Dedicatória: para Gabriela Cartaxo (2º ano C), que gentilmente me passou a matéria, Henrique Rocha (2º ano D) por emprestar o livro e pra Paula (não, não é a professora!), que é a garota mais linda e gente boa que eu conheço.
Filosofia Política - John Locke (246 a 248, Filosofando)
Contextualizando:
Locke era um médico inglês, filho de burgueses, que viveu no século XVII em meio às mudanças que estavam em curso em seu país. Ficou exilado alguns anos na Holanda por conspirar contra a Coroa na época da Revolução Puritana, que derrubou Carlos I do poder e retornou à Inglaterra no mesmo navio de Guilherme de Orange, futuro monarca inglês. Locke foi um dos idealizadores da Revolução Gloriosa que colocou Guilherme e Maria Stuart no poder, instituindo a Monarquia Parlamentar Inglesa (presente até hoje). Suas idéias influenciaram amplamente os ideais de independência dos Estados Unidos.
Principais idéias/teses:
Contrariando Hobbes, Locke considera que o homem, em seu estado de natureza, não é egoísta e não tende à guerra, como defendia Hobbes. Com isso, Locke vai contra o Absolutismo, propondo (e instituindo, na Inglaterra) uma monarquia parlamentar, onde o poder não se encontra concentrado. Locke é, assim como Hobbes, contratualista, ou seja, ele defende a idéia de que há, entre o Estado e a sociedade como um todo, um contrato que deve ser respeitado para proveito de ambos os lados. Para Hobbes, nesse contrato social o povo abre mão de sua liberdade (o povo entra numa "servidão" política) para que o Estado possa garantir a vida ,a paz e a "liberdade" coletiva; Locke acha que o povo não tem de abrir mão da liberdade (tendo direito à participação política e à revolta, se preciso fosse, contra um Estado opressor) e que o Estado, agindo pelo povo, deve garantir esta liberdade, a vida e a propriedade privada (ele considerava estes três direitos como sendo direitos naturais - jus naturalis - inerentes à natureza e à dignidade do homem). Cabe lembrar que, sendo burguês, ele defendia a propriedade daqueles que já a possuíam, ou seja, aqueles que não a possuíam não teriam direito a ela - tal teoria é extremamente elitista, apesar de liberal.
Correntes filosóficas da modernidade -
1- Ceticismo x Dogmatismo (páginas 54 a 57, Filosofando)
Ceticismo, pelo Dicionário Filosófico, é a concepção segunda a qual o conhecimento do real é impossível à razão humana; o homem deve renunciar às suas certezas (verdades). Cético é todo aquele que questiona todas as idéias conhecidas como verdades, caindo assim numa realidade onde nada é certo, inclusive a própria existência. O ceticismo criticava/critica, em especial, os dogmas: verdades absolutas presentes em certos campos científicos, na religião, na sociedade e na política. Iam contra esse dogmatismo também porque os dogmas nem sempre têm base racional ou lógica, não podendo ser provados exceto por concepções além da razão (fé, por exemplo). Céticos famosos: Pirro de Élida (Antiguidade Clássica) e De La Montaigne.
2- Empirismo
Doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual toda certeza deriva da experiência, da comprovação. Principais empiristas: John Locke, Francis Bacon e David Hume.
3- Racionalismo (páginas 130 e 131, Filosofando)
Doutrina que privilegia a razão dentre todas as faculdades humanas, considerando-a fundamento de todo conhecimento possível. Racionalista de maior renome: René Descartes ("Cogito ergo sum").
Racionalismo - Descartes
Contextualizando: (páginas 5 a 13, Discurso do Método)
Nascido em 1596, o filósofo francês René Descartes estudou, quando jovem, no colégio jesuíta La Flèche, um dos melhores, se não o melhor, colégio de toda a Europa, na época. Largou o colégio aos 19 anos, em 1615, para viajar pela Europa com o intuito de descobrir outras culturas, outras verdades, pois acreditava que não havia aprendido no colégio a verdade propriamente dita, mas, sim, uma repetição dos ensinamentos dos antigos, desde a Idade Média. Serviu no exército de Maurício de Nassau e, depois da carreira militar, dedicou-se à filosofia. Nas suas viagens, escreveu (mais famosos) "Discurso do Método", "Paixões da alma", "Princípios de Filosofia" e "Meditações metafísicas", sendo estes dois últimos numa linguagem mais acadêmica, enquanto os outros dois são obras escritas para a compreensão de um público menos douto, mais leigo.
-Bom senso ou razão (páginas 17 a 19 e 37 a 46, Discurso do Método)
Descartes acredita que o bom senso ou razão (ele não distingue) é a capacidade melhor compartilhada, de tal maneira que todos os homens tem igual capacidade de diferenciar o verdadeiro do falso (universalidade da razão). Apenas a utilização ou aplicação da razão é que muda de acordo com costume, religião, crenças, dogmas e, muitas vezes, tais diferenciações no uso da razão criam conflitos entre os homens, muitas vezes baseados em motivos irracionais. É para evitar tais conflitos de idéias que Descartes procura criar um método universal baseado na razão (independente da cultura, época, religião, crença, sexo que seja utilizado) para guiar a razão, de forma a escapar do erro (ele fala que o erro é consequência do uso equivocado da razão). O método tem como objetivo alcançar a verdade plena, a partir de questionamentos sobre as verdades instituídas como tal (a dúvida é uma das principais bases do método).
Citações:
Sobre o racionalismo:
"O real é, em última análise, racional."
"A capacidade de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso é o que propriamente se denomina bom senso ou razão e é naturalmente igual em todos os homens."
Sobre o método (dúvida):
"Se vós tivésseis um cesto de maçãs dentre as quais várias estivessem podres, contaminando assim as restantes, o que fazer senão esvaziá-lo todo e, tomando cada maçã uma a uma, recolocar as boas no cesto e jogar fora as más"
Nessa frase, as "maçãs" são as verdades instituídas que devem ser questionadas, mantendo aquelas que forem verdadeiras e derrubando as falsas, através da dúvida.
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