra civil: o Diretório luta contra a Conspiração dos Iguais e, para piorar, surge um terceiro movimento reacionário, as Forças realistas, que queriam restaurar a monarquia (Luís XVIII). Em meio a essa guerra, surge uma 2ª Coligação contra a França (Áustria, Prússia e Rússia). A guerra civil fica mais fraca e o povo se organiza para defender a França. Napoleão, um dos generais mais brilhantes do exército francês, estava na Itália e foi chamado de volta. Napoleão retorna e posiciona parte de seus exércitos nas fronteiras, empurrando a 2ª Coligação. A outra parte do exército "pacificou" as brigas internas e, no dia 18 do mês revolucionário Brumário, Napoleão aplica um golpe de Estado, posicionando suas tropas nos portões do Diretório (Golpe do 18 Brumário). Por pressão da burguesia, Napoleão não pôde governar sozinho: criou um Consulado, sendo que seriam três cônsules: ele e outros dois da alta burguesia.


Iluminismo - REVISADO

O Iluminismo foi um movimento filosófico que se desenvolveu ao longo do século XVII e atingiu seu ápice na segunda metade do século XVIII, paralelamente às revoluções Americana e Francesa.

Pautado na razão , foi o canal que refletia as aspirações e os ideais da burguesia. O Iluminismo era contrário ao Absolutismo e todas as suas conseqüências, envolvendo a política, a religião, a economia e a sociedade da época.

Na política, o Iluminismo versava sobre uma sociedade onde todos fossem iguais perante a lei (Igualdade Jurídica) e sobre um poder limitado; surge a teoria o Estado dividido em Judiciário, Legislativo e Executivo (Estado tripartite, de Montesquieu).

Na religião, os iluministas negavam a necessidade de uma religião para a vida do homem. Essa teoria, denominada Deísmo, defendia a existência de um Deus que, racionalmente e de acordo com leis mecânicas, criou o universo e dotou o homem de razão, de tal forma que Ele não mais precisaria intervir na criação. O Deísmo NÃO é uma religião!

Na sociedade, os iluministas acreditavam que os homens eram todos da mesma espécie e, portanto, iguais em seu estado de natureza (Rousseau). Assim, eles justificavam a igualdade de todos perante a lei.

Na economia:
- Na França, surgiram os iluministas fisiocratas, que acreditavam que estava na terra toda a riqueza. Os fisiocratas eram contra a intervenção do Estado na economia e defendiam a livre produção e o livre comércio.
-Na Inglaterra, surgiu o Liberalismo Econômico, que acreditava que estava no trabalho toda a riqueza. Os liberalistas eram, assim como os fisiocratas, contrários à intervenção do Estado e defendiam livres produção e comércio. Além disso, elaboraram a "Lei da Oferta e da Procura", que diz que o mercado se auto-regula. Adam Smith, que escreveu o livro "A riqueza das nações", é considerado o Pai da Economia.

Os principais precursores (séc. XVI) do Iluminismo foram:
- Isaac Newton
- Renè Descartes ("Discurso do Método"). É dele a teoria da universalidade da razão (todos são dotados igualmente de razão).
- John Locke (direito natural: vida, liberdade, propriedade).

Os principais iluministas (séc. XVII):
  • Voltaire, principal deísta, foi um crítico acirrado da nobreza e do clero franceses. Foi muito influenciado pelos ideais da Revolução Inglesa, apoiando o sistema de Monarquia Parlamentar.
  • Montesquieu foi quem criou a teoria do estado tripartite (legislativo, judiciário e executivo). Baseava essa teoria na idéia de que "somente o poder detém o poder", fazendo com que o poder fosse dividido e, não, concentrado.
  • Rousseau foi o iluminista que mais questionou o Iluminismo em si. Ele acreditava que a razão é sim, muito importante mas dizia que a emoção é, também, muito importante se utilizada em favor da perpetuação da espécie humana. Ele questiona a propriedade privada (origem da desigualdade) e o Estado, dizendo que o ser humano é bom em seu estado natural. Foi ele quem mais influenciou as camadas populares francesas.

Revolução Industrial - REVISADO

  • Primeiramente, por que esse movimento ganha o nome de Revolução?

Entende-se, por Revolução Industrial, que ocorreram mudanças drásticas e profundas em estruturas da sociedade; estruturas econômicas, sociais e técnicas, principalmente. Estas mudanças foram tão profundas e tão drásticas que tornaram possível a consolidação de um novo modo de produção, o Capitalismo; fizeram surgir uma nova classe, o Proletariado e transformou a máquina no principal meio de produção (instrumento de produção).

  • Quais foram as condições necessárias e favoráveis à Revolução?

Comecemos com a condição SINE QUA NON (sem a qual não haveria a Revolução): a acumulação intensa e acelerada de capitais pela burguesia inglesa desde a época do Mercantilismo (Dinastia Tudor,Elizabeth I, cercamentos, terras concentradas, liberação de mão-de-obra - século XVI) e ainda mais acelerada com a Revolução Inglesa (século XVII), que deu à burguesia os mecanismos políticos e aumentou sua liberdade econômica com a criação de instituições como o Banco da Inglaterra e de leis favoráveis à burguesia.

Depois disso, podemos citar as mudanças ideológicas que ocorriam no século XII, com a Revolução Científica, que criaram uma nova mentalidade sobre o homem e o mundo. Atenta à mudanças

Na Inglaterra, especificamente, existiam condições naturais favoráveis à introdução e ao desenvolvimento do capitalismo: havia, na época, abundância de mão-de-obra livre e barata (a liberação de mão-de-obra ocorreu na época dos cercamentos). Juntamente com a mão-de-obra, os cercamentos/arrendamentos disponibilizavam as matérias primas e havia, simultaneamente, abundância de recursos naturais (minérios), que seriam utilizados nas máquinas e, depois, até como combustível das próprias máquinas (carvão, por exemplo). Para encerrar, existia um mercado consumidor com quem a burguesia poderia fazer comércio. Todas essas condições, juntas, permitiram à Inglaterra permanecer, durante um século como a única nação industrializada do globo.

  • Como ocorreu e ocorre o processo de industrialização dos meios de produção?

Desde o início da revolução Industrial, o processo fabril (industrial) vem substituindo o trabalho doméstico e manual. Isso ocorre através da inserção da máquina no processo não mais como instrumento auxiliar na produção, mas como principal agente da produção.

  • Fases:

  • 1ª Revolução Industrial (1760 a 1860):

É justamente o primeiro século, onde somente a Inglaterra era industrializada ("Oficina do mundo"). As principais e primeiras indústrias que surgiram foram: metalúrgica, siderúrgica e têxtil, impulsionadas especialmente pela grande quantidade de matéria prima. O principal material utilizado era o ferro e a energia inicialmente utilizada era a hidráulica, sendo depois implementada pela energia do vapor.

  • 2ª Revolução Industrial (1860 a 1945):

A industrialização se expande para parte da Europa (França, Holanda, Bélgica, Áustria, Itália, Alemanha), para o extremo Oriente (Japão) e para a nova potência na América (EUA). Destacam-se: a indústria química, a petroquímica, motores a combustão , eletricidade, transportes, comunicação e bélica (desenvolvidas especialmente na Segunda Guerra). O ferro é, em parte, substituído pelo aço, que tem certas vantagens no uso e na transformação em produto. A energia a vapor é ultrapassada pela energia elétrica e pela proveniente do petróleo.

  • 3ª Revolução Industrial (à partir de 1945):

A se espalha pelo mundo todo, atingindo os países menos desenvolvidos. A tecnologia utilizada é mais refinada , exigindo materiais como fibras óticas, chips, entre outros. Com a demanda de energia ainda maior que na 2ª Revolução e com a necessidade de buscar novas fontes energéticas, surgem energias alternativas, principalmente a energia nuclear.


  • Principais transformações

A mais evidente é a consolidação do modo de produção capitalista. Nesse contexto, existem os que têm a propriedade dos meios de produção e os que não têm nada além da própria força de trabalho, que é vendida por troca de um salário. Podemos escrever, então, o capitalismo como sendo consequência da relação capital X trabalho. Marx conclui que, em tal relação, deve ser levada em conta a mais-valia. A mais-valia consiste em pagar menos por um trabalho do que este realmente vale, gerando lucro para quem vende e prejuízo para quem produz. Marx caracteriza a mais-valia como exploração; exploração esta responsável pela concentração de renda e aumento da desigualdade.

As demais transformações, como o surgimento do proletariado, o aumento da produção e dos mercados consumidores, a consolidação da divisão social do trabalho, o surgimento da Divisão Internacional do Trabalho, os movimentos trabalhistas , as leis trabalhistas, as atuais condições de trabalho, o neocolonialismo e o consumismo exacerbado dos dias de hoje, entre outras tranformações, são, direta ou indiretamente, consequências da relação capital X trabalho.

Revolução Inglesa - REVISADO

Revolução Burguesa: ascensão da Burguesia ao poder político e à sua consolidação econômica de maneira drástica e violenta, gerando uma sociedade guiada pelos interesses burgueses.

A Revolução Inglesa do século XVII foi uma revolução burguesa que pode ser explicada em dois momentos (ou duas Revoluções distintas): Revolução Puritana e Revolução Gloriosa.Distinções entre as duas fases:

- Liderança: na Puritana, os líderes eram da média burguesia e calvinistas (principal: Oliver Crommwell). Já na Gloriosa, a alta burguesia é quem lidera.

-Participação popular: na Puritana, o povo tem importância ímpar ao lutar no Novo Exército Modelo (New Model Army). Na Gloriosa, o povo fica de lado, especialmente por não concordar mais com os ideais burgueses.

-Luta: guerra civil, movimentos políticos dentro do Exército e derramamento de sangue marcaram a Rev. Puritana enquanto que, na Gloriosa, o derramamento de sangue foi muito menor por terem sido utilizados meios políticos para a derrubada do regime regente.


Contexto histórico da Revolução Inglesa

Voltando um século, para o XVI, nos deparamos com a Dinastia Tudor no trono. Durante seu reinado, podemos observar os acontecimentos que deram à burguesia as condições necessárias para, um século depois, efetuar sua revolução: o anglicanismo, o mercantilismo, os saques e a pirataria, que geraram a acumulação de capitais e o desenvolvimento e crescimento da burguesia. São criados os monopólios da Coroa - produtos que só podiam ser comercializados pela Coroa.

Depois dos Tudor, os Stuartsubiram ao trono (século XVII). Os Stuart tendiam para um lado mais católico do anglicanismo, procuravam manter os privilégios absolutistas da Coroa e da nobreza, ampliaram os monopólios da Coroa e fizeram uma política de aumento constante de impostos. Uma das únicas medidas que podemos citar que, de certa forma, favoreceu a burguesia, foi a generalização dos cercamentos e aumento do número de arrendamentos. Nesses cercamentos e arrendamentos podemos observar burgueses e a gentry, média nobreza que estava mais ligada com a burguesia mercante que com a própria nobreza.

No ano de 1625, após a morte de Jaime I, ascende ao trono Carlos I. Em 1626, o rei convoca o Parlamento a fim de aumentar os impostos. O Parlamento ficou dividido: a Câmara dos Comuns (burgueses), foi contra a majoração; a Câmara dos Lordes (nobres) aprovou, com exceção da gentry. O rei, vendo o impasse, dissolve o Parlamento e aumenta os impostos. Mesmo dissolvido, o Parlamento endereça ao rei a Petição dos Direitos, documento que exige que o Parlamento seja sempre consultado em relação a aumento de impostos, que o Parlamento seja permanente e controle o Exército. O rei não legitima a Petição e o Parlamento fica inativo até 1640. Nesse ano, o norte da Inglaterra é invadido por nobres escoceses e Carlos I convoca o Parlamento para a criação de um novo imposto para bancar a guerra. Novamente o Parlamento entra num impasse: a nobreza tradicional apóia o imposto enquanto a burguesia e a gentry dizem não. Carlos I tenta dissolver o Parlamento, mas os burgueses, liderados por Oliver Crommwell, montam um exército (os Cabeças-Redondas) para enfrentar o rei e a nobreza tradicional (Exército dos Cavaleiros). Começa aí, efetivamente, a Revolução Puritana. Esse conflito ganha novas dimensões quando, em 1642, Crommwell reúne o povo no Novo Exército Modelo (New Army Model).

- Novo Exército Modelo:

Liderado por Crommwell, o Novo Exército Modelo era composto pelas camadas populares. Crommwell, embora calvinista radical (puritano), não exigia que os que lutassem em seu exército se convertessem. Sua única exigência era que se submetessem à rígida disciplina com que comandava suas tropas.Durante a guerra, surgiram dois grupos dentro do exército que tinham ideais mais radicais que os ideais burgueses: os diggers (escavadores, ou true levellers) e os levellers (niveladores). Os diggers buscavam a coletivização das terras e chegaram a ocupar certos territórios durante a guerra. Foram executados por ordem de Crommwell. Já os levellers não eram tão radicais em relação às terras. Buscavam direitos iguais para todos e reclamavam uma mudança do sistema monárquico para um governo republicano. Alguns foram executados, mas os principais foram mandados para lutar na Escócia.

Em 1648, o Novo Exército Modelo derrota de vez os Exércitos Reais e Carlos I é preso. Um ano depois, por pressão das camadas populares mais politizadas, Crommwell ordena a decapitação do rei. IMPORTANTE LEMBRAR que nunca foi intenção do Parlamento derrubar o rei. Apenas queriam uma diminuição de sua autoridade. A situação só chegou aonde chegou por pressão das camadas populares.

Instaurou-se então, em 1649, a República de Crommwell. Vale ressaltar que o nome "república" era apenas fachada e que Crommwell governou com poderes quase ilimitados: foi dado a ele, pelo Parlamento, o título de Lorde Protetor. Título este que Crommwell tornou hereditário. Crommwell expropriou terras da Igreja e da nobreza tradicional, liberando mais terras para a burguesia e para a gentry; estimulou os cercamentos e acabou com os monopólios da Coroa, abrindo mais espaço para o comércio burguês. Mas, das ações de Crommwell, devemos destacar:

- 1651: Atos de Navegação

A instituição dos Atos de Navegação permitiu que a Inglaterra se tornasse a potência hegemônica no século XVIII. Através desses Atos, apenas navios ingleses poderiam fazer o transporte de mercadorias entre a Inglaterra e suas colônias.

- 1653: Ditadura de Crommwell

Fecha-se o Parlamento (ou Longo Parlamento, pois durava desde 1640). Os elementos politizados do exército (remanescentes dos diggers e levellers) são eliminados, de acordo com os interesses da burguesia e da gentry. Não inativo, o Parlamento idealiza uma Constituição para limitar os poderes de Crommwell, mas ele morre antes do documento ficar pronto (1658).

Fica, então, com o título de ditador, Richard Crommwell (filho de Oliver). A burguesia não vê Richard com bons olhos: ele não tinha controle sobre as camadas mais radicais do exército, o que poderia significar uma possível revolta popular. A burguesia então derruba Richard e põe no poder Carlos II, filho do decapitado Carlos I. Começa aí um processo chamado de Restauração Monárquica (1660-1688).

Carlos II, não tendo poderes para restaurar seus privilégios políticos, começa uma série de perseguições religiosas. (Lembrando que, sendo um Stuart, Carlos II tendia à corrente mais católica do anglicanismo. Logo, ele perseguiu os calvinistas.) Morre em 1685 e deixa ao filho, Jaime II, o trono.

Jaime II, tentou recuperar privilégios políticos absolutistas. A alta burguesia, que não dependia de quem estivesse no trono para governar, mas temia as conseqüências do autoritarismo de Jaime II, articula sua sucessão. Manda então, para Maria Stuart (filha de Jaime II, sucessora legítima) e para seu marido (Guilherme D'Orange, ou simplesmente Guilherme III) a Declaração dos Direitos (1688), documento que os tornava rainha e rei da Inglaterra, submetendo-os ao Parlamento. Eles, então, aceitam as condições e Guilherme invade Londres (1688-1689, cerca de oito meses) e é aclamado, pela burguesia, rei da Inglaterra, não deixando nenhuma escolha para Jaime II a não ser se retirar do trono. Termina aí a Restauração Monárquica, coincidindo com a chamada Revolução Gloriosa (assim chamada pela burguesia por não haver expressivo derramamento de sangue) e com a instituição da Monarquia Parlamentar Inglesa ("O Rei reina e o Parlamento governa.")

- Relação entre as duas fases:

A Revolução Puritana e os trinta anos em que Crommwell permaneceu no poder deram à burguesia os instrumentos políticos e fortaleceu os instrumentos econômicos necessários para, em oito meses, derrubar um rei e colocar outro em seu lugar sem necessidade de um exército nem, muito menos, de participação e/ou aprovação popular.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Filosofia - Resumão

Terceira etapa: matéria acumulativa

- Origens do pensamento moderno (caderno)
- maquiavel (pág. 233 a 237)
- Hobbes (pág. 238 a 241)
- Liberalismo ( pág. 245 e 246)
- Locke ( pág. 246 a 248)
- Descartes (1ª, 2ª e 4ª parte do discurso do método)
- Francis Bacon (pág 132 e 133)
- Ceticismo/dogmatismo (pág. 52 a 56)


Origens do pensamento moderno

Quatro movimentos principais podem ser citados quando se pergunta o que originou a filosofia moderna:
  • O Renascimento: representa a quebra com a filosofia escolástica tomista da Idade Média, que tinha Deus no centro de tudo (teocentrismo). O Renascimento, através das Artes e dos avanços nos estudos naturais, põe o homem no centro de tudo (antropocentrismo), valorizando o racionalismo humano acima da fé cega.
  • A Reforma Protestante: para reforçar os renascentistas, os protestantes quebram com as idéias da Igreja Católica, individualizando a religião, dando a liberdade de interpretação das Escrituras e questionando a autoridade da Igreja.
  • O advento dos Estados Nacionais: a centralização dos governos, dos pesos e medidas, das instituições, tudo isso faz com que os países nascentes ganhem força e maior independência: os exércitos, os impostos, a lei e as fronteiras são controladas pelo Estado, não mais pela Igreja ou por grupos minoritários de senhores feudais.
  • A Revolução Científica: valorização exacerbada da razão acima da fé, da emoção, dos sentimentos. Surgem métodos científicos, ciências (matemática, por exemplo). Quatro personagens emblemáticos na Revolução das Ciências: Copérnico (teoria do heliocentrismo), Galileu (comprovação do heliocentrismo), Kepler (lei das órbitas dos planetas) e Newton (leis mecânicas e lógicas que regem o Universo).


Maquiavel

Florenciano, viveu no século XVI e um dos idealizadores da unificação dos reinos italianos. Escreveu o livro "O Príncipe" e dedicou a Florenço de Médici, um dos reis mais poderosos da Itália. "O Príncipe" é uma espécie de manual de governo: ele defende duas formas de governo como sendo as ideais: Monarquia Nova (não-hereditária) e República (contrariando a idéia de Aristóteles, que acreditava que existiam três formas possíveis: monarquia, aristocracia ou politéia...não vêm ao caso agora). Na Monarquia Nova, Maquiavel diz que o bom príncipe deve ter qualidades tais como:
  • Virtù e Fortuna: virtù = virtude, conhecimento. O bom príncipe deve saber como chegar ao poder, como governar e manter sua estabilidade através de suas qualidades como chefe de Estado. A fortuna é o acaso: a junção dos acontecimentos que permitem a chegada ao poder. Um príncipe virtuoso sem fortuna não chega ao poder e o príncipe afortunado e sem virtù chega ao poder mas não é capaz de mantê-lo. Melhor, para Maquiavel, é ter os dois, mas preferir a virtù.
  • Amor e temor: melhor ser amado e temido, mas preferir ser temido, pois o temor é unilateral.
Principal aspecto de "O Príncipe", para a prova: Secularização do Estado, que é a diferenciação da moral política da moral religiosa, ou seja, os valores que regem a moral religiosa não devem atrapalhar o Estado em sua função de garantir o Bem Geral do Estado.



Thomas Hobbes


Inglês, viveu no século XVII, em meio às guerras civis da Revolução Inglesa, foi defensor do Absolutismo, pois acreditava que o homem, em seu estado de natureza, é mau e egoísta, o que gera sempre ao estado de guerra. Tal estado só pode ser evitado se o povo abrir mão de sua liberdade individual e se submeter, politicamente, a um governo que detenha poderes absolutos que o tornem capaz de garantir, ao povo, a paz e a vida. Tal acordo (de servidão política) entre Estado e povo chama-se Contrato Social, que Hobbes expõe em seu livro "O Leviatã". Leviatã é um monstro formado por uma cabeça e um corpo feito com vários corpos humanos, segurando um cetro e uma espada: o leviatã é o Estado, a cabeça é o rei (ou o Parlamento com poderes absolutos) e o corpo é o povo; mesmo que se corte uma parte do corpo, desde que se mantenha a cabeça, o corpo não rui.
Frases de Hobbes: "O homem é o lobo do homem" (estado de natureza mau e egoísta)
"Minha mãe pariu gêmeos: eu e o medo." (medo das guerras civis inglesas)



Liberalismo (páginas 245 e 246)

Liberalismo é o conjunto de idéias levantadas por filósofos desde o século XVII que visava favorecer os interesses das burguesia em ascendência na Europa. Pode ser dividido em:
  • Liberalismo ético: valoriza o trabalho e, conseqüentemente o lucro; prega a liberdade religiosa (o protestantismo, que pregava o lucro, estava em expansão) e a liberdade de pensamento;
  • Liberalismo econômico: prega a não-intervenção do Estado na economia (para que a burguesia não tenha que prestar contas ao Estado e possa se desenvolver mais rapidamente), a livre concorrência (que gera queda nos preços e evita os monopólios) e a auto-regulação do mercado (sem necessidade de intervenção estatal ou de instituições privadas).
  • Liberalismo político: faz uma dura crítica ao absolutismo (que é uma forma de governo imposta à população, sem direito de escolha), crítica ao direito divino dos reis (já que não há fundamento científico para manter essa teoria) e apoio ao voto censitário (de acordo com a renda, já que a burguesia mantinha grande parte da renda).





John Locke
(páginas 246 a 248)

Contextualizando:
Inglês, viveu no século XVII em meio às mudanças Revolução Inglesa. Locke foi um dos idealizadores da Revolução Gloriosa que colocou Guilherme de Orange e Maria Stuart no poder, instituindo a Monarquia Parlamentar Inglesa (presente até hoje). Suas idéias influenciaram amplamente os ideais de independência dos Estados Unidos.

Principais idéias/teses:
Contrariando Hobbes, Locke considera que o homem, em seu estado de natureza, não é egoísta e não tende à guerra, como defendia Hobbes. Com isso, Locke vai contra o Absolutismo, propondo (e instituindo, na Inglaterra) uma monarquia parlamentar, onde o poder não se encontra concentrado. Locke é, assim como Hobbes, contratualista, ou seja, ele defende a idéia de que há, entre o Estado e a sociedade como um todo, um contrato que deve ser respeitado para proveito de ambos os lados. Para Hobbes, nesse contrato social o povo abre mão de sua liberdade (o povo entra numa "servidão" política) para que o Estado possa garantir a vida, a paz e a "liberdade" coletiva; Locke acha que o povo não tem de abrir mão da liberdade (tendo direito à participação política e à revolta, se preciso fosse, contra um Estado opressor) e que o Estado, agindo pelo povo, deve garantir esta liberdade, a vida e a propriedade privada (ele considerava estes três direitos como sendo direitos naturais - jus naturalis - inerentes à natureza e à dignidade do homem). Cabe lembrar que, sendo burguês, ele defendia a propriedade daqueles que já a possuíam, ou seja, aqueles que não a possuíam não teriam direito a ela - tal teoria é extremamente elitista, apesar de liberal.




Correntes filosóficas da modernidade -


1. Ceticismo x Dogmatismo (páginas 52 a 56)
Ceticismo, pelo Dicionário Filosófico, é a concepção segunda a qual o conhecimento do real é impossível à razão humana; o homem deve renunciar às suas certezas (verdades). Cético é todo aquele que questiona todas as idéias conhecidas como verdades, caindo assim numa realidade onde nada é certo, inclusive a própria existência. O ceticismo criticava/critica, em especial, os dogmas: verdades absolutas presentes em certos campos científicos, na religião, na sociedade e na política. Iam contra esse dogmatismo também porque os dogmas nem sempre têm base racional ou lógica, não podendo ser provados exceto por concepções além da razão (fé, por exemplo). Céticos famosos: Pirro de Élida (Antiguidade Clássica) e De La Montaigne.


2. Empirismo
Doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual toda certeza deriva da experiência, da comprovação. Principais empiristas: John Locke, Francis Bacon e David Hume.

3. Racionalismo (páginas 130 e 131, Filosofando)
Doutrina que privilegia a razão dentre todas as faculdades humanas, considerando-a fundamento de todo conhecimento possível. Racionalista de maior renome: René Descartes ("Cogito ergo sum").


Racionalismo - Descartes

Contextualizando: (páginas 5 a 13, Discurso do Método)
Nascido em 1596, o filósofo francês René Descartes estudou, quando jovem, no colégio jesuíta La Flèche, um dos melhores, se não o melhor, colégio de toda a Europa, na época. Largou o colégio aos 19 anos, em 1615, para viajar pela Europa com o intuito de descobrir outras culturas, outras verdades, pois acreditava que não havia aprendido no colégio a verdade propriamente dita, mas, sim, uma repetição dos ensinamentos dos antigos, desde a Idade Média. Serviu no exército de Maurício de Nassau e, depois da carreira militar, dedicou-se à filosofia. Nas suas viagens, escreveu (mais famosos) "Discurso do Método", "Paixões da alma", "Princípios de Filosofia" e "Meditações metafísicas", sendo estes dois últimos numa linguagem mais acadêmica, enquanto os outros dois são obras escritas para a compreensão de um público menos douto, mais leigo.


-Bom senso ou razão (páginas 17 a 19 e 37 a 46, Discurso do Método)
Descartes acredita que o bom senso ou razão (ele não distingue) é a capacidade melhor compartilhada, de tal maneira que todos os homens tem igual capacidade de diferenciar o verdadeiro do falso (universalidade da razão). Apenas a utilização ou aplicação da razão é que mudam de acordo com costume, religião, crenças, dogmas e, muitas vezes, tais diferenciações no uso da razão criam conflitos entre os homens, muitas vezes baseados em motivos irracionais. É para evitar tais conflitos de idéias que Descartes procura criar um método universal baseado na razão (independente da cultura, época, religião, crença, sexo que seja utilizado) para guiar a razão, de forma a escapar do erro (ele fala que o erro é consequência do uso equivocado da razão). O método tem como objetivo alcançar a verdade plena, a partir de questionamentos sobre as verdades instituídas como tal (a dúvida é uma das principais bases do método).

Do Método:
Regras para se evitar o erro (2ª parte)
  • Evidência: "Jamais aceitar uma coisa como verdadeira que eu não soubesse ser evidente como tal";
  • Análise: "Dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas partes quantas possíveis e quantas necessárias para melhor resolvê-las";
  • Síntese: "Conduzir por ordem meus pensamentos, a começar pelos objetos mais fáceis de serem conhecidos, para galgar, pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento dos mais complexos";
  • Revisão: "Fazer em toda parte enumerações tão complexas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada ter omitido.

Prova racional da existência de Deus (4ª parte)
  • Idéia de perfeição: como a idéia de perfeição não origina dos nossos sentidos, já que somos seres imperfeitos, ela deve ter outra origem. Ela só pode ter sido incutida em nós por um ser perfeito, o qual Descartes reconhece como sendo Deus. Assim, ele prova racionalmente que a idéia de perfeição é divina.
  • Idéia de infinito: para que um ser seja perfeito, ele tem de ter todas as suas características perfeitas. Como Deus é "infinito", Deus é, também, infinitamente perfeito. Se ele é infinitamente perfeito, seguindo a idéia que temos de perfeição, ele não pode ser um Deus enganador. Se Deus não é enganador, logo todas as coisas do mundo, incluindo o homem, existem.
  • Ponte: é a partir da certeza de que Deus é infinitamente perfeito e de que as coisas, por conseguinte, são reais, que Descartes consegue analisar as idéias através da dúvida e dizer se são errôneas ou não.
  • Juntando todas estas idéias, Descartes passa de um idealismo - no qual a única realidade é o pensamento e a dúvida - para um realismo, no qual a existência e inteligibilidade do mundo externo são garantidas pela existência de Deus.


Francis Bacon

Considerado, juntamente com Descartes, um dos fundadores do pensamento moderno, especialmente por suas teorias em torno do empirismo (método experimental, comprovação das verdades através da experiência e da repetição, da criação de hipóteses e da verificação através de testes). Assim como os filósofos de seu tempo, ele critica e quebra com a filosofia escolástica (São Tomás de Aquino, idade média). Defende o pensamento crítico e o progresso da ciência e da técnica com o objetivo de facilitar o controle da natureza em benefício do homem.

Em seu livro "Novum Organum" (do latim, novo órgão), ele critica a o método dedutivo das ciências derivado do "Organon" (órgão) de Aristóteles. Como Descartes, cria um método para evitar o erro, um método indutivo que, com base em observações, permite o conhecimento do funcionamento da natureza e, observando a regularidade entre os fenômenos e estabelecendo relações entre eles, permite elaborar leis científicas (generalizações dedutivas). A base desse método é livrar-se de preconceitos, ilusões e superstições (isso, para ele, são os ídolos: distorções ou ilusões que "bloqueiam a mente humana"). Os ídolos podem ser:
  • Ídolos da tribo: são as ilusões/distorções provenientes da própria natureza humana. Ele compara a mente humana com um espelho: "O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente o raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe."
  • Ídolos da caverna: são as ilusões/distorções individuais. "Cada homem tem sua própria caverna".
  • Ídolos do foro ou do mercado: ilusões/distorções originadas da sociedade, das relações de troca de conhecimento (comunicação, discurso) entre os homens. "As palavras forçam o intelecto e perturbam por completo. E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias." Tais "palavras", para ele, são originadas da comunicação entre os homens.
  • Ídolos do teatro: ilusões/distorções geradas por doutrinas/dogmas filosóficos que criam realidades fictícias e convencionais a quem as impõe.

Erros no resumo, sugestões: mateus.felix@gmail.com


1ª e 2ª gerações da Poesia Romântica (Brasil)

Gerações do Romantismo: (página 62, Linguagens)


Só a poesia romântica, e não a prosa, pode ser separada em gerações. Isto porque somente na poesia há características específicas de cada geração (na prosa as características se repetem aleatoriamente em todas as fases/épocas). As três gerações de poetas românticos são:

  • primeira geração: marcada pelo nacionalismo (criação da identidade, separação política e ideológica de Portugal), pelo indianismo (idealização do índio semelhante ao medievalismo) e pela religiosidade (elevação do pensamento e da própria poesia a Deus). Destacam-se, nela, Gonçalves de Magalhães (marcou o início do romantismo brasileiro) e Gonçalves Dias (um dos maiores poetas românticos). (foto: Antônio Gonçalves Dias)


  • segunda geração: "ultra-romântica"; marcada por individualismo (esquece-se um pouco do nacionalismo, da realidade exterior: o foco é no "eu"), pessimismo (o distaciamento da realidade ou a falta de amor/compreensão cria um vazio, uma solidão: os poetas buscam consolo nos vícios -álcool, drogas, mulheres) e morbidez (depois da "ressaca emocional", os temas ganham caráter moribundo, escuro). Essa geração é também chamada de "mal-do-século"(drogas, satanismo, pessimismo, temas macabros, poetas suicidas). Temas comuns: a dúvida/dualismo, o tédio, a orgia (sexo, drogas, tinha rock'n roll?), a infância, o medo de amar (sentir-se culpado por desejar fazer atos impuros, lascivos com a mulher, considerada virginal, pura. Resumindo? Medo do pecado e culpa por querer pecar). Destacam-se: Álvares de Azevedo (o principal; fala de temas macabros, satânicos. Muito influenciado pelas obras do inglês Lord Byron), Junqueira Freire, Casemiro de Abreu, Fagundes Varela, todos tendo em comum o 'medo de amar'. (foto: Antônio Álvares de Azevedo)
  • terceira geração: Condereiros. (não cai)


Importante ressaltar que, apesar das características específicas variarem, é sempre forte no Romantismo a poesia lírica, de amor (a que propriamente denominamos hoje como "romântica"). Tal poesia, porém, agregava as outras características de cada geração; por exemplo, na primeira geração, a poesia lírica muitas vezes trazia, como eu lírico, um indígena (idealizado) ou, como fundo, a natureza brasileira (mesmo que idealizada, também) ou na segunda, falando de temas macabros, satânicos e, simultaneamente, falando da mulher amada e do pecado.

Dúvidas, erros no resumo: falar com félix.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Textos e interpretação

Os textos a seguir são os textos passados em sala pela professora Andréa, junto com alguns comentários dela.
METAMORFOSE
de Cassiano Ricardo

Meu avô foi buscar prata
mas a prata virou índio.

Meu avô foi buscar ouro
mas o ouro virou terra.

Meu avô foi buscar terra
mas a terra virou fronteira.

Meu avô ainda intrigado

foi modelar a fronteira.

E o Brasil tomou forma de harpa.


-
O texto conta, gradativamente, o processo histórico brasileiro, desde os colonizadores de 1500.
-"prata" (verso 1) representa o que os colonizadores esperavam encontrar no Brasil.
-"índio" (verso 2) representa o que eles realmente encontraram (inicialmente) no Brasil.
-"ouro" (verso 3) sintetiza o período do ciclo da mineração, século XVIII.
-"terra" (v.5) e "fronteira"(v.6) demonstram as lutas por terra (Canudos, por exemplo) e a reforma agrária.
-"modelar a fronteira" (v.8) é referente à ação dos bandeirantes e das entradas no processo expansionista brasileiro.
-"forma de harpa" é a aparência física do território brasileiro atual.

  • Relação do título com o texto: gradativamente, no texto, o autor conta o processo histórico de formação do território brasileiro. Nesse processo, mudanças ocorreram e são essas mudanças que o autor cita no título "metamorfose" (uma coisa virar outra). Assim ele sugere, poeticamente, a forma atual do espaço geográfico brasileiro: uma harpa.


GARE DO INFINITO
de Oswald de Andrade

Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai.


-
"gare"(título): plataforma, estação de embarque
-
"infinito" (título): se refere à vida após a morte (paraíso, inferno, além...)
- o homem e o carro no jardim representam, provavelmente, a morte que se aproxima, o carro funerário.
- o segundo parágrafo mostra a tentativa de espairecer, de diminuir a tristeza da morte do pai: a casa de doces, a figueira na janela.
- o terceiro parágrafo revela que, apesar de se mudarem e mudarem um pouco de vida e de rotina, ainda há o luto pela morte do pai ("a voz toda preta de mamãe" - preto=luto) e esperança de que ele tenha ido para um lugar melhor ( "ia me buscar para a reza do Anjo que carregou meu pai" - reza = pedido de salvação, de esperança).

  • "Comente o título": gare do infinito, provavelmente, simboliza a passagem tênue entre a vida e a morte (do pai, no caso). Nessa gare, nesse portão, estaria o Anjo (ou o próprio homem que esperava no jardim) para "carregar" o pai para a outra vida. Tal interpretação é confirmada pelo último parágrafo, em que os personagens rezam para o Anjo que carregou o pai do eu lírico.
(Como não há interpretação no caderno, essa não é da professora, e sim do Félix - sujeita a erros)



O BICHO
de Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

-o texto parte da poetização do cotidiano.
-há, a partir da terceira estrofe, uma gradação decrescente que leva como que a um "anticlímax"
-"meu Deus"(último verso), é uma apóstrofe: um vocativo carregado de subjetividade, envolvimento, emoção (é um apelo mais forte).

  • "Explique a visão do eu lírico diante da miséria": É uma visão subjetiva. No último verso, o eu lírico está emocionalmente envolvido e humanamente indignado com a desumanização (falta de dignidade, rebaixamento) imposta pela miséria.
  • "O que a apóstrofe 'meu Deus' expressa?": Ela expressa indignação e também contrapõe "Deus" (ente superior) e o homem, criando uma espécie de apelo/pedido, para que Deus mude a situação.

Erros no resumo ou textos que não estejam aqui, favor falar com o félix (mateus.felix@gmail.com)