quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Industrialização Brasileira e Espaço Industrial

Capítulo 6 = base histórica para entender o 7
Processo Histórico de industrialização no Brasil
  • 1930 - Getúlio Vargas acaba com a política do café com leite e implanta uma política econômica de substituição de importações, produzindo no Brasil o que antes era importado. As principais indústrias, de base e de bens de consumo não-duráveis, foram instaladas no sudeste, sendo bancadas pelo capital estatal e privado-nacional (burguesia cafeeira), respectivamente. Foi o primeiro e, de certa forma, maior surto de desenvolvimento industrial no país.
  • 1955 - Juscelino Kubitschek inicia a política dos "50 anos em 5", planejando industrializar o Brasil a passos largos. Continuou com o modelo de substituição de importações, mas aceitouo a entrada de capital multinacional, em especial na indústria de bens de consumo duráveis (automobilística, por exemplo). Mudou o Distrito Federal da cidade de Guanabara para o nordeste do estado de Goiás, instituindo a capital federal na recém construída Brasília. A economia industrial do Brasil baseia-se no tripé econômico capital estatal - capital privado-nacional - capital multinacional.
  • 1964 - o marechal Castello Branco deu um golpe de estado, iniciando o período chamado de ditadura militar. Com a ditadura militar, ocorreu, no início da década de 70, o chamado milagre econômico: obras gigantescas financiadas por capital estatal (ponte Rio-Niterói, Trans-Amazônica, ascenção da PetroBrás), economia cada vez melhor. Para poder financiar suas obras faraônicas, o governo fez uma grande quantidade de empréstimos de outros países. Na época, os juros eram baixíssimos, mas veio a crise do petróleo em 73, que elevou o preço do petróleo e aumentou exacerbadamente os juros, fazendo com que a dívida multiplicasse, de forma a ficar impagável. A crise do petróleo afetou mais diretamente ainda a economia pois o Brasil, desde Vargas, era um país rodoviarista, necessitando diretamente de combustíveis para o escoamento da produção. Com os juros altos, veio a inflação e, conseqüentemente a recessão (déficit na economia). A década de 80 é conhecida como "década perdida".
  • Década de 90 -com o fim do regime militar, vem também o fim do sistema de substituição de importações, trocado pelo novo modelo baseado no neoliberalismo econômico, que prega uma menor intervenção do estado na economia (como diria F.Mendes: "estado mínimo, economia máxima") e uma maior participação de capital multinacional na economia dos países. A participação do capital estatal, então, diminui no tripé econômico, dando mais lugar para o capital multinacional ( ou transnacional). Os governos, agora democráticos (escolhidos pelo povo), tentam reformar a economia e tirar o país do estado de recessão.
- Sarney: tenta mudar a moeda e congelar os preços para controlar a inflação galopante. Fracassa.
- Collor: consegue, por algum tempo, estabilizar a inflação com o Plano Collor e a mudança de moeda, mas é obrigado a renunciar (Impeachment) devido a acusações de esquema de corrupção.
- Itamar: vice de Collor, assume no fim do mandato e, com Fernando Henrique como Ministro da Fazenda, cria o plano Real, que iguala a moeda ao dólar e freia a inflação.
- FHC: elege-se em 1994 com a fama do Plano Real. Sua principal bandeira é a neoliberal: ele reduz a participação do Estado na economia ao privatizar várias companhias estatais, como a Vale do Rio Doce. Perde popularidade em seu segundo mandato (1998-2002) pois a economia declina e o Real chega a valer 1/4 do dólar.
- Lula: "do povo", Lula chega ao poder com propostas inovadoras na parte social. A economia melhora, apesar de todos os escândalos. Isso continua no segundo mandato, que dura até hoje. No segundo mandato (2006-2010), o porta-bandeira de Lula é o PAC, Programa de Aceleração do Crescimento, que destina verbas para obras de infra-estrutura (hidrelétricas, rodovias, conjuntos habitacionais, etc.). Um dos objetivos é a criação de uma nova bacia de drenagem, de modo a escoar melhor a produção, criando e reestruturando os eixos (ou vias) de circulação (rodovias, hidrovias, ferrovias), ajudando a desenvolver melhor as regiões fora do eixo Centro-Sul (Região Concentrada).

Observação: O Brasil, com a introdução do sistema neoliberal econômico, entra no mercado global, fazendo intercâmbio multidirecional (ligado a vários mercados ao mesmo tempo, não dependendo exclusivamente de um) e virando um Global Trader.

Conceitos:
- Custo Brasil: conjunto de fatores negativos internos que criam entraves para a competitividade e para o crescimento econômico do País.
- Risco Brasil: fator (risco-país) que indica a situação do país em relação à confiabilidade e rentabilidade dos investimentos. Por exemplo, quanto menor o Risco Brasil, mais fácil é atrair investidores para cá.


Capítulo 7 - O Espaço Industrial

A manutenção/ocupação de um espaço industrial se dá de maneira cíclica:
  • Economia de aglomeração (ou de escala): fatores como capital e mão-de-obra disponíveis, vias de circulação, presença de mercado consumidor, matéria-prima e energia que criam um espaço favorável para a instalação e o desenvolvimento de um núcleo industrial em certo local.
  • Concentração industrial: quando instaladas as primeiras indústrias numa região, outras indústrias similares são atraídas, aumentando a competitividade, baixando os preços e aumentando a quantidade de empregos. Isso é um atrativo para populações de outras localidades próximas, que começam a trabalhar nesses núcleos industriais (geralmente urbanizados).
  • Saturação: depois de certo tempo, o núcleo começa a saturar. Muita competitividade, menores salários, desemprego, aumento dos sindicatos, da burocracia, dos impostos e, conseqüentemente, queda drástica da qualidade de vida (mais stress, poluição, etc.). Isso gera um desinteresse por aquele espaço e uma tendência ao deslocamento das indústrias, da mão-de-obra e assim por diante.
  • Deseconomia de aglomeração (ou de escala): junção dos fatores negativos (saturação) que leva os investimentos a procurar locais com melhores vantagens comparativas (economia de escala). Assim, há uma desconcentração industrial na região que antes era concentrada. Pelo menos é assim na teoria.
  • Descentralização na concentração: na prática não ocorre a desconcentração (pelo menos não no Brasil). O que ocorre no Brasil é uma descentralização na concetração, ou seja, a região que era concentrada, começa a buscar áreas vizinhas para escoar produção, investimentos, mão-de-obra, de modo a ter um mercado mais complexo, com maior variedade de produtos (comodidades industriais e comerciais). Isso é visível na região concentrada (Sudeste-Sul): São Paulo ficou saturada, mas não ocorreu uma desconcentração, apenas parte das indústrias foram para o interior e para os estados vizinho que, interligados com São Paulo, ainda formam uma região concentrada (não-centralizada).

Relação entre industrialização entre industrialização e metropolização:
com o advento de indústrias numa região, vêm com ela oportunidades de investimento em vias de circulação (para integrar aquela região), em conjuntos habitacionais (para os trabalhadores) e em outras indústrias que complementem ou que competam com as indústrias já estabelecidas. Investimento atrái investimento, e assim o núcleo industrial se torna um núcleo urbano, que cresce e vira uma metrópole.

Triângulo SP-BH-RJ
Todas as três cidades localizadas no Sudeste, coração econômico e industrial do país. São Paulo cresceu especialmente com o café e com os imigrantes. Estando perto do porto de Santos, um dos maiores do país, atrái indústrias. Belo Horizonte, planejada para ser um pólo industrial que recuperasse Minas do declínio da mineração, atraiu os investimentos das elites mineiras. Rio de Janeiro, antes de perder o título de capital federal, tinha altos investimentos estatais e abundância de vias de circulação (característica que vem desde Brasil-Colônia). Ligando essas três cidades , temos um triângulo com os maiores tecnopólos brasileiros (interior de SP), com as principais indústrias de base (MG) e o Vale do Paraíba, região que liga SP-RJ, formando a suposta megalópole incompleta brasileira, com vários pólos industriais. São todas as três cidades com ampla influência na economia nacional.

Industrialização das regiões brasileiras (alguns aspectos):
  • Sudeste: triângulo SP-BH-RJ, grande integração dos estados, alta concentração de vias de circulação, mão-de-obra qualificada, centro econômico do país (vantagens comparativas).
  • Sul: com a imigração e com a descentralização da concentração industrial do Sudeste, o Sul pôde desenvolver seus pólos industriais, com mão-de-obra qualificada e grande ligação com o Sudeste.
  • Centro-Oeste: alavancado pelo Sudeste e pela transferência da capital para Brasília, o Centro-Oeste tem grande parte de suas indústrias voltadas para o agronegócio (em especial, na produção de grãos - exportação).
  • Nordeste: a industrialização do Nordeste é associada, principalmente, ao modelo de substituição de importações que gerou uma desconcentração industrial nacional e uma concentração das indústrias em nível regional, juntamente com a valorização das indústrias nacionais. Com a criação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, 1960), com incentivos fiscais (impostos de produção menores ou inexistentes), investimentos foram levados do Centro-Sul para o Nordeste, para áreas de produção de energia (hidrelétricas), pólos petroquímicos(Camaçari-BA). Mas tudo isso gerou uma concentração (de renda e de produção) nas metrópoles e cidades litorâneas ligadas, principalmente, às capitais dos estados. A tentativa agora é interiorizar a produção e criar novos pólos industriais (tecnopolos), com incentivos do governo (PAC, por exemplo).
  • Amazônia: existem algumas aglomerações industriais (Zona Franca de Manaus, por exemplo) na região amazônica, graças a investimentos nacionais e multinacionais que foram atraídos por incentivos da parte do governo (isenção de impostos). Além da Zona Franca, existem vários focos de industrialização, especialmente controlados por indústrias metalúrgicas/siderúrgicas (Vale do Rio Doce, especialmente, Alumar, Alunorte, etc.).

Eixos de industrialização (Rio e São Paulo):
  • Com o intuito de se formar uma megalópole conurbada, Rio e São Paulo (décadas de 40,50) tiveram o desenvolvimento industrial seguindo a Via Dutra, rodovia que liga as duas cidades pelo Vale do Paraíba. Com a mudança da capital para o Centro-Oeste (60) e conseqüente estagnação da economia carioca (fuga de investimentos), as indústrias pararam de avançar pelo Vale do Paraíba. Vendo isso, as indústrias de São Paulo começaram a migrar para o interior do Estado e para o litoral, ligando, num triângulo imaginário, São Paulo - Campinas - Santos. Para o litoral, havia Santos, grande porto de importação/exportação. Para o interior, havia Campinas, Ribeirão Preto, São José dos Campos: cidades com vantagens comparativas (como mão-de-obra qualificada e matéria-prima) que abrigam, hoje, os principais tecnopólos do País.

Divisão Territorial do Trabalho e relação Centro-Periferia.
O Sudeste, como pólo impulsionador do progresso do País, pode ser comparado como um país desenvolvido (central) no contexto mundial, enquanto o resto do país é comparado com países periféricos. Tais comparações se dão no seguinte sentido: o sudeste, assim como os países desenvolvidos, tem a mão-de-obra qualificada, os melhores produtos, a alta tecnologia; as demais regiões, como países periféricos, têm a mão-de-obra barata, a matéria prima abundante, as oportunidades de investimentos mais rentáveis, impostos mais baratos... Nessa relação, o Sudeste atrái a matéria prima e a mão-de-obra do resto do país, gerando a riqueza e suprindo o país com produtos.

Um comentário:

Anônimo disse...

as montadoras estrangeirasa comecar pelas europeias,aceitaram a convite e instalaramsuas fabricas no Brasilao lado das empresas ja em operacao no pais,a fabrica Nacional de Montores\FNM\,a inicialmente alguns caminhoes,e a vemag\automoveis e ultilitarios\ambas de capital nacional.Avemag foi comprada pela Alfa romero e posteriormente imcorporada a fiat. bjxxx... samara