sexta-feira, 26 de setembro de 2008

"Resumo" de "artes"

Artes Cênicas...
Acredito que seja desnecessário colocar aqui um resumo de Artes, até porque já tem um resumo de artes do professor Eduardo (pode ser baixado na aba "arquivos" do site www.galois.kit.net) disponível e que fala de toda a matéria (teatro realista e naturalista).


Artes Visuais...
Irei apenas listar aqui o conteúdo do professor Cláudio e as páginas, que se referem ao livro "No tempo de Renoir", juntamente com uma listagem das obras que ele deve cobrar na prova. Àqueles interessados em ver a análise das obras ou que não tenha o livro, sugiro que peça o caderno/livro emprestado de alguém ou que procure na internet (como sou muito bonzinho, vou fazer o favor de colocar, em algumas obras e conteúdos, algum site relacionado - em forma de link)

Conteúdo:
  1. "O ciclope", de Odilon Redon;
  2. "De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?", de Paul Gauguin;
  3. "Papel de parede", de William Morris - Movimento de Artes e Ofícios;
  4. "Escada, Hotel Tassel - Bruxelas, de Victor Horta - Art Nouveau;
  5. Pôster "Reine de Joie", de Toulouse-Lautrec - Design Gráfico;
  6. Vaso "Soldanelles des Alpes", de Emile Gallé - Design de produto;
  7. "As modelos", de George Seurat - Pontilhismo;
  8. "São Paulo", de Anselm Kiefer - Neoexpressionismo;
  9. "Sarah Bernhardt", fotografia/retrato de Nadar;
  10. "Árabes de rua na área da rua Mulberry", fotografia de Jacob A. Riis - Foto-realismo;
  11. "Valentina", de Vik Muniz - Neoexpressionismo e
  12. "Intuições Atléticas", fotografia de Arthur Omar.

Revoluções Hispano-Americanas - Partes I e II

A primeira parte do resumo já havia sido postada na etapa anterior:

De 1810 a 1825, ocorreram, na América espanhola, as chamadas Revoluções Hispano-Americanas, foram revoltas lideradas pela elite criolla, que buscava sua liberdade econômica e o direito de se autogovernar, recuperando e ampliando a autonomia que possuía antes das Reformas Bourbônicas (ver resumo da "Independência da América espanhola"). Como o governo espanhol se negava a fazer concessões, as revoltas passaram a ter cunho separatista, visando a independência das colônias. Não apenas lutas contra os espanhóis, as Revoluções viraram guerras civis, dividindo os criollos entre liberais e conservadores (os que queriam a independência completa, com exclusão de privilégios do clero e do exército e os que preferiam continuar ligados à Espanha, respectivamente). A guerra racial (índios contra brancos) e a revolução social (camponeses contra elites) também figuraram. O que foi uma constante nas colônias foi o poder na mão dos criollos, sobretudo representados por grandes chefes político-militares, conhecidos como caudilhos.

Os principais motivos impulsionadores das Revoluções podem ser assim enumerados:
  • 1. Reformas Bourbônicas. Geraram demasiado descontentamento por inibirem o poder administrativo das elites criollas e aumentarem os impostos na colônia.

  • 2. Impacto da Independência dos EUA e da Revolução Francesa: os ideais liberais e iluministas provaram-se capazes de serem postos em prática, dando esperança para os movimentos separatistas coloniais e estremecendo as bases do Antigo Sistema Colonial, que entrou em crise irrecuperável.

  • 3. Reinado de Carlos IV: Foi o monarca que reinou durante o início das Guerras Napoleônicas. Ao contrário do pai, Carlos IV foi um rei fraco, que praticamente entregou o poder para seu primeiro-ministro Manuel de Godoy, que era extremamente impopular e "burro", sendo que todas suas decisões foram desastrosas para a Espanha e para o controle metropolitano sobre as colônias.

  • 4. Guerras Napoleônicas: enfraqueceram por completo a Espanha, tanto militarmente quanto politicamente.
Num primeiro momento, Manuel de Godoy se alia à coligação anti-francesa e leva uma linda sova. Com o Tratado de Santo Idelfonso, o de Godoy vira a casaca, passando para o lado francês, o que faz com que os espanhóis levem um surra pior ainda, ilustrada na Batalha de Trafalgar, quando o Almirante inglês Horatio Nelson arrasa com a marinha espanhola e francesa. Sem marinha, como controlar o império colonial do outro lado do Atlântico? No way, man!

Começam então os problemas nas colônias: em 1806/7 por exemplo, os britânicos invadem Buenos Aires, sendo expulsos pelos próprios criollos portenhos, que viram que não havia porque depender da metrópole.
Vem então o Tratado de Fontainebleau, em outubro de 1807, que combina a invasão de Portugal entre Espanha e França. A Corte portuguesa foge para o Brasil. Aproveitando a presença de suas tropas em Portugal e no norte da Espanha, Napoleão determina que Carlos IV conceda-lhe terras no norte do país. Carlos IV, totalmente manipulável, dá tudo que Napoleão pede (calma galera, nem tudo). Decepcionada com seu Rei, a nobreza e o exército espanhóis rebelam-se e forçam Carlos IV a abdicar em favor de seu filho (Fernando VII), num episódio conhecido como Revolta de Aranjuez, em 18 de março de 1808. Napoleão interfere na briga, chamando Carlos e seu filho para Bayone, onde são forçados a abdicar e encarcerados. José Bonaparte assume o controle da Espanha, desencadeando revoltas do povo e da nobreza , gerando a Guerra Peninsular.


  • 5. Guerra Peninsular: episódio dos mais sangrentos das Guerras de Napô, a Guerra Peninsular foi a luta de libertação dos portugueses e espanhóis, que estavam sob julgo dos franceses; a Espanha e suas colônias estavam em estado de caos político e social. Espanhóis e portugas eram ajudados pelos britânicos e tinham o apoio dos colonos, que também queriam a volta do rei Fernando VII, "O Desejado", que era mantido aprisionado na França.
Foram formadas juntas, comitês de resistência em várias cidades da Espanha e da América em nome do rei "no xadrez". Em 1810, foram criadas as famosas Cortes de Cádiz, parlamento que reunia especialmente a burguesia espanhola, com caráter revolucionário, com o intuito de governar e manter a Espanha e suas colônias sob controle enquanto o rei não retornasse. Ao mesmo tempo que manteve a monarquia, limitou-a com uma Constituição liberal, expedida em 1812 (detalhe: embora houvessem delegados criollos, as cortes se negaram a conceder liberdade de comércio à colônia, o que era extremamente importante para estas, visto que a economia da metrópole não ia bem).

Enquanto as Cortes mantinham-se no poder, a situação na América era horrivelmente confusa: espanhóis no controle de algumas colônias, criollos no controle de outras e insurreições indígenas estourando contra criollos e espanhóis (a coisa tava preta - sem conotações racistas, por favor). Os criollos estavam divididos em um grupo que queria a autonomia colonial e outro que era adepto de manter América e Espanha sob a mesma monarquia e sob a proteção do mesmo exército. Embora divididos, todos queriam direitos iguais aos dos chapetones, autonomia política e liberdade de comércio. (Como não conseguem, futuramente se rebelam para separar a colônia da metrópole.)

Em dezembro de 1813, quase 6 anos depois do início da Guerra Peninsular, Napoleão reconhece a derrota e assina o Tratado de Valencay, liberando o trono espanhol a Fernando VII, recebido com entusiasmo pelo povo.


  • 6. Reinado de Fernando VII: contrariando e frustrando as expectativas dos liberais na Espanha e nas colônias, o monarca, apoiado pela Igreja e pela nobreza tradicional, institui um governo conservador, anulando a Constituição de 1812. Impôs o Absolutismo e tentou restabelecer o controle metropolitano sobre as metrópoles, mandando tropas para coação de movimentos separatistas e para proteger as fronteiras do império colonial. Revoltas e guerras civis eclodiram em toda a América, ao mesmo tempo em que estourou, na Espanha, uma Revolução liberal (Revolução Espanhola; 1820-1823), que forçava Fernando VII a aceitar a Constituição de 1812, abolir os privilégios do clero e dar mais liberdade às colônias; iniciou-se uma guerra civil na própria metrópole. Em consenso, outros países europeus auxiliaram Fernando VII e esmagaram a Revolução. Nos três anos seguintes, o monarca instituiu uma posição extremamente conservadora, contrária à revolução liberal; mas já não havia mais jeito: a situação na colônia já era irreversível, em especial graças à intervenção dos EUA e da Grã-Bretanha.

  • 7. Intervenção dos EUA e Grã-Bretanha: as duas maiores nações liberais da época tinham interesses econômicos nos territórios americanos (ampliação de mercados, obtenção de matéria-prima e comércio livre, especialmente), motivo pelo qual esses dois países ajudaram no processo de independência da América espanhola e portuguesa, impedindo que a Santa Aliança (criada no congresso de Viena para recuperar o status dos países anterior às Guerras Napoleônicas) retomasse os territórios para a Espanha e Portugal. Além do Liberalismo, entrou em cena a Doutrina Monroe, que afirmava que os países americanos tinham, sim, o direito de se separar de suas metrópoles e que não aceitariam intervenções estrangeiras na região, não interferindo também na Europa ("América para os americanos").


A matéria da prova vai desde Revoluções hispano-americanas (fala sobre a fragilidade do Império Colonial Espanhol, devido a fatores internos à Metrópole), assunto que já começou a ser abordado, até o caso do México, que começamos a ver agora.

Caso do México

Em 1810, estourou no México uma revolta popular (camponesa, mestiça e indígena) contra os brancos (peninsulares e criollos), caracterizando uma guerra racial, liderada pelos padres Hidalgo e Morelos, que pediam a reestruturação das estruturas agrárias, com o fim dos tributos aos indígenas, reforma agrária e devolução das terras indígenas aos seus "donos" por origem. A revolta começou com o "Grito de Dolores", dado em 16 de setembro de 1810, data comemorada no país até hoje como início da libertação do país dos opressores espanhóis. Mas o movimento não vingou: Hidalgo foi capturado e fuzilado em 1811; Morelos, que anteriormente declarava lealdade ao governo espanhol (Fernando VII), abandonou o apoio ao monarca e proclamou uma república independente com direitos iguais para todos e planos de reforma agrária. Foi capturado e executado em 1815.

A Revolta de Hidalgo e Morelos, como ficou conhecida, foi sufocada, mas a luta continuou, liderada por Vicente Guerrero e Guadalupe Victoria, especialmente contra a vertente conservadora e dominante dos criollos, que era favorável à manutenção do Pacto Colonial em detrimento dos movimentos de independência. Esses criollos, no governo, tinham o apoio do clero e dos militares, destacando entre eles o general do exército, Agustín de Itúrbide. Inicialmente ao lado do governo, Itúrbide mudou de posição ao estourar, na Espanha, a Revolução Liberal (1820) contra o governo absolutista de Fernando VII. O general, assim como a elite conservadora, temia a extensão das idéias liberais para as colônias, diminuindo o controle das elites sobre a população; sendo assim, os conservadores passaram a apoiar os movimentos de independência: a junção deles resultou no Plano de Iguala, que proclamou a Independência da maior província colonial espanhola (o Vice-Reino de Nova Espanha, o México), em fevereiro de 1821. O Plano, além de proclamar a Independência, garantia três pontos de conciliação entre liberais e conservadores:
1. O México seria uma Monarquia independente, governada por um monarca europeu;
2. Espanhóis (peninsulares) e mexicanos (criollos, índios e mestiços) teriam direitos iguais, juridicamente;
3. A Igreja Católica, fortemente presente no país, manteria seus privilégios.

Em setembro do mesmo ano foi reconhecida a independência pela Espanha. Mas, como não havia monarcas disponíveis no mercado europeu, Itúrbide assumiu o trono como Itúrbide I, governando por apenas 3 anos, sendo derrubado pelos próprios militares. Ascendeu então uma república, com o ex-revolucionário Guadalupe Victoria presidindo o país de 1824 a 1829.

Desde 1821, o país vivia em instabilidade política, com o país dividido entre a corrente liberal, que defendia a república e a abolição dos privilégios do clero e dos militares, e a corrente conservadora, que defendia a monarquia ou república centralizadora, com preservação dos privilégios dos militares e da Igreja nos foros (tribunais especiais). A república centralizadora, recém-formada, mostra o predomínio dos conservadores até 1855, destacando-se, entre os conservadores, o general Antônio López de Santa Ana, que presidiu o país diversas vezes nesse período, ao mesmo tempo em que comandou os exércitos mexicanos contra os texanos e americanos, que terminou na anexação (Santa Ana foi obrigado a vender) de territórios mexicanos pelo governo dos EUA, em especial o Texas.

Em 1855 ocorreu uma revolução liberal, liderada por Benito Juarez, que derrubou Santa Ana do poder e criou uma assembléia, de maioria liberal, para a deliberação da que foi chamada de "La Reforma", que foi uma mudança legislativa, em especial das três garantias da época da independência, com objetivo de modernizar o país para um modelo mais capitalista de produção. Os privilégios jurídicos do clero e dos militares foram abolidos (os bens da Igreja podiam ser vendidos - Lei Lerdo), a educação foi laicizada (sem religião) e as terras coletivas das aldeias indígenas (ejidos) foram transformadas em propriedades camponesas produtivas; o objetivo, não alcançado, era aumentar a produção através de pequenas propriedades produtivas ( os camponeses acabaram por vender suas terras, derrubando a medida). Todos esses itens foram reunidos na Constituição laica e liberal de 1857, que gerou revoltas e culminou numa guerra civil que durou quatro anos, entre liberais e conservadores. Liderados, novamente, por Benito Juarez, os liberais triunfaram e aprofundaram suas medidas liberais e anticlericais, apoiadas pela nova Carta de Lei (constituição).

Benito Juarez assume o cargo de presidente em 1861, com o principal objetivo de tirar o país da situação econômica caótica e caquética. Para isso, suspendeu o pagamento da dívida externa (suspensão = moratória) para poder investir a renda dentro do país, o que gerou desconfiança externa. Aliados à França, Grã-Bretanha e Espanha, os conservadores derrubaram os liberais do poder. Os franceses (em 1864), liderados por Napoleão III, tomaram o país e instalaram uma monarquia com um rei europeu, apoiado pela ala conservadora. Quem assumiu foi o nobre Maximiliano de Habsburgo, que ganhou o título de Maximiliano I. (Observação importante: só houve invasão pelos exércitos franceses, pois os americanos estavam em franco processo de guerra civil, não podendo aplicar a Doutrina Monroe contra os invasores europeus.) O México virou uma espécie de território francês, como é hoje a Guiana Francesa.

Maximiliano, que era de orientações absolutistas e tal, era a esperança dos conservadores de serem anuladas as reformas liberais de 1857, mas as expectativas foram frustradas. Não conseguindo apoio dos conservadores nem dos liberais, Maximiliano foi derrubado por forças liberais (1867), novamente lideradas por Juarez. A França não mandou reforços militares porque a guerra civil americana tinha acabado e a Doutrina Monroe voltou à ativa, além das ameaças de guerras na Europa (unificação da Alemanha pela Prússia).

Com os liberais no poder desde a queda e execução de Maximiliano, subiu ao poder, em 1876, o general Porfírio Díaz, influenciado por ideais positivistas, com o objetivo de centralizar o poder e modernizar as estruturas produtivas do país. Foi o marco do fim da instabilidade política, presente desde 1821, e do início da modernização do capitalismo dependente, baseado na exportação de matéria-prima e na dependência do capital estrangeiro, beneficiando os latifúndios monocultores e os investimentos de capital estrangeiro no país (em espacial, os investimentos dos EUA). A "era do porfiriato" como é conhecida, terminou com movimentos liberais, operários e sindicais, pressionando por reformas democráticas e agrária, derrubando Porfírio (1911) através da Revolução Mexicana, iniciada em 1910, que deixou o país em guerra civil, gerando, mais tarde, a criação de um governo democrático e nacionalista.


Caso da Grã - Colômbia


Caso mais complicado de toda a América Espanhola, tendo como iniciadores os revolucionários Francisco de Miranda e Simon Bolívar (quadro ao lado), o principal libertador da América do Sul. Desde 1806, Francisco de Miranda lutou para expulsar os espanhóis da Venezuela, sem sucesso. Quando os criollos locais assumiram o poder na junta de Caracas (1810), liderados por Miranda, foi proclamada a independência (1811). Não demorou que os espanhóis revidassem e controlassem novamente a colônia, em 1812. Miranda é preso e o comando das forças revolucionárias passa para Simon Bolívar, que obteve certo sucesso no início de suas lutas, mas logo foi derrotado tanto na Venezuela quanto na Colômbia, fugindo para o Haiti. Com o apoio dos líderes haitianos, Bolívar retorna ao continente, libertando a maior parte da Venezuela (entre 1817 e 19). Seu foco então mudou para a Colômbia, libertando também esse país (1819). Nos dois anos seguintes, suas forças terminaram por eliminar o contingente restante de espanhóis nos dois países. Foi então instituído o Congresso de Cúcuta, composto pelos criollos locais, que estabeleceu a República da Grã - Colômbia (envolvendo Colômbia, Venezuela, Panamá e Equador, futuramente libertado). As diretrizes políticas já tinham sido instituídas anteriormente, no Congresso de Angostura, sendo Bolívar o presidente do novo país. Para terminar a união do país, era necessário expulsar os espanhóis do Equador, o que foi feito com a ajuda de Sucre, em 1822. Num franco processo de ruína, o Império Colonial Espanhol se via ameaçado pela separação dos seus principais territórios, os Vice-Reinos: o da Nova Espanha (México) e os da Nova Granada (Grã - Colômbia) se separaram definitivamente. E, não bastasse esses dois, o Vice-Reino da Prata também estava lutando, na figura do libertador argentino San Martin (quadro à direita), pela libertação das regiões mais meridionais do Império. Com um plano de unidade Latino-Americana, encontraram-se Bolívar, Sucre e San Martin na cidade de Guayaquil, no chamado “Encontro de Guayaquil”, com o objetivo de unificar as tropas e libertar as províncias que restavam sob controle espanhol (Peru, especialmente). Por motivos internos, provavelmente brigas ao redor da liderança do movimento, o encontro fracassou e San Martin voltou para a Argentina, lutando também para a libertação do Chile e da Cisplatina (Uruguai, motivo de guerras entre argentinos e brasileiros), e ficou para Bolívar a responsabilidade de lutar no Peru. Entre 24 e 26, Bolívar e Sucre libertaram o Peru e Sucre libertou a Bolívia, acabando de vez com os remanescentes espanhóis na América.

Independência, Império e Regência do Brasil

Atenção: esse resumo alia as principais informações contidas no caderno, no livrinho paradidático e nas aulas da Ana Filipini. -

Como o período Joanino já foi abordado em outro resumo, daremos foco agora aos acontecimentos que se seguem do final do período Joanino até a consolidação do Segundo Império, passando, portanto, pelo período compreendido entre o final da década de 10 até o final da década de 40 do século XIX.

Independência do Brasil

Com a elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves, em 1810, D. João deixava clara a sua intenção real de estabelecimento do Vasto Império ao igualar juridicamente Brasil e Portugal (também dando fim ao Pacto Colonial). Uma das desculpas para a elevação a Reino Unido era amainar (ou seja, acalmar) os movimentos revolucionários que ganhavam força nas províncias brasileiras. Mas, 7 anos depois, em 1817 (mesmo ano da morte de D. Maria e elevação de D. João a Imperador Dom João VI) eclodiu a Insurreição Pernambucana (ou Revolução Liberal de 1817) na cidade de Recife, lutando com ideais republicanos e contra a centralização absoluta do poder nas mãos do Imperador (página 14 do livrinho). Temendo um alastramento dos ideais dos revoltosos do Nordeste (também eclodiram revoluções em outras províncias, como em Alagoas), o governo central e as demais províncias ao lado deste mandaram tropas para a contenção do movimento.
Não bastando o encargo de ter que cuidar de revoltas dentro do Brasil, D. João teve de lutar contra os liberais portugueses que propunham a convocação de Cortes Gerais para a instituição de uma monarquia constitucional. Apesar da repressão dos revolucionários em 1817, D. João assistiu eclodir uma revolução liberal em Portugal, três anos depois, chamada Revolução do Porto, que clamava pela Monarquia Constitucional (o que é verificado em muitos países europeus depois da disseminação dos ideais burgueses da Revolução Francesa), pelo retorno do Rei a Portugal, pois o país se encontrava em crise interna desde a "fuga" da família real, 12 anos antes e lutavam, também por isso, pela recolonização do Brasil, trazendo de volta o Pacto Colonial. Em 1821, então, são convocadas as Cortes Gerais e é instalada a Assembléia Constituinte, sendo que o principal ponto da Constituição que seria discutido é o poder do Imperador, delimitado ou por veto absoluto (forma autoritária de governo, em que o monarca pode vetar toda e qualquer decisão dos outros poderes) ou por veto temporário (o monarca pode vetar por um tempo delimitado a proposta dos outros poderes, tendo esse tempo para revisá-la e mandá-la de volta para os outros poderes para ser aprovada).
Dom João então é intimado a retornar a Portugal e a participar dos debates.

"Ferrenhos defensores das prerrogativas do poder real, e entendendo o ideal de liberdade como degenerador das relações estabelecidas, o rei absolutista D. João VI e seus ministros procuraram inicialmente combater as Cortes Gerais e Constituintes, considerando-as 'ilegais' e 'sem autoridade de dar leis ao trono'. No entanto, diante do fortalecimento do movimento, o endosso ao sistema constitucional se fez necessário como estratégia mais indicada para evitar que o Reino Unido brasileiro sucumbisse aos 'horrores de uma revolução toda democrática ou, que vale o mesmo, toda anárquica e desoladora'. O movimento revolucionário estava em marcha e não era mais possível detê-lo(...). Cabia ao rei a alternativa da participação atenta, para tentar influir no encaminhamento" dos debates sobre a constituição lusa. D. João então parte para Portugal, levando constituintes brasileiros.

No final das contas, foi aprovada a Constituição liberal, aprovando o veto temporário e igualdade dos três poderes (retirando a maior parte do poder do rei, antes absolutista), o que deixou os brasileiros muito preocupados sobre as verdadeiras intenções da Corte. "Essa questão - ao lado da perda do status de reino unido e da reformulação das relações comerciais - influiu decisivamente na opção pela ruptura da unidade luso-brasileira e, conseqüentemente, na Independência do Brasil, demonstrando que a matriz do pensamento que orientava as ações dos agentes políticos no Brasil em torno da independência era diferente daquela que fundamentava a monarquia constitucional então em organização em Portugal." Era clara a intenção lusa de recolonização do Brasil. Surgiram então, no Brasil, reações contra a consituição liberal portuguesa, especialmente no campo político.

Os grupos políticos brasileiros se dividiam de acordo com as atribuições de poder dadas ao Imperador: havia os "exaltados", que acreditavam numa maior participação da sociedade no processo de Independência, e havia os "moderados", adeptos da centralização do poder nas mãos do monarca para maior controle do país e de uma Independência negociada com os portugueses. Esses dois lados da política brasileira se extendem até o Segundo Reinado. Existia também o partido Português, que acreditava na submissão a Portugal.

Para aumentar ainda mais o clima de tensão e desconfiança sobre a intenção recolonizadora das Cortes Gerais, D. Pedro foi intimado a voltar a Portugal, o que implicaria na perda da condição do Brasil de reino unido, voltando a ser colônia. "Tem bastante sentido, portanto, a arregimentação de grupos socioeconômicos mais expressivos, principalmente aqueles oriundos das províncias que compunham a região-sede da nova Corte - ou seja, RJ, SP e MG -, em prol da permanência do príncipe regente no Brasil." "A decisão sobre a permanência de D. Pedro no Brasil, para assumir o encaminhamento da Independência, relaciona-se, portanto, ao firme posicionamento de lideranças políticas brasileiras contra as propostas de Lisboa." ( O próprio D. João recomendou que ao filho que ele mesmo proclame a independência "antes que algum aventureiro o faça".)

Usando como argumento principal da Independência o cumprimento dos Tratados de 10 ("Cumpra-se!") e se recusando abertamente a ir para Portugal (Dia do Fico), mesmo que isso significasse guerra, D. Pedro convocou a Constituinte (junho) e fez a comunicação da Independência por vias diplomáticas (agosto). Portugal manda então navios para escortar D. Pedro para Portugal, a força (setembro). Ao saber dos navios, D. Pedro, em viagem, proclama a Independência (7 de setembro de 1822). As tropas portuguesas, no Brasil, rebelam-se e o povo toma conta da situação, assumindo governos regionais. Temendo revoluções populares, D. Pedro manda tropas de mercenários para restituir o controle.

Começamos, então, o I Império do Brasil, com D. Pedro I no trono brasileiro e seu pai, D. João, no poder em Portugal. Mesmo que separados pelo Oceano Atlântico e, principalmente, pela tensão entre portugueses (liberais) e brasileiros (conservadores), pai e filho ainda nutriam o grande e antigo sonho de se unificar o tradicional império português ao nascente Estado brasileiro, fato que, mais tarde, seria uma das principais causas da impopularidade e conseqüente abdicação de Pedro. Mas, vejamos antes os seus 9 anos de governo para, só depois, o tirarmos do trono, tadinho.


Primeiro Reinado do Brasil

Iniciado com uma Independência moderada, superficial e que manteve as estruturas produtivas coloniais, como era vontade da elite moderadora e sem levar em consideração a vontade popular, o Primeiro Reinado foi baseado quase que inteiramente nessas premissas. Para atender à vontade da vertente exaltada,a aclamação de Dom Pedro como " Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil" foi feita em nome da "unânime aclamação dos povos", pretexto que colocava a soberania do Império em nome do povo, e não do Estado.

A Imperatriz Leopoldina, juntamente com o ministro José Bonifácio de Andrada, prontamente avisaram ao monarca austríaco (pai de Leopoldina) sobre os aspectos centralizadores e conservadores do Império do Brasil, garantindo o apoio daquela monarquia absolutista européia, aliança necessária para o Reconhecimento Internacional do Império.

Imperador Constitucional... hummm... e cadê a Constuição?! Foi convocada, no mesmo ano de 1822, a Assembléia Constituinte, instalada no Rio de Janeiro, em 23. Juntamente com a vertente moderada, o imperador tinha a intenção de, na Constituição, garantir "a soberania do monarca e a centralização dos poderes nas suas mãos". Outro ponto defendido pela grande maioria da bancada constituinte era a manutenção do trabalho escravo, mesmo que isso fosse contra as cláusulas assinadas no Tratado de 10, já que a economia imperial era baseada, quase que exclusivamente, no trabalho escravo. Começaram então a surgir propostas para a nova constituição. A mais relevante delas foi apresentada pelos irmãos Andrada (importante expoente político no governo desde antes do Império), chamada de "Constituição da Mandioca", assim chamada pelos seus artigos relacionados à classificação política dos cidadãos de acordo com a sua renda, medida e acres plantados de mandioca (produto presente em todas as regiões). Suas cláusulas principais podem ser aqui enumeradas:
Estado Monárquico, dividido em 3 poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo o Executivo encabeçado pelo Imperador;
Imperador com poder de veto temporário, semelhante à constituição liberal portuguesa;
Legislativo forte, sem sofrer interferências dos outros poderes;
Ensino público gratuito em território nacional;
Inelegibilidade de estrangeiros, afastando-se do Partido Português;
Voto censitário (com graus medidos de acordo com a quantidade de alqueires de mandioca plantados);
Eleição indireta e em graus (os graus menores elegem os maiores, que podem eleger os rerpresentantes políticos e podem se candidatar a cargos administrativos).

Ora, pois! Um português, de raízes absolutistas e que tinha proclamado a Independência justamente para não sofrer com as alterações constitucionais de Portugal não poderia, de maneira alguma, aceitar uma proposta que tira os portugueses do governo, tira o poder do Imperador e ainda dá certa autonomia às províncias. O Imperador então pronunciou-se avisando que todas as propostas teriam de passar por suas mãos antes de serem levadas a votação. Isso enfureceu os parlamentaristas, que acreditavam que o Imperador estava metendo o bedelho no lugar errado e protestaram.
Os portugueses também protestaram contra as propostas anti-lusitanas no Parlamento, e gerou-se uma tensão entre portugueses e brasileiros, que implicaram em revoltas de quartéis e mortes. O imperador mandou que os Parlamentaristas se reunissem para resolver de vez o caso de portugueses contra brasileiros. Numa das sessões, que varou a noite (chamada Noite da Agonia), o Imperador irrompeu com suas tropas, fechando a Assembléia Constituinte e dando a si mesmo o encargo de escrever uma constituição que lhe fosse mais vantajosa.

A Constituição de 1824, como ficou conhecida, foi outorgada (apresentada forçadamente) com os seguintes ítens:
• Regime de Estado Monárquico Constituinte, com 4 poderes: Executivo (exercido pelo Imperador), Legislativo, Judiciário e Moderador (exclusivo do imperador, que tinha poder de fechar o Parlamento, vetar leis e interferir nos demais poderes);
voto censitário (graus baseados em bens de raiz - os alqueires de mandioca, salário e bens de comércio);
eleição indireta e em graus;
Lei Regencial: na ausência ou impossibilidade do Imperador ou algum parente direto com mais de 25 anos assumir o trono, o poder Executivo seria governado por uma regência (trina), escolhida pelo Parlamento ou por indicação do próprio Imperador;
Lei de Rendas: cerca de 88% das rendas de todo o império seriam enviadas para o governo central, o que impedia o desenvolvimento das províncias sem o controle do governo central;
Regime de Padroado: inclusive sobre a Igreja estava o Imperador, que tinha que dar o beneplácito (autorização) para que as determinações do Papa fossem seguidas pelas dioceses brasileiras.

Resumindo, a Constituição dava ao Imperador praticamente todo o poder sobre o Império, centralizando ao máximo o poder em suas mãos. E é por isso que é importante pensarmos um pouco ao ouvirmos que a monarquia no Brasil era liberal e única: era sim liberal, se comparada ao passado Absolutista europeu, mas era extremamente retrógrada e conservadora quando comparada aos regimes republicanos da América Latina.
Foram convocadas todas as Assembléias Provinciais para jurarem à Constituição, sendo que só duas províncias protestaram abertamente: a de Itu, com o padre Antônio Diogo Feijó, e a de Pernambuco, com o religioso liberal Frei Caneca.

A província de Pernambuco, além de não jurar à Constituição, rebelou-se contra o governo central (1824), pedindo mais autonomia às províncias. O movimento assumiu o nome de Confederação do Equador, chamando as demais províncias a se juntarem na luta. Seu líder era o próprio Frei Caneca, que havia lutado na Insurreição Pernambucana de 1817, e que novamente lutava pelos ideais liberais, separatistas e republicanos de 1817. A repressão foi dura e Frei Caneca foi fuzilado. O governo usou como exemplo a Confederação para os demais revoltosos contra a Constituição, acalmando os ânimos de todos, inclusive dos vários jornalistas de periódicos anti-governistas (eram comuns as críticas feitas através de periódicos locais). Tudo isso mostra que "ao tentar resistir à centralização do poder, os confederados forneceram os melhores argumentos para justificar a sua instauração. A aniquilação dos rebeldes representou a conquista da unidade nacional, tão necessária à existência do Império brasileiro".

Ao falar em existência do Império brasileiro, chegamos ao ponto da necessidade de reconhecimento diplomático do Brasil como Império pelos demais países. As negociações começaram em 1823, com o reconhecimento pelos Estados Unidos, depois o México, em 1824 e, finalmente, Inglaterra e Portugal, seguidos dos demais países (como a Áustria). Os ingleses trabalharam como intermediários entre portugueses e brasileiros. Portugal fez duas exigências para que houvesse reconhecimento: o pagamento da dívida externa dos portugueses para com os ingleses, que era a quantia de 2 milhões de libras esterlinas, e uma mudança na Declaração de Independência do Brasil, de maneira a colocar D. Pedro como herdeiro do trono do Brasil, sendo assim, herdeiro do trono de Portugal. Novamente vemos o grande desejo de reunião das duas Coroas por parte de D. Pedro e de seu pai, D. João. O Partido Português via com bons olhos, enquanto o Partido Brasileiro (tanto os moderados quanto os exaltados) começavam a se afastar do Imperador, assim como a opinião pública, que antes o chamava de "nosso imperador" e agora o criticava através dos jornais espalhados por todo o país.

A tensão aumentou com a crise econômica em vista: aumento das taxas de importação e exportação, com a renovação dos tratados de 10; redução na arrecadação, gastos excessivos com guerras (guerra de sucessão do trono português e guerra Cisplatina, que separou o território do Uruguai do sul do Brasil) e aumento da dívida externa, com o pagamento da indenização de 2 milhões de libras ao governo Português pelo reconhecimento do Império. A situação piorou mesmo quando D. João morreu e D. Pedro foi cuidar dos assuntos de sucessão, abdicando em favor de sua filha Maria da Glória, que teria de casar com seu tio e tutor, D. Miguel, que almejava o trono. Com a tensão gerada no Brasil pela reunificação das duas Coroas, foi necessária a convocação da primeira Assembléia Geral, em maio de 1826, que ficou responsável por controlar os gastos do governo.

Mas a situação já estava agravada demais para ser resolvida, especialmente quando veio a notícia de que D. Miguel havia subido ao trono, restaurando o absolutismo em Portugal, levando D. Pedro a guerrear pelo trono. Piorando, a imperatriz morreu, levando D. Pedro novamente a ser alvo de desconfiança, acusado de espancar a mulher, ao mesmo tempo que a traía com a marquesa de Santos. Como tentativa de amainar as revoltas e melhorar sua imagem, o Imperador nomeou um ministério mais liberal, chamado Ministério de Barbacena, querendo atrair para si o apoio dos liberais. Mas, com a notícia da deposição do rei absolutista Carlos X na França, graças a uma revolução liberal, D. Pedro se afasta dos liberais e demite o Gabinete ministerial Barbacena, o que gerou protestos por todo o Brasil. Nessa onda de protestos, foi morto o jornalista liberal Líbero Badaró, o que gerou MAIS protestos ainda, culminando nas Noites das Garrafadas, lutas entre portugueses e brasileiros no retorno do Imperador de sua viagem pelas províncias para tentar recuperar sua reputação, em vão.

Nessa altura, não estavam do lado do Imperador nem os liberais, nem os moderados, nem os Portugueses (pois eram perseguidos por todos). E agora nem os militares, que reclamavam contra a presença de estrangeiros em altas patentes. Ainda tentando alterar os ministérios para controlar as revoltas, D. Pedro foi pego de supetão pelas tropas reunidas no Campo de Sant'ana (07/04/1831), juntas ao povo, pedindo pela sua renúncia. Não restava alternativas: ou ele abdicava ou abdicavam com ele. Abdicou do trono do Brasil, deixando-o para seu filho, Pedro, sob tutela de José Bonifácio, e foi resolver seus problemas em Portugal, como Dom Pedro IV, derrotando D. Miguel.
Seguindo então, os comandos constitucionais, o Brasil agora deveria ser governado por uma regência. E assim foi feito. Entramos agora, em 1831, na segunda fase do Império Brasileiro: o Período Regencial, que vai de 1831 até 1840, com o Golpe da antecipação da Maioridade de D. Pedro II

Período Regencial

Com a abdicação de Dom Pedro, o sonho de construção do Vasto-Império finalmente cai por terra, consolidando plenamente a Independência de 1822, separando de vez o Brasil de Portugal e elevando as elites agrárias ao poder político. Além disso, a abdicação iniciava um novo período da história nacional, agora realmente brasileira, com um imperador menino nascido no Brasil, já educado nos ideais nacionais.
Enquanto não podia assumir o poder, o menino era educado por José Bonifácio de Andrada, confiado por D. Pedro I e, no governo, se encontrava a necessidade de continuidade, com a indicação da Regência Trina Provisória, responsável por organizar eleições para a Regência Trina Permanente, para um mandato de 4 anos, baseado em 3 poderes (o Moderador só pode ser exercido pelo Imperador em pessoa). Essas características, unidas ao voto popular, aproximam o Período Regencial de um período de experiência republicana no Brasil.
Em junho de 1831 assumiram Carvalho Silva (representante do Sudeste/Sul), Bráulio Muniz (Norte/Nordeste) e Lima e Silva (representante dos militares), tendo como principal diretriz política a Constituição de 1824. Ao mesmo tempo em que era instituída a Regência Trina Permanente, "era fundada no Rio de Janeiro a Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência Nacional, que expressava, sobretudo, o ideal de 'conciliação nacional' e destinava-se a 'auxiliar a ação da autoridade pública' quando fosse 'preciso ao bem de ordem e da tranqüilidade' da pátria e de todos os cidadãos do Império." Essa sociedade foi o ponto de partida para a criação do Partido Progressista, que é a evolução do Partido Brasileiro (dos liberais moderados e exaltados); em contrapartida, existia o Partido Restaurador (ou Regressista), antigo Partido Português, que queria, no fundo, o retorno de D. Pedro e a reunificação das duas Coroas.

Mais importante que focar os atos dos regentes, olhemos para o ilustre senhor Antônio Diogo Feijó (da província de Itu, que foi contra a Constituição), que foi escolhido como Ministro da Justiça (por favor, é FEIJÓ! não escrevam, em hipótese alguma, FEIJÃO!). Ele era chamado, na época e pelos historiadores, de Eminência Parda, que significa que ele não era o principal do comando, mas era quem realmente mandava, nos bastidores. Logo no início de seu mandato, já teve de lidar com uma revolta de militares gaúchos, que queriam que fosse convocada uma nova Constituinte. Feijó, após facilmente reprimir o motim, percebeu que não seria uma boa idéia confiar nos militares para manter a unidade do país se eles próprios não eram mais fiéis ao governo. Criou-se então a chamada Guarda Nacional, uma força armada paralela, montada por latifundiários entre 21 e 60 anos, responsáveis pela manuntenção da ordem social em nível local. A patente mais cobiçada (e a mais comprada) era a patente de Coronel (várias décadas depois, isso gerará o Coronelismo no Brasil, mas é no fim do Segundo Império).

Além de revoltas de militares e escravos, houve levantes populares, gerados pela alta taxa de desempregados no meio urbano: o campo usava trabalho escravo, as ocupações políticas eram controladas pela elite e os trabalhos liberais (vendedores, advogados,...) eram dominados por portugueses e membros da "classe média". Desempregados, se levantavam contra a miséria e saqueavam casas/mercados como meio de sobreviver (roubaam comidas, vestes...). Esses levantes foram reprimidos para manter-se a ordem social urbana.

Ao criar a Guarda Nacional, Feijó deu mais autonomia às elites locais no sentido de segurança pública. Para complementar, foi criado, por Feijó, o Código de Processo Criminal, que dava maiores poderes aos Juízes de Paz, responsáveis, agora, pela administração da justiça nas províncias, tendo o poder de julgar e condenar os criminosos de acordo com o tipo de crime (menor ou maior) que ele cometia; o detalhe é que o próprio Juíz de Paz definia o que era crime menor e crime maior. Com isso, Feijó descentralizou o poder Judiciário.

Em 1833, com uma tentativa de golpe, Feijó é destituído do cargo. No ano seguinte, cedendo às pressões dos exaltados, o Parlamento aprova o Ato Adicional de 1834, que, teoricamente, descentralizaria um pouco o poder. Sua principal cláusula era a criação de Assembléias Legislativas Provinciais (descentraliazando o poder Legislativo), instituindo a Regência como Una. O Ato, embora pareça descentralizador, não permite que seja feita a descentralização prevista por ele. Por quê? Simplesmente porque não tem como uma província se autogovernar sem verbas. E, sem mexer na Lei de Rendas, como que a Renda ia permanecer na província? Não tinha como. E assim continuou o governo: centralizado. Pra piorar, o Ministro da Fazenda conseguiu que fosse aprovada uma nova política orçamentária, baseada na Lei de Classificação de Rendas (pg 82), que permitia ao Estado decidir o que seria despesa "pública" e o que seria despesa "provincial", cobrando os impostos conforme a classificação das despesas, aumentando consideravelmente a carga tributária e a centralização das verbas.

Em 1835, com eleições para a nova Regência, foi eleito Feijó com uma pequena margem de votos, disputando contra outro moderado: o Partido Progressista estava dividido e os dias do governo de Feijó não seriam nada agradáveis com essa divisão no partido que, teoricamente, apóia o governo. Além disso, continuavam as pressões dos exaltados para a descentralização política.

Foi um tempo de lutas: dentro das províncias, dentro do parlamento, dentro do próprio Partido Progressista. A questão do momento era a descentralização política. Essas lutas assumiram caráter revolucionário em certas províncias, estourando nas chamadas Revoltas Regenciais. Em 36 e 37 eclodiram duas, nos dois extremos do país: a Farroupilha (pg99), no RS e a Cabanagem (pg88), no PA. Cabe por aqui que ambas reinvidicavam uma maior descentralização, em especial da renda, além de lutar em nome do imperador-menino. Caso não fossm ouvidos, ameaçavam separar-se do país e fundar repúblicas (a República Juliana, no Sul, por exemplo, foi resultado da Farroupilha, antes de ser eliminada). A cabanagem foi reprimida com eficácia, mas a Farroupilha permaneceu. Isso, somado à impopularidade de Feijó, forçam sua renúncia com dois anos de mandato. Em seu lugar, fica o ministro do Império, o regressista Araújo Lima, que organiza eleições e vence, assumindo a Regência Una em 1837.

Araújo Lima olhou para o Ato Adicional e interpretou as revoltas como sendo conseqüência da política descentralizadora das Assembléias Provinciais. Com esse discurso, conseguiu aprovar a Lei Interpretativa do Ato Adicional de 1834, que dizia que toda e qualquer decisão dessas Assembléias deveria passar por aprovação do governo central. Para desespero de Araújo Lima, duas novas revoltas de grande envergadura surgiram, além da Farroupilha, que resistia firmente: Balaiada, no Maranhão e a Sabinada (na Bahia). (pags 102, 103 e 104).

Desesperadíssimo, Araújo Lima vê a necessidade da criação de alianças para retomar a ordem no Império, e que isso só seria conseguido com a subida do imperador-menino ao trono. Mas ele era muito novo. Seria algo inconstitucional. Precisaria de todas as alianças partidárias possíveis. Em falar em partidos, chegamos à época de transição do Partido Regressista para Partido Conservador, atraindo para si muitos moderados do Partido Progressista, agora Liberal. Os dois tinham, como semelhança, a manutenção das estruturas produtivas (escravismo, latifúndio e unidade territorial). Apenas diferenciavam-se pelo desejo ou pela negação da centralização política (conservadores e liberais, respectivamente). Mas, não sendo um fator ideológico muito forte, apenas cirscunstancial, podia ser deixado de lado para que se unissem e restaurassem a ordem no país. Foi criado então o Clube da Maioridade, que pretendia antecipar a Maioridade do imperador-menino (tela acima), fortalecendo os ideais monárquicos. A imprensa, manipulando e incitando a população, colocava todos a favor da maioridade de Pedro, única soução aparente para restaurar a ordem e a paz. E assim foi o Golpe da Maioridade, em junho de 1840, trazendo o Brasil pra última e mais longa fase do Império Brasileiro: o Segundo Reinado, de 1840 a 1889, com a proclamação da República na mesma praça onde Pedro I foi aclamado Imperador: o Campo de Sant'Ana, chamada depois da Proclamação da República, de Praça XV.


Boas Provas!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Capítulo 8 - Energia

Os países, de maneira geral, dependem demasiadamente da energia para realizar todas as suas funções produtivas (industriais, comerciais...). Isso vem sendo assim desde a Revolução Industrial, quando o homem passou a realizar trabalhos com maquinário mais avançado e que utilizasse cada vez menos o potencial de energia animal. De lá pra cá, a produção de energia vem acompanhando a necessidade de utilização: com as Revoluções Industriais, a demanda aumenta, mas a obtenção de energia vai ficando mais eficaz. De tempos pra cá, especialmente depois da Segunda Revolução Industrial, os países subdesenvolvidos despontaram como utilizadores em larga escala de energia, necessária para desenvolvimento de seus setores industriais e econômicos. Com o aumento constante dessa demanda de energia sem haver um aumento análogo (similar) na produção (em especial pela atual escassez de recursos naturais), o futuro é incerto (caso a demanda ultrapasse a oferta, entraremos no ápice da atual crise energética mundial, gerando uma série de apagões). E, para evitar problemas futuros, os países estão cada vez mais investindo em novas fontes de energia (alternativa) para diversificar sua matriz energética, dependendo cada vez menos de certas fontes (em especial a do petróleo, hoje em dia).

Caso do Brasil
A matriz energética brasileira é extremamente diversificada, se comparada a outros países em desenvolvimento, ou mesmo desenvolvidos.
Fontes:
42% - Petróleo
23% - Gás natural
17% - Carvão mineral
11% - Nuclear
7% - Renováveis


Sistema Elétrico Brasileiro
Desde sua fundação, a estatal Eletrobrás é a empresa responsável pelo abastecimento energético do país, controlando as regionais Chesf (bacia do São Francisco), Furnas, Eletrosul e Eletronorte.
"A produção e a distribuição de energia elétrica no Brasil é feita a partir de dois grandes sistemas integrados: o sistema Sul-Sudeste-Centro-Oeste, que conta com aproximadamente da capacidade instalado do país, e o sistema Norte-Nordeste, responsável por cerca de 25%. As usinas isoladas constribuem com o restante."

Década de 90
Com o neoliberalismo e a idéia de Estado Mínimo, várias privatizações foram feitas, inclusive no sistema elétrico: 80% da distribuição e 20% da geração de energia elétrica são feitos por empresas privadas, sob fiscalização da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que é a agência reguladora de energia no Brasil, controlando a produção, distribuição e taxação da energia no território nacional.

Hidrelétricas
Apesar de chamadas "fontes limpas" de energia, as hidrelétricas trazem consigo grandes problemas, entre eles o problema ambiental: com o alagamento de grandes áreas, podem ser acarretados problemas ambientais envolvendo a biodiversidade do local, a produção de metano (pelas matas alagadas) e conseqüente poluição das águas, o deslocamento dapopulação ribeirinha e a valorização das terras ao redor da represa. Casos que podem ser estudados são os das usinas de Tucuruí e Balbina, que causaram grandes impactos e não produzem tanta energia quanto a usina de Itaipu, por exemplo, que alagou praticamente a mesma área e produz várias vezes mais que as outras duas reunidas.

Livro Mundo Sustentável
Com pequenas reportagens de atitudes locais, o jornalista André Trigueiro tece comentários e possíveis soluções para o consumo exagerado de recursos naturais. O nome do livro nos remete ao termo desenvolvimento sustentável, que quer dizer "o aproveitamento dos recursos de maneira a preservar para que as próximas gerações tenham oportunidades iguais às nossas". Desses textos do livro, sobre o assunto energia, seria bom que desse uma olhada nas páginas 199 e 207, que falam de maneiras alternativas de obtenção de energia.

Abraço, boas provas!

Capítulo 15 - Pobreza e desigualdades sociais

PIB - Produto Interno Bruto, é a soma de tudo que é produzido num país. É a medida de sua riqueza, do tamanho de sua economia.(O PIB dos EUA é o maior do mundo, só sendo ultrapassado pela União Européia, 27 países de 1º mundo unidos! O Brasil está na 12ª posição no ranking do PIB) Mas o PIB é uma medida que não leva em consideração os contrastes internos de cada economia: o valor é absoluto, levando em consideração a produção total, e não o que parte disso efetivamente está nas mãos da população em geral. Isso quem indica, de forma generalizada, é o PIB per capita, que é a divisão do PIB pelo número de habitantes do país. O resultado é uma média de quanto cada habitante teria, numa divisão igual. Mas a divisão está longe de ser igual, especialmente se levarmos em conta países de proporções continentais (geralmente subdesenvolvidos ou em desenvolvimento), como o Brasil, a Índia e a China, onde a maior parte da renda está concentrada nas mãos de poucos (empresas, corporações industriais e financeiras e a elite econômica desses países). Tudo fica mais evidente ao compararmos o rendimento dos 10% mais ricos do Brasil com o rendimento dos 40% mais pobres: os 10% lucram 20 vezes mais do que os 40%! E isso é refletido nas condições de vida desses dois grupos (luxo para uns, dificuldades e falta de oportunidade para outros).

A pobreza no Brasil, percentualmente, é maior no campo (39% da população rural) e menor na cidade (28% dos habitantes). Mas, em números absolutos, a situação se inverte: o ambiente urbano tem muito mais pobres. E isso vem desde o início da industrialização das cidades, quando houve uma grande demanda de mão-de-obra barata para os setores secundário e terciário. A falha também se encontra no início: com a grande quantidade de gente que vinha para a cidade, começou a se apresentar um quadro de inchaço populacional (crescimento descontrolado) e de déficit habitacional (concentração das terras), necessitando de alguma providência do governo, como planos de construção de casas populares, erradicação de favelas e invasões, etc. Mas, no Brasil o social nunca foi tomado como prioridade e, desde Vargas, a situação de moradia nas cidades brasileiras é algo precário.
Outra causa que se apresenta para explicar a alta porcentagem de pobreza no campo em detrimento da pobreza urbana é que, no campo, é realizada muitas vezes a agricultura familiar (a família trabalha unida), na qual não há rendimento fixo para os membros da família. Sendo assim, seu rendimento é considerado como sendo zero, o que, estatisticamente, aumenta a porcentagem de pobres. "Nas cidades, praticamente a totalidade da população ativa tem rendimentos, pois a unidade familiar de trabalho foi desagregada pela economia de mercado. Além disso, a linha de pobreza é sempre definida em patamares de rendimento superiores aos do meio rural. Nas cidades, o custo de vida é mais elevado, pois todos os itens que compõem as necessidades indispensáveis para o indivíduo exigem dispêndios monetários (gastos). No campo, de modo geral, roças familiares fornecem uma parte dos produtos para a alimentação, e os custos com habitação e transporte são reduzidos." (página 281) Ao migrar para as cidades, "a população pobre tem acesso precário à habitação e aos serviços públicos, devido à barreia constituída pelo mercado imobiliário. Impossibilitado de adquirir terreno e moradia no mercado imobiliário formal (de acordo com a lei; em Brasília, por exemplo, só se pode comprar terra pela empresa estatal Terracap), é levada a integrar-se ao espaço urbano por meio de um mercado clandestino de terras e casas que envolve loteamentos clandestinos na periferia, cortiços e favelas (e invasões). Uma "cidade clandestina", produzida à margem da legislação urbana, se desenvolve em torno e no interior da "cidade legal"". (pág 282)

As diferenças entre campo e cidade, em relação à pobreza, apresentam contrastes, se pegarmos regiões distintas do Brasil, por exemplo. "Enquanto no Nordeste mais da metade da população é pobre, no Sudeste aproximadamente 19% estão abaixo da linha da pobreza. Os contrastes são ainda mais evidentes quando comparamos a situação dos estados: enquanto no Maranhão os pobres representam 62% da população, em Santa Catarina a Pobreza atinge menos de 13%." (pág 279). E isso que ocorre em Santa Catarina, ocorre nos demais estados do Sul do país, aonde há menos contrastes entre a população urbana e a rural, sendo que "a pobreza no Brasil tem um forte componente regional, e a região mais pobre é aquela que apresentam maior proporção de pessoas vivendo no meio rural". Ou seja, a situação do campo no Sul, apresenta um quadro de maior desenvolvimento e menos desigualdades enquanto a situação no Nordeste é justamente oposta; isso é explicado pela maneira como foram direcionadas as forças produtoras e a maneira de produção nessas terras: enquanto no Nordeste foi usada mão-de-obra escrava para produzir monoculturas de exportação em latifúndios, no Sul predominaram os minifúndios de produção familiar (especialmente com a chegada dos imigrantes), com intenção de abastecimento do mercado interno, fortalecendo a comunidade agrícola dos estados ("desde cedo se desenvolveu uma vasta classe média rural. A estrutura agrária regional comportou-se como um colchão contra a pobreza" - pág. 280).

IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
Criado pela ONU com o objetivo de classificar os países quanto à condição de vida de suas populações, o IDH, que vai de 0 a 1 (quanto mais perto de 1, melhores as condições) leva em consideração três critérios de avaliação:
  1. a longevidade: a expectativa de vida de um país, que reflete as condições de saúde da população;
  2. a educação: avaliada por meio da taxa de alfabetização de adultos e da taxa bruta de esescolarização (porcentagem de jovens e crianças na escola);
  3. renda: medida pelo poder aquisitivo da população, por meio do PIB per capita.
O Brasil, com o pior IDH entre os primeiros 70 países, de IDH "alto", consegue maquiar os dados, fazendo com que seu IDH seja maior: no Brasil, todo adulto que consegue assinar seu nome não e mais analfabeto, é analfabeto funcional; é lei que toda criança deva estudar até a 4ª série, independente das condições de ensino e o pib per capita não revela o verdadeiro poder de compra da maior parte da população, que não partilha das benesses que o estrato mais alto da sociedade usufrui. Ou seja, se o IDH avaliasse esses fatores, o Brasil estaria num posição muito mais baixa do que a que ocupa hoje. À partir disso concluímos que o IDH, assim como o PIB absoluto, não é um bom fator de análise sobre o desenvolvimento de um país.


Trabalho infantil e trabalho "escravo"

No Brasil, desde a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), "é proibido qualquer trabalho a menores de 14 anos de idade, salvo, a partir dos 12 anos, na condição de aprendiz..." Depois, foi aumentada para 16 anos a idade mínima para admisão no trabalho e para 14 a idade para a condição de aprendiz. Mas, como tudo no Brasil tem um jeitinho "do mal", a condição de aprendiz é amplamente aceita, dando interpretações muito variadas do que é a condição de aprendiz. E o trabalho infantil, embora reduzido desde a promulgação do ECA, envolve ainda mais de 2 milhões de crianças/adolescentes, mais da metade no Nordeste.
"Apesar dos avanços recentes, o trabalho infantil continua a ser um dos mais vergonhosos atestados da condição de pobreza de milhares de famílias brasileiras, que precisam usar suas crianças para aumentar a produção no campo ou para complementar o orçamento doméstico das cidades. (...) O trabalho infantil compromete o rendimento escolar, quando não impede as crinças de estudarem. Além disso, e apesar da lei, um numero significante decrianças brasileiras trabalh em atividades penosas ou insalubres (sem condições básicas), o que afeta também suas condições de saúde." (pág 283)

"O trabalho infantil, entretanto, não configura, ainda, o limite extremo da exclusão social. Esse lugar é ocupado pela modalidade semelhante ao trabalho escravo, que resiste à história e à lei em milhares de propriedades rurais espalhadas pelo país" (pág 285).

O "sistema de barracão", desde tempos coloniais, funciona da seguinte maneira: os trabalhadores são empregados, "ganhando"as ferramentas de trabalho, as vestimentas e o transporte, que depois são debitados de seus rendimentos. Como isso custa muito, na maioria das vezes os salários não são suficientes para pagar o fazendeiro, ficando em dívida com ele, resultando no trabalho compulsório, "que se prolonga indefinidamente sob o controle de milícias privadas", que cuidam para que os trabalhadores não fujam.


Sobre o ECA: por mais nobre que seja a intenção de se defenderem os direitos dos jovens e crianças do Brasil, o ECA é hoje responsável pela atitude irreverente e irresponsável de muitos "de menores", que deitam e rolam em seus direitos (que são zilhões elevados a n, sendo que n é diferente de zero), não querendo saber de seus deveres, que não são citados no ECA.

Histologia Vegetal (II) e Fisiologia Vegetal (I)

Tecidos Vegetais adultos

  • Revestimento:
a) Epiderme: uma camada de células achatadas, sem clorofila, com os possíveis anexos: a cutícula (cera - de cutina, que evita a perda de água para o meio), o acúleo ("espinho" de defesa que sai do galho. ex: roseira), os estômatos (ou "células-guarda": poros entre células, que realizam as trocas gasosas) e os pêlos (tricomas; para defesa, quando no caule ou na folha e para absorção, na raiz).
b) Periderme: casca; substitui a epiderme em algumas plantas e só aparece na raiz e no caule. Dividido em três camadas: súber (camada externa, morta), felogênio (camada central gordurosa, manutenção térmica) e a feloderme (interna).

  • Parênquimas: células vivas, com função de fotossíntese ou reserva (ar, água ou amido).
  • Transporte:
a) Xilema ou lenho: conduz seiva bruta (sais e água). Células: traqueíde ou elemento de vaso (células mortas, compostas de lignina). Pode ser considerado um tecido de sustentação (é a própria madeira).
b) Floema ou líber: conduz seiva elaborada (açúcar e água). Células crivadas (sem núcleo, vivas).
  • Sustentação::
a) Esclerênquima (esclero = duro): composto por células mortas em formato de "estrela" (escleréide) ou em forma de linhas (fibra).
b) Colênquima: composto por células vivas, em formato hexagonal, com reforços de celulose em seus vértices.


Órgãos Vegetais

1- Raiz.

Função: fixação e absorção.

Anatomia externa, de baixo para cima:
  1. Coifa: tecido vivo de proteção.
  2. Meristema apical: crescimento vertical.
  3. Zona pilífera: pêlos de absorção de nutrientes do meio.
  4. Área de distenção: crescimento vertical da área de absorção.
  5. Área de ramificação (em raízes de dicotiledôneas: axiais ou pivotadas).
  6. Colo: transição raiz-caule.

Num corte transversal da raiz, podemos ver sua anatomia interna, dos cantos para o centro:
1. Epiderme
2. Parênquima
3. Endoderme: seleciona as células que entrarão no Cilindro vascular, criando uma faixa lateral de súber (também forma, junto com o parênquima, o Córtex)
4. Periciclo
5. Xilema
6. Floma (junto com o xilema e com o periciclo, forma o cilindro central ou vascular, que forma as raízes laterais - meristema 1°).

Tipos diferenciados de raiz:
• Axial ou pivotante (dicotiledôneas): raiz principal e raízes secundárias.
• Fasciculada ou em cabeleira (monocotiledôneas).
• Haustório (plantas parasitas): raiz sugadora.
• Pneumatófaro (mangue): raiz respiratória, virada para cima.
• Escora ou adventícea (mangue): raiz que sai do caule, dando sustentação
• Raízes tuberosas (comestíveis): acúmulo de reservas - cenoura, mandioca, batata-doce, beterraba, entre outras.


2- Caule

Analisando a estrutura anatômica externa, observamos 3 partes distintas no caule:
1. Meristema apical ou gema: no topo do caule, gera crescimento vertical.
2. Nó: divisão visível no caule (como no bambu e na cana).
3. Entrenó: região entre dois nós.

Para analisarmos internamente, precisamos separar monocotiledôneas de dicotiledôneas.
Nas mono, de fora para dentro:
1. Epiderme
2. Parênquima
3. Floema
4. Xilema (forma, junto com o floema, os feixes vasculares, que são desorganizados no parênquima).

Nas dicotiledônaas (estrutura primária), de fora para dentro:
1. Epiderme
2. Parênquima
3. Floema
4. Xilema
5. Câmbio (que divide xilema e floema nos feixe vasculares, equidistantes do centro.)

Ao se desenvolver, a dicotiledônea passa a ter a seguinte estrutura (secundária):
1. Periderme (substituiu a epiderme)
2. Floema
3. Câmbio
4. Alburno (parte ativa proveniente do xilema, condutor)
5. Cerne (parte inativa proveniente do xilema, só sustenta)

Obs: através de anéis (de crescimento) no cerne, podemos definir a idade de uma dicotiledônea:
• Anéis de verão ou estivais:: finos e nítidos, com mais lignina.
• Anéis de primavera ou primaveris: largos, mais claros, com menos lignina.


Tipos distintos de caule::
• Tronco: tem crescimento secundário (para os lados)
• Haste: só crescimento primário
• Colmo (em gomos): pode ser cheio (cana) ou oco (bambu)
• Estipe:: folhas em tufo, no topo do caule (palmeira)
• Rizoma: caule subterrâneo (samambaia)
- A batata (inglesa) é um rizoma com mais reservas, chamado tubérculo.
• Gavinhos: de apreensão, em espiral (uva, chuchu, maracujá.

Artrópodes

Filo Arthropoda
O filo dos artrópodes é o filo mais diverso do Cosmo, com mais de 1 milhão de espécies descritas.
  • Seres comumente conhecidos como insetos, crustáceos, aracnídeos.
  • Indivíduos cobertos por estruturas mais rígidas e com apêndices articulados (ambas são adaptações para a vida em ambientes secos).
  • São triblásticos, celomados, protostomados, de simetria bilateral.
  • Podem ser encontrados em meios aquáticos ou terrestres (secos).
  • Podem ser de vida livre ou parasitária.

Organização geral dos artrópodes:
Corpo metamerizado, com alta capacidade de tagmose (fusão de segmentos).
• 3 tagmas (partes) principais: cabeça, tórax e abdômen, podendo haver variações conforme a formação embrionária.
• Presença de apêndices articulados (para andar, nadar, caçar, copular, proteção).
• Presença de um exoesqueleto (de carbonato de cálcio ou quitina) cobrindo o corpo, o que evita a perda de água para o meio (adaptação à vida terrestre). O exoesqueleto, formado, não cresce, pois é rígido, mas o corpo do animal cresce e vai se contraindo dentro do exoesqueleto. Com a demasiada contração, o hormônio ecdisona enfraquece o exoesqueleto, possibilitando sua quebra, liberando o animal, que começa a secretar um novo exoesqueleto. Esse processo de troca de exoesqueleto é chamado ecdise ou muda.

Divisões do filo:
  • Trilobitas: artrópodes mais antigos, parte extinta.

Subfilos:
  • Crustacea: organismos especialmentee marinhos, com tagmose de cefalotórax (fusão de cabeça e tórax) e abdômen. Apêndices: 4 antenas (tetráceros), 10 patas (decápodes), sem asas (ápteros), um par de mandíbulas (não tem nome pra isso).
  • Chelicerata: organismos geralmente terrestres. Os indivíduos da classe Aracnida apresentam tagmose de cefalotórax e abdômen, sem antenas (áceros), 8 patas (octópodes), ápteros (sem asas), um par de quelíceras (apêndice para captura de alimentos e deposição de veneno, nas aranhas) e pedipalpos (para reprodução, nas aranhas, e como pinça, nos escorpiões), um par de fiandeiras (glândulas de teia, nas aranhas).
  • Uniramia: a mais diversa, divida nas classes:
  1. Insecta (formigas, gafanhotos): mais diversa do planeta, com tagmose de cabeça, tórax e abdômen; 2 antenas (díceros), 6 patas (hexápodes), 2, 1, ou nenhum par de asas (tetrápteros, dípteros ouu ápteros), com aparelho bucal diferenciado em mastigador, sugadorou lambedor. Dentro da classe, as espécies podem ter 3 tipos de desenvolvimento: ametábolo (direto, sem mudança - traças), hemimetábolo (direto, com mudança. o estágio inicial é chamado de ninfa) ou homometábolo (indireto, com fase larval - "pupa").
  2. Chilopoda (centopéias, lacraias): com tagmose de cabeça e tronco (tórax + abdômen); 2 antenas longas (díceros), 2 patas por segmento, 1 par de maxilípedes (diferenciação do 1° par de patas, espécie de mandíbula, venenosa).
  3. Diplopoda (piolhos de cobra, embuás): com tagmose de cabeça, tórax e abdômen; 2 antenas curtas (díceros), 1 par de patas por segmento torácico, 2 pares por segmento abdominal.
(Obs: 2 e 3 já foram chamadas de Miriápodes, uma denominação antiga).

Sistemas:
  • Sistema digestório completo (regiões diferenciadas, como o hepatopâncreas e os cecos gástricos), com digestão puramente extracelular
  • Sistema circulatório (fluxo de O2, CO2 e resíduos) aberto ou lacunar, sendo a hemolinfa o sangue dos artrópodes, impulsionada por um coração encontrado na região dorsal, com cavidades chamadas hemocelas.
- Nos crustáceos e aracnídeos, a hemolinfa possui hemocianina (pigmento respiratório que transporta O2). Já nos insetos, não há pigmentos respiratórios, sendo que a hemolinfa transporta apenas nutrientes.
  • Sistema respiratório (trocas gasosas com o meio): branquial, nos crustáceos, traqueal, nos indivíduos do subfilo uniramia e alguns aracnídeos - o traqueal é como que um sistema de ventilação de um prédio: poros (espiráculos) captam O2 na superfície do corpo e o conduzem por troncos traqueais até os sacos aéreos (espécie de pulmão) e o filotraqueal - adaptado a respiração aérea, conhecido como pulmão foleáceo, presente nos aracnídeos.
  • Sistema excretor:
- Glândulas verdes ou antenais: presentes nos crustáceos, localizam-se na região da cabeça.
- Túbulos de Malpighi: presentes em insetos e alguns aracnídeos, são tubos que localizam-se na região posterior, ladeando (ficando ao lado) o final da cavidade intestinal.
- Glândulas coxais: presentes nos aracnídeos, localizam-se na parte ventral, perto do início do tubo digestório
  • Sistema nervoso ganglionar: gânglios cerebrais são ligados a um cordão nervoso na parte ventral do corpo do artrópode, ligados a pares de gânglios.
  • Sistema sensorial: pêlos táteis (receptores químicos e mecânicos), olfato, paladar, audição, visão (ocelo - pseudo-olho, olhos simples, e olhos compostos).

  • Reprodução: espécies dióicas (não - hermafroditas), com fecundação interna ou externa, sendo que o desenvolvimento pode ou não ter fase larval (indireto ou direto).
- Reprodução assexuada: partenogênese - o óvulo se desenvolve sem a necessidade de um gameta masculino (ocorre em zangões em abelhas e no escorpião amarelo, fêmeas).

Nutrição

Nutrição

Tudo aquilo que ingerimos e que nosso corpo necessita para seu correto funcionamento, pode ser generalizado como nutriente. Os nutrientes podem ser divididos em grupos nutricionais: Carboidratos, Proteínas, Gorduras, Fibras, Vitaminas e Sais Minerais. Analizemos cada um deles.
  • Carboidratos: também conhecidos como glicídios ou açúcares, os carboidratos são nutrientes energéticos, fornecendo a energia para as reações metabólicas de crescimento e manutenção do corpo, assim como as atividades físicas. Eles se apresentam, nos alimentos, na forma de cadeias longas, os polissacarídeos, que são quebrados e transformados em carboidratos de cadeias simples, os monossacarídeos. São muito importantes na formação das estruturas genéticas do organismo (DNA e RNA), assim como na unidade energética mais importante, a ATP. Algumas das fontes: açúcares, massas, arroz, batata, cereais, leite e derivados.
  • Proteínas: são nutrientes plásticos, responsáveis pela estruturação das unidades básicas do organismo (células, alguns hormônios e outras substâncias ativas). Apresentam-se nos alimentos em forma de polipeptídeos (cadeias longas de aminoácidos), que se quebram em aminoácidos. Algumas fontes: carnes, ovo, soja, milho e feijão.
  • Gorduras: tratadas geralmente como lipídeos, são nutrientes energéticos, como os carboidratos, fornecendo energia para reações metabólicas ou dissolvendo vitaminas (veremos adiante). Formam uma camada de tecido adiposo sob a pele, responsável pelo controle térmico do corpo. Quando quebrados, os lipídeos são encontrados em forma de glicerol e ácidos graxos. Os ácidos graxos são cadeias carbônicas que podem ser saturadas (gordura propriamente dita) ou insaturadas (óleos); isso define a facilidade em compactar esses ácidos: os saturados são mais dificilmente compactados que os insaturados, acumulando-se com facilidade, podendo bloquear vasos condutores, se em excesso. Além dos ácidos graxos e glicerol, os lipídeos também dão origem a esteróides, estruturas que compõe hormônios e colesterol, entre outros. Colesterol é um dos componentes das membranas celulares e, dependendo da concentração da proteína que o transporta, ele pode ser classificado como:

- HDL: lipoproteína de alta densidade ou High Density Lipoproteyn, também conhecido como colesterol bom, capaz de retirar o excesso de colesterol acumulado no corpo.
- LDL: lipoproteína de baixa densidade ou Low Density Lipoproteyn, conhecida como "colesterol ruim", que se acumula nos vasos sangüíneos, podendo causar entupimento desses (aterosclerose).
- VLDL: lipoproteína de baixíssima densidade ou Very Low Density Lipoprotetyn, ocorrência mais rara (sem especificações).

  • Fibras: são nutrientes que não podem ser absorvidos pelo corpo, mas regulam o funcionamento do sistema digestivo, deixando as fezes mais macias (e confortáveis) e volumosas, evitando a prisão de ventre e outros distúrbios intestinais. É tipo o que o ACTIVIA faz. Fontes: folhas verdes, talos.
  • • Vitaminas: fazem a regulagem de processos químicos no corpo, entre eles o de conversão de lipídeos em energia. Das vitaminas, podemos destacar: C, complexo B, K, A, D e E, separadas em Hidrossolúveis (dissolvem em água - C e complexo B) e Lipossolúveis (dissolvem em gordura - K, A, D e E).
- C: combate os radicais livres (íons soltos no corpo que podem fazer ligações erradas com componentes do organismo), estimula o sistema nervoso, aumenta a absorção de ferro, protege os vasos sangüíneos e atua na saúde dos dentes.
- complexo B: são antioxidantes, atuando na defesa do sistema nervoso.
- K: atua na coagulação do sangue.
- A: protege as estruturas pulmonares e dos órgãos dos sentidos, em especial o olho. Sua falta pode causar a "cegueira noturna"".
- D: importante na metabolização de Cálcio, atuando na ossificação e na defesa dos dentes.
- E: garante a fertilidade do indivíduo e trabalha no sistema nervoso e muscular, na parte dos comandos involuntários.

  • Sais minerais:: importantes nas reações metabólicas, nas secreções glandulares, no equilíbrio dos fluidos corporais e na formação dos ossos, principalmente.
- Cálcio: músculos, ossos, nervos, coagulação e contração muscular.
- Ferro: hemoglobina e respiração celular.
- Flúor: ossos e dentes.
- Fósforo: DNA, RNA e ATP, ligado a carboidratos.
- Iodo: hormônios da tireóide
- Sódio: matriz extracelular, impulsos nervosos.
- Potássio: contração muscular, nervos.

**Pirâmide alimentar: indicação de uma dieta saudável e balanceada.


** IMC: Índice de Massa Corporal = Peso (kg)/Altura ao quadrado (m)

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Histologia Humana (II)

Tecido Conjuntivo Ósseo
Mantém a forma do corpo, formando o esqueleto da maioria dos invertebrados. Liga-se a músculos, participando também no aparelho motor do corpo (movimentação).
- Células: osteoblastos, células secretora (produtora) de matriz, com longas projeções de seu citoplasma. Inativos, os osteoblastos reduzem suas projeções e passam a ser chamados de osteócitos (as projeções servem de pequenos canais de comunicação entre os componentes do tecido). Há também os osteoclastos, grandes células polinucleadas responsáveis por "limpar" o osso, destruindo e absorvendo a matriz óssea de áreas lesadas ou envelhecidas, renovando a área; sua ação é concomitante (ECA, FADUL, concomi-quem?... concomitante = ao mesmo tempo) à ação dos osteoblastos, que repõe a matriz que foi destruída.
- Matriz intercelular: composta por uma parte orgânica (35%) e outra inorgânica (65%). A parte orgânica é composta pela substância amorfa (mucopolissacarídica, assim como no tecido cartilaginoso) e pelas fibras colágenas. A parte inorgânica, responsável pela "dureza" do tecido, é composta de Fostatos (de cálcio e magnésio) e Carbonato de cálcio.

As células e a matriz, no tecido ósseo, organizam-se em osteônios, que são camadas concêntricas de matriz óssea (ou lamelas), por onde passam vasos sangüíneos e nervos. Os osteônios, há um tempo atrás, eram chamados de "sistemas de Havers": os vasos longitudinais (horizontais) eram os canais de Havers e os vasos transversais (verticais) eram os canais de Volkmann (não precisa decorar, só precisa saber).



  • Perióstio: como os osteoblastos não se multiplicam nem os osteócitos ressuscitam, precisa haver reposição de osteoblastos no tecido, assim como era no tecido cartilaginoso. E, assim como no tecido cartilaginoso, existe um tecido conjuntivo propriamente dito (fibroso, ou denso não-modelado) que envolve o tecido e realiza a reposição celular.

  • Ossificação
O processo de formação do tecido ósseo se dá da seguinte maneira:

No início, há apenas a estrutura cartilaginosa, que começa a produzir uma matriz calcificada no centro (processo de ossificação primária), que vai se extendendo para as extremidades. Um vaso sangüíneo do pericôndrio, entra na cartilagem, atingindo a matriz calcificada; esse vaso começa a ramificar-se e é chamado de artéria nutridora. O pericôndrio se digitransforma, dando origem ao perióstio, que agora produzirá células ósseas, e não mais cartilaginosas. Com a extensão da parte calcificada e da artéria nutridora, começa a calcificar a parte mais extrema da matriz cartilaginosa (processo de ossificação secundário). Com a ossificação total, forma-se a medula óssea (ou tutano), que é tecido hematopoiético (veremos mais a frente); as junções das extremidades do osso são esponjosas, com a matriz "porosa" e coberta de cartilagem articular (articulações), possibilitando o crescimento dos ossos durante o crescimento do indivíduo.

Já o processo de restituição óssea ("bone remodeling") em casos de lesão, ocorre da seguinte forma:

Na área lesionada, os osteoclastos se concentram e destroem todo a matriz afetada, sendo seguidos por um cordão de osteoblastos, que reconstituem a área lesionada.
O mesmo ocorre quando há fratura completa do osso e uma parte é separada da outra: as duas partes têm de ser mantidas em contato para que os osteoclastos e osteoblastos ajam. É preciso que o osso seja reposicionado da maneira certa, pois da maneira que ele for "reencaixado", assim ele será recalcificado; se o osso não ficar na posição original, ele calcificará tortuosamente.
Geralmente, forma-se um "calombo" ao redor da lesão ou da fratura, pois há uma superprodução/superatividade dos osteoblastos, gerando mais matriz do que o necessário (é isso também que ocorre no calejamento: gera-se uma pequena lesão para que a área fique mais "calombada" e rígida).

  • Osteoporose
A osteoporose é uma doença degenerativa que ataca o tecido ósseo, deixando-o poroso (daí o nome). Suas causas são diversas, que vão de tendência genética a problemas alimentares (dieta pobre em cálcio). O que ocorre também varia: queda na produção de osteoblastos, não havendo reposição eficaz de matriz, deixando "vazios" entre as células, os poros. Pode estar relacionado com distúrbios hormonais e sangüíneos, também.






Tecido Conjuntivo Hematopoiético
Responsável pela (hematopoiese) formação, desenvolvimento e maturação de elementos do sangue e da linfa (componente do sistema linfático, grande responsável pela defesa do corpo). O tecido hematopoiético localiza-se na medula óssea vermelha (interior dos ossos), timo, baço, linfonodos, entre outros órgãos linfáticos.
- Células: hemocitoblastos, ou também chamados células-tronco adultas (pluripotentes), que se diferenciam em células componentes do sistema sangüíneo ou linfático.
- Matriz: substância amorfa líquida (muita água) e pouquíssimas fibras proteicas (não faz muito sentido falar de fibras - que dão sustentação, num tecido líquido.

Tecido Conjuntivo Sangüíneo
Atua como transportador e distribuidor rápido de substâncias pelo corpo, participando na defesa interna do corpo. O tecido sangüíneo, o próprio sangue, corre no interior de vasos (veias e artérias).
- Células (é uma porrada!):

(esquema das células e sua origem)

  • Eritrócitos (também conhecidos como hemáceas ou glóbulos vermelhos): anucleadas, cheias de hemoglobina, uma metal-proteína (Fe) que têm afinidade com Oxigênio, sendo responsável pelo transporte deste pelo corpo. A hemoglobina recebe prefixos de acordo com as ligações: se não estiver ligada a nenhum gás, é chamada deoxy-hemoglobina; ligada ao O2, oxy-hemoglobina e ligada a CO (monóxido de carbono), é chamada de carboxy-hemoglobina (quando há a ligação com o CO, há o risco de insuficiência respiratória, pois o CO impede a ligação da hemoglobina com o O2, impossibilitando a respiração celular e causando, conseqüentemente, parada respiratória).
  • Trombócitos (ou plaquetas): são fragmentos de células gigantes (megacariócitos) da medula óssea. São responsáveis pelo processo de coagulação sangüínea.
  • Leucócitos (glóbulos brancos): diversos tipos de células, ligadas à defesa do organismo (por fagocitose ou produzindo proteínas de defesa). ALguns tipos:
  1. Neutrófilos: fagocitando agentes invasores, sem papo, constituem a primeira linha de defesa do organismo.
  2. Basófilos: atuantes em processos alérgicos. Atuam através da histamina e heparina (aumentam a capacidade de irrigação dos órgãos e de coagulação, respectivamente).
  3. Eosinófilos: atuam em processos alérgicos, também secretando histamina.
  4. Linfócitos: podem inativar os corpos estranhos, produzindo anticorpos (linfócitos B); podem atacar diretamente os agentes invasores, com proteínas e/ou fagocitose (linfócitos T-matadores ou CD8) e podem regular os outros linfócitos (T-auxiliares ou CD4).
  5. Monócitos: atravessam as paredes dos vasos (= fazem diapedese), entrando em outros tecidos e diferenciando-se em macrófagos ou osteoclastos, ajudando na recuperação desses tecidos, quando lesionados. Têm alta capacidade de fagocitose.
  6. Células dendríticas: fazem diapedese e podem fagocitar células invasoras, emitindo projeções de sua membrana plasmática (pseudópodes).
** Diapedese: processo de passagem de células do sistema sangüíneo para tecidos adjacentes ("grudados"), através de poros capilares nos vasos. A proteína histamina é responsável pela dilatação desses poros, aumentando a capacidade de diapedese.

  • Processo de coagulação:
O processo de coagulação é o mecanismo que o corpo tem de cessar sangramentos, evitando perdas muito grandes de sangue em áreas lesionadas, causando hemorragias. Esse processo acontece em forma de cascata (uma coisa gera a outra, e sem um elemento não é possível completar o processo): plaquetas se instalam na região lesionada, fora do vaso sangüíneo, liberando a proteína Tromboplastina, que combina-se com a Protrombina (produzida no fígado através da vitamina K) e com o Cálcio (proveniente do sangue), gerando o complexo proteico chamado Trombina. A Trombina liga-se ao Fibrinogênio (da matriz do sangue, chamada plasma), gerando a Fibrina, responsável direta pela coagulação. A fibrina vai acumulando na região de ruptura do vaso, criando uma malha proteica, que estanca o sangramento.

**Hemofilia: predisposição genética que gera uma queda na produção de plaquetas e, conseqüentemente, na capacidade de coagulação, gerando hemorragias sérias, causando a morte, se não for feita, regularmente, uma reposição plaquetária (no posto de saúde mais perto da sua casa, ou não).

- Matriz: também chamada de plasma. Composta de substância amorfa líquida (muita água) e raríssimas fibras. Responsável pelo transporte de diversos nutrientes.

Resumindo o sistema sangüíneo:







Tecido Muscular
De origem mesodérmica, faz o revestimento de estruturas e órgãos, concedendo-os a capacidade motora (de movimentar-se).

As células, em geral, são alongadas (miócitos) com alta capacidade de contração e relaxamento, graças à grande quantidade de fibras protéicas (fibrilas) dentro das células.
**Quando for mencionada fibra muscular, é o mesmo que falar de células musculares.

O tecido muscular, em geral, divide-se em 3 tipos distintos, de acordo com função e estruturação:
1. Liso ou visceral: células curtas e fusiformes, mononucleadas, sem estrias. Suas contrações são involuntárias e lentas. Reveste as vísceras (órgãos internos, especialmente nas áreas abdominais, formando os peristaltismos (movimentos involuntários controlados por condições do meio, atuando na digestão, por exemplo).
2. Estriado esquelético: células longas e cilíndricas, polinucleadas e com estrias. Suas contrações são voluntárias e rápidas. Forma o que conhecemos como "carne" (revestimento do esqueleto, dando a capacidade de movimentação).
3. Estriado cardíaco: presente apenas no coração, tem células curtas e ramificadas, podendo ser mono ou polinucleadas, com estrias. Suas contrações são involuntárias, rápidas e simultâneas (para aumentar a eficácia de bombeamento de sangue). Para que isso aconteça, existem na superfície do músculo os chamados discos intercalares, que dividem e subdividem os impulsos nervosos entre as fibras musculares do miocárdio (próprio músculo do coração). O conjunto de discos intercalares é chamado marca-passo (quando há falência do marca-passo, pode ser introduzido um artificial, que controle os batimentos).

As fibras musculares organizam-se em feixes (os feixes permanecem unidos por tecidos conjuntivos tendinosos, como o epimísio, o endomísio e o perimísio). Um conjunto de feixes musculares forma um músculo.

As fibras musculares, internamente, são constituídas, entre outros, por fibras protéicas (chamadas miofibrilas), separadas em fibras de aquitina e fibras de miosina, que se interligam em estruturas denominadas sarcômeros, delimitados por Linhas Z (cadeias de actina). É nessas estruturas que observamos a contração muscular.

- Contração muscular: a miosina, estimulada por impulso nervoso, cálcio (dos retículos sarcoplasmáticos, presentes dentro das células) e ATP (energia), muda de forma, puxando as fibras de actina "para dentro", contraindo o sarcômero (acontece em todos os sarcômeros de todas as fibras, de todos os feixes, contraindo o músculo).
**Os retículos sarcoplasmáticos armazenam cálcio, liberando-o na contração. O espaço deixado pelo cálcio é preenchido temporariamente por dois átomos de potássio. Quando acontece do potássio não desocupar os retículos, há excesso de cálcio no sistema sarcomeral, impossibilitando o relaxamento, gerando a dor conhecida como câimbra.

- Hipertrofia muscular: é o aumento do músculo, podendo ocorrer da forma "de boa" ou do jeitinho "do mal". A primeira ocorre com o aumento do número de sarcômeros dentro do músculo, decorrente de esforço muscular progressivo, contínuo e acompanhado de uma dieta regular de nutrientes. A segunda forma é pelas bombas, ou anabolizantes, que aumentam a quantidade de hormônios em circulação, alterando o processo de crescimento natural do músculo. Os efeitos podem ser drásticos, gerando, a longo prazo, infertilidade e aumento das características sexuais secundárias do sexo oposto.