quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Unidade III: A Sociologia Clássica

O conteúdo da prova de sociologia da Segunda Etapa engloba toda a unidade 3 do livro didático (vai do capítulo 4 ao 7). A partir do próprio nome da unidade e dos capítulos já se pode deduzir o conteúdo central de cada um, por isso os subtítulos do resumo serão os mesmos do início dos capítulos. Depois dessa enrolação toda, comecemos o que interessa (na verdade quase não interessa, mas tem que fazer prova mesmo, então...).

O título da unidade II é “A sociologia clássica", o que nos remete ao início da sociologia, à sua fundação como ciência e ao estabelecimento de suas regras e métodos iniciais, que se ramificaram. Dos primeiros sociólogos, destaquemos Auguste Comte (Positivismo), Durkheim (generalismo), Max Weber (Historiologia) e Karl Marx (estudo dos modos de produção e Socialismo).

A emergência do pensamento social em bases científicas (capítulo 4)

Novamente, olhemos para o título do capítulo. Pensamento social interpretemos como a própria sociologia, que começa a surgir como ciência, saindo da antiga base dos "achismos". O principal passo nessa cientifização do estudo da sociedade foi dado pelo pensador Auguste Comte, com o positivismo. Que é o positivismo? É tentar buscar, em leis naturais (como a biologia) e exatas (como a física), exemplos de leis gerais que guiam o estudo. Por exemplo: ao comparar a sociedade como um organismo, trazemos as leis biológicas para o pensamento social, podendo, assim, instituir leis semelhantes às leis naturais e exatas. Uma aplicação de tais métodos é visível no chamado Darwinismo social, que pega a lei evolucionista e aplica ao contexto imperialista europeu da época: assim como as espécies evoluem, as sociedades também evoluem e é papel do homem branco, que é mais desenvolvido, levar a civilização às outras culturas ("O fardo do homem branco"). Essa foi a justificativa utilizada por países como a Espanha, a França, a Inglaterra e a Bélgica ao explorar suas colônias na América, na Ásia e, especialmente, na África. Mas, esse pensamento era condenado pelo próprio Comte, que não tolerava que suas idéias fossem aplicadas na dominação de outras culturas. Tanto que, posteriormente, foram elaboradas teorias amplamente aceitas de que todos os seres humanos, por pertencerem à mesma espécie, são igualmente evoluídos.
Outra vertente do darwinismo social é aplicada internamente às comunidades, aonde o processo histórico mostra as mudanças nos meio de produção, na organização política etc. Isso é explicado, em parte, pela evolução do pensamento e das idéias, que segue o mesmo molde da evolução das espécies.

Resumindo o resumo: a contribuição de Comte para a sociologia foi, com o Positivismo, tentar aproximar o pensamento social das ciências, aplicando leis para o comportamento humano e colocando a sociologia como ciência social e dando-a o nome que tem.


A sociologia de Durkheim

Contrariando os demais, nesse capítulo não adianta quase nada olhar pro título. Quase nada, eu disse: dizer que Durkheim fazia sociologia quer dizer que ele vem depois de Comte, aproveitando os seus conceitos e elaborando novos.

Das idéias de Durkheim, podemos destacar:
• Influenciado diretamente pelas idéias positivistas, Durkheim busca uma maior cientifização da Sociologia, instituindo regras e métodos práticos para a análise do objeto de estudo da sociologia: o fato social. Fato social é tudo aquilo que faz parte de um comportamento padrão (geral) na sociedade. O crime, por exemplo, é um fato social, pois se repete metodicamente em todas as sociedades, em todos os momentos históricos e a reação contra o crime (a "justiça") também é um fato social que mantém e reforça os valores da sociedade. Os fatos sociais apresentam três características:
1. A coerção social: todo fato social é enraizado na sociedade e o indivíduo já nasce num meio aonde estão instituídos valores (morais, sociais, religiosos, de conduta...) e regras que devem ser seguidas. Caso o indivíduo fuja às regras, existem as punições, que podem ser "legais" (da lei) ou "espontâneas" (desaprovação dentrro de um grupo, causando até expulsão do grupo pertencente).
2. Exterioridade dos fatos sociais: os fatos sociais ocorrem independente da vontade ou do conhecimento do indivíduo, sendo que ele já chega ao mundo tendo que obedecer às regras existentes, sendo educado desde criança nos moldes da sociedade existente.
3. Generalidade: "é social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles; que ocorre em distintas sociedades, em um determinado momento ou ao longo do tempo."

Imparcialidade do cientista social (ou sociólogo) é um dos pontos fortes de Durkheim: ele defende que, para fazer uma análise profunda e objetiva de seus objetos de estudo, o cientista/pesquisador deve se despojar de todos os seus pressupostos (coisas que ele tem como verdade) e de todos os seus conceitos, ficando completamente alheio ao assunto, apenas analisando-o por fora. “Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como 'coisas', isto, objetos que lhe são exteriores."
Matemática estatística e análise quantitativo-qualitativa: ele, através de estudos de fatos sociais (como o suicídio), levanta uma estatística e considera-a como verdade, generalizando os fatos sociais a todos os indivíduos a partir dos dados analisados.
Dúvida metódica: questionando tudo o que é instituído como verdade (como Sócrates), distaciando-se do que é senso comum, crença popular, etc.
Fatos sociais normais ou patológicos: a definição de um fato social ser normal ou patológico depende do nível de complexidade da sociedade, sendo que "normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Os fatos patológicos, como as doenças, são considerados transitórios e excepcionais."
• Sobre o nível de complexidade ("evolução") das sociedades, Durkheim define que o ponto inicial de todas as sociedades é a horda ("forma social mais simples, igualitária", primitiva), partindo para outras organizações sociais (como a tribo e os clãs). Definiu então os estágios pelos quais passa uma sociedade em seu processo evolutivo: a solidariedade mecânica (aonde os valores são coletivos e os organismos são mais independentes dentro da sociedade - por meio da família, da religião e dos costumes; a vontade geral é valorizada) e a solidariedade orgânica (evolução da solidariedade mecânica através da evolução dos meios de produção e da divisão do trabalho, que torna os indivíduos mais interdependentes e menos ligados a costumes, tradições, o que deixa a consciência individual mais valorizada em relação à consciência coletiva.
Consciência coletiva: mais do que a soma das vontades individuais, são as "formas padronizadas de conduta e pensamento". É atemporal.


A contribuição de Max Weber (capítulo 6)

Novamente, o título não fala nada além do óbvio: que vamos ver Max Weber. Suas idéias são muito influenciadas pelo positivismo de Comte (assim como todos os primeiros sociólogos), mas ele quebra um pouco com as propostas de Durkheim. Primeiro porque Weber inova e coloca o aspecto histórico como determinante no processo de análise social (isso porque a Alemanha acaba de ser unificada e é necessário compreender os processos pelos quais isso ocorreu - "interesse pela história como ciência da integração, da memória e do nacionalismo"). O pensamento alemão então se definiu pelo interesse pela história e pelo reconhecimento da diversidade entre os povos, indivíduos, culturas, idéias, organizações sociais.
Durkheim colocava a sociedade como um organismo social, não se interessando pelos diversos processos históricos pelos quais esse organismo passa ao longo de sua evolução. Já para Weber, "a pesquisa histórica é essencial para a compreensão das sociedades. Essa pesquisa, baseada na coleta de documentos e no esforço interpretativo das fontes, permite um entendimento das diferenças sociais, que seriam, para Weber, de gênese e formação, e não de estágios de evolução", como diria Durkheim. Vimos que Weber se refere a um "esforço interpretativo das fontes' históricas, que é justamente outro fator que o diferencia de Durkheim e dos positivistas: ele acredita que 'uma sucessão de fatos históricos não faz sentido por si mesma. Para ele, todo historiador trabalha com dados esparsos e fragmentários." Por isso, ele crê que o sociólogo deva dar uma interpretação aos fatos para que, montando-os, façam sentido e levem a uma conclusão sobre a influência da história na formação da sociedade tal qual ela é. Sendo assim, ele não apóia a imparcialidade, como faziam os demais antes dele.
Novamente quebrando com Durkheim, Weber foca seu estudo não no coletivo, mas no individual. Ele não pega dados gerais para criar especulações sobre os indivíduos: ele parte do indivíduo em si (o agente social) e dá às ações do homem (ações sociais) um caráter intencional, ou seja, tudo o que o agente social realiza, tem sentido, tem objetivo; "estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos". Sendo assim, cabe ao cientista social procurar os possíveis sentidos para as ações humanas presentes na realidade social.
Seguindo seu raciocínio, Weber consegue explicar possíveis motivos do porquê da ética protestante levar à obtenção relativamente mais "fácil" de lucro: analisando a valorização do trabalho feita pela ética protestante, que vem desde a educação das crianças nas ciências exatas, no investimento do dinheiro, na poupança, na austeridade (o trabalho dignifica), ele entende que essa ética protestante aliada aos valores capitalistas (burgueses) possibilita um êxito maior na vida econômica e social (IMPORTANTE: ler os itens enumerados nas páginas 101/102, que falam justamente sobre o motivo da ética protestante auxiliar no modo capitalista).

Resumindo o resumo, versão 2.0: Weber foi importante para a sociologia por aliar o estudo social à análise histórica e ao seu método compreensivo, que envolve uma ligação do cientista social com os seus objetos de estudo, possibilitando várias possíveis interpretações da sociedade (contrário à imparcialidade do sociólogo).


Karl Marx e a história da exploração do homem

Agora, sim, podemos saber do que trata o capítulo pelo seu título. Se Marx fala da história da exploração do homem, é ÓBVIO que ele leva em consideração os processos históricos influenciando nos sociais e considera que o homem, ao longo da História, vem sendo explorado (pelo próprio homem, inclusive). A partir da idéia da exploração, ele cria a idéia de classes sociais e a diferença entre as classes (luta de classes), que existe desde sempre, de acordo com ele. Sendo assim, ele se propõe a criar mecanismos que acabem com as desigualdades (da sociedade capitalista) e criar um sistema livre de explorações: o socialismo.

Das idéias de Marx, podemos citar, resumidamente (drrrr, é um resumo!) as seguintes:
A dissociação dos meios de produção dos trabalhadores (chamada de alienação): com o capitalismo e a divisão do trabalho, quem realiza trabalho não é quem possui os meios de produção (as máquinas, por exemplo). Sendo assim, a força de trabalho vira um produto, uma mercadoria que é vendida ao dono das fábricas por troca do salário. O salário, para Marx, é a quantia que deve ser paga ao trabalhador pelo valor de seu trabalho mais o suficiente para seu sustento.
Mais-valia: aumento da jornada (tempo) de trabalho sem aumento do salário e sem aumento dos custos para o dono da fábrica, o que implica num aumento do trabalho sem aumento da remuneração, gerando opressão (resumindo: o patrão recebe por um trabalho não realizado por ele, mas por outros, que ele não está pagando, mas obtendo lucro).
Luta de classes: desde as primeiras sociedades, há sempre a noção de Estado ou alguma classe que detenha os excedentes da produção comunitária. Com os excedentes, a classe dominante, consegue se manter no poder, passando esse poder hereditariamente, sempre havendo essa classe dominante e uma classe que trabalha e sustenta a classe dominante no poder e isso ocorre desde os patrícios e plebeus, os senhores feudais e os servos até os capitalistas e os proletários. Ele defende que sempre existiram os opressores e os oprimidos, os dominantes e os dominados. Essa luta de classes sempre existiu e, de certa forma, é inevitável, pois uma classe existe em função da outra, embora ambas tenham objetivos diferentes.
Modo de produção: modo de produção é o conjunto de mecanismos econômicos e de produção que guia a sociedade e gera as classes (e a luta entre elas). Como os modos de produção influenciam diretamente na desenvoltura da sociedade como tal, estudar os modos de produção é importantíssimo para se analisar a sociedade (estudo dos modos de produção > materialismo histórico).
Socialismo científico: ou chamado comunismo, foi a alternativa criada por Marx ao capitalismo, que ele julgava ser um sistema baseado na desigualdade, que dissocia o trabalho do lucro, fazendo com que as classes fiquem cada vez mais distanciadas e, ocasionalmente, entrem em guerra, gerando o colapso do capitalismo. Marx chamou de científico para diferenciar-se dos socialistas utópicos, que queriam o fim do capitalismo e instituição da liberdade e da igualdade (fim da propriedade), sem haver luta entre as classes. Para Marx, isso não era possível, pois as classes sempre iriam manter suas diferenças. Era necessário acabar com as classes, através de uma revolução das classes oprimidas contra as opressoras, acabando com a propriedade privada (o que realmente aconteceu na Rússia em 1917). No comunismo, não há classes nem propriedade privada, tudo pertence a um Estado que gerencia as propriedades de modo a garantir a liberdade coletiva e a igualdade. Mais posteriormente, o comunismo deveria evoluir para um anarquismo (sociedade sem Estado), com uma sociedade autogestora (que se autogoverna).

É isso aí, galera. Ficou meio vago o resumo, qualquer dúvida quanto a matéria ou se acharem erros no resumo, vou estar no MSN depois das 20h30min, hoje. Add aí: mfdsm@hotmail.com.
Boas provas!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Iluminismo e Iluministas

A parte de Iluminismo foi retirada do último resumo:

Iluminismo Filosofia das Luzes, Ilustração (ou Ilustracionismo) ou Iluminismo foi um movimento filosófico do século XVII que influenciou muito a Revolução Francesa e os processos de Independência das colônias européias na América e tinha, como principas idéias:
  • o domínio da razão sobre a emoção/fé (razão = luz - Iluminismo);
  • questionamento das verdades instituídas, através do uso da razão;
  • desenvolvimento das ciências (explicação racional das coisas; Enciclopédia);
  • a liberdade de produção e comércio (liberalismo econômico);
  • o fim do Absolutismo, do Mercantilismo e do Colonialismo;
  • o fim da sociedade estamental (dividida em castas; em especial a sociedade francesa pré-Revolução Francesa);
  • Secularização do Estado (distinção entre moral religiosa e moral política);
  • uma sociedade laica (Estado separado da Igreja-principalmente a Católica, na época; sem religião oficial);
  • igualdade jurídica (todos os homens são iguais perante a Lei);
  • divisão do poder estatal e possibilidade de ascensão política/social.
  • outras besteirinhas que a Paula falou na sala mas eu devia estar dormindo.

Dentre os
Iluministas, podemos citar: Voltaire (deísta: acreditava na existência de um Deus racional que dotou o homem de razão, que o capacita para se auto-governar, sem necessidade de intervenção divina na criação), Diderot e D'Alambert (enciclopedistas:colocaram o conhecimento no papel, desde os tipos de peruca para se usar na praia até a construção de projetos arquitetônicos - tipo uma Barsa da época), Montesquieu (elaborou a teoria do Estado Tripartite: divisão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, com objetivo de desconcentrar o poder) e Rousseau (iluminista mais questionador e com idéias mais revolucionárias ,que instigaram o povo francês na Revolução Francesa; defendia a República, o sufrágio (voto) universal, a fraternidade, aabolição da escravidão e o fim das diferenças sociais -lema: liberdade, igualdade e fraternidade).

Antecedentes históricos e teóricos do Iluminismo: Racionalismo (razão acima da emoção/fé), Revolução Científica (com Newton, Kepler, Copérnico, Galileu e outros, estabeleceram-se leis gerais sobre o funcionamento do universo, trazendo o conhecimento para a área científica), as idéias políticas de Secularização do Estado, de Maquiavel; as contestações à soberania da Igreja Católica e do poder da fé na vida das pessoas (essas contestações aparecem desde a Reforma Protestante até o racionalismo e empirismo, com John Locke) e a Revolução Gloriosa que inspirou politicamente os iluministas (divisão do poder, fim do Absolutismo). Todo e qualquer movimento que fale sobre o fim do absolutismo e sobre a importância da razão antes do Iluminismo pode ser considerado um precursor deste.


Agora os Iluministas tratados nessa etapa:
  • Voltaire: François Marie Arouet, ou Voltaire (como ficou conhecido) foi um grande divulgador dos ideais iluministas pré-Revolução Francesa, através de seus textos e, também, de suas peças de teatro. Além de todas as características básicas dos Iluministas (valorização da razão, etc) e de ser um forte defensor do Deísmo, Voltaire defendia a liberdade de expressão (na época, o governo Absolutista controlava órgãos de censura) e era totalmente contrário ao uso da violência como forma de mudança social (ele acreditava em meios pacíficos, mesmo que fossem lentos - resumindo, era um viadinho!). Por seus ideias, o governo mandou-o para o exílio na Holanda e, posteriormente, na Inglaterra, aonde aprofundou/reavaliou suas teses e simpatizou com a forma de governo inglesa: a Monarquia constitucional ou parlamentar, aonde há participação, mesmo que indireta, do povo nos meios políticos e o poder não é concentrado.
  • Montesquieu: de origem nobre, Montesquieu ficou especialmente famoso pelas suas teses políticas, além da defesa dos principais pontos iluministas. Para ele, a razão deveria guiar também as leis da sociedade, por mais que estas sejam fruto do momento histórico, político e social da mesma sociedade. Em seus livros "Cartas Persas" e, principalmente, "O Espírito das Leis", ele defende a tese da desconcentração política, dividindo o poder do Estado em três Poderes (Legislativo, Judiciário e Executivo), com poderes iguais, sem que um possa ser superior a outro. As leis, assim, seriam fruto do pensamento coletivo e racional, levando em consideração os ensejos do povo e o que realmente leva ao "bem geral da nação".

  • Rousseau: Jean-Jacques Rousseau é considerado o iluminista de maior relevo e importância, sendo ele o que mais se afasta da linha geral de supervalorização da razão. Ele dá à razão a mesma importância da emoção, e às vezes até importância maior à emoção (por isso ele é considerado precursor do Romantismo).
Entre as principais idéias de Rousseau, podemos destacar também aquelas que contrastam com Hobbes. Enquanto Hobbes acreditava no poder absoluto do rei/parlamento para domar os instintos ruins do homem (estado de natureza = mau/egoísta), Rousseau se baseava numa forma de governo que viesse da soberania do povo (República), pois acreditava na "bondade" do homem (estado de natureza = bom), que foi corrompido pela sociedade (mais especificamente pela propriedade privada, "fonte da desigualdade"). Seus textos revolucionários ("O contrato social", "Emílio", "Discurso sobre a desigualdade entre os homens",...) foram condenados e ele fugiu para a Inglaterra, a convite do empirista David Hume.

Em suas obras, podemos enumerar três idéias principais:
  1. A civilização não é uma coisa boa. A partir daí podemos identificar sua aversão à organização das sociedades: "o homem nasceu livre e por toda parte está em grilhões". Essa "escravidão" é resultado da alienação dos indivíduos, alienação tal que vem desde a educação das crianças, que são ensinadas a sufocar seus instintos naturais e reprimir seus verdadeiros sentimentos. Para acabar com tudo isso, o ideal é acabar com as desigualdades, inicialmente e, para isso, acabar com a civilização e com a propriedade privada (por isso é precursor do socialismo utópico).
  2. O sentimento deve substituir a razão como guia na vida e no julgamento. Com o intuito de mudar (melhorar/adaptar) a sociedade, Rousseau propõe que a nova civilização deve ser baseada na liberdade de expressão de nossos sentimentos e instintos naturais (criticado por Voltaire: "lendo Rousseau, desejamos voltar a andar de quatro patas" - primitivismo). Para florescer (né, Müller?!) tais sentimentos, ele fala (no livro "O Emílio", na foto) numa educação com "rédeas mais soltas", de forma a deixar as crianças, por suas próprias experiências e sentimentos, descobrirem o mundo à sua volta, sem terem suas mentes manipuladas ("A instrução das crianças é um ofício em que é necessário saber perder tempo, a fim de ganhá‐lo").
  3. A sociedade humana é um ser coletivo com vontade própria e o cidadão deve subordinar-se à uma vontade geral. Com isso, Rousseau mostra-nos suas idéias diretamente associadas à forma de governo que a nova civilização deveria adotar: uma sociedade aonde a vontade geral (uma média das vontades individuais) sobreponha a vontade individual (vai contra Locke, que falava dos direitos naturais de cada um), sendo que não pode haver um governo que governe em favor de si próprio, mas sim governe para o povo, pelo povo e com o povo (república grega ou representativa). Com isso, ele elabora um novo contrato social, contrário ao contrato de Hobbes (que diz que o povo deve abdicar de sua liberdade para que o governo lhe conceda a vida e a paz), dizendo que o povo é quem tem a soberania e o Estado deve governar para manter essa soberania. Influenciou, com tais idéias, os jacobinos (especialmente Robespierre) e os socialistas utópicos, além de todas as formas de governo baseadas no nivelamento do Estado com a vontade do povo.