quarta-feira, 18 de junho de 2008

Revolução Inglesa - REVISADO

Revolução Burguesa: ascensão da Burguesia ao poder político e à sua consolidação econômica de maneira drástica e violenta, gerando uma sociedade guiada pelos interesses burgueses.

A Revolução Inglesa do século XVII foi uma revolução burguesa que pode ser explicada em dois momentos (ou duas Revoluções distintas): Revolução Puritana e Revolução Gloriosa.Distinções entre as duas fases:

- Liderança: na Puritana, os líderes eram da média burguesia e calvinistas (principal: Oliver Crommwell). Já na Gloriosa, a alta burguesia é quem lidera.

-Participação popular: na Puritana, o povo tem importância ímpar ao lutar no Novo Exército Modelo (New Model Army). Na Gloriosa, o povo fica de lado, especialmente por não concordar mais com os ideais burgueses.

-Luta: guerra civil, movimentos políticos dentro do Exército e derramamento de sangue marcaram a Rev. Puritana enquanto que, na Gloriosa, o derramamento de sangue foi muito menor por terem sido utilizados meios políticos para a derrubada do regime regente.


Contexto histórico da Revolução Inglesa

Voltando um século, para o XVI, nos deparamos com a Dinastia Tudor no trono. Durante seu reinado, podemos observar os acontecimentos que deram à burguesia as condições necessárias para, um século depois, efetuar sua revolução: o anglicanismo, o mercantilismo, os saques e a pirataria, que geraram a acumulação de capitais e o desenvolvimento e crescimento da burguesia. São criados os monopólios da Coroa - produtos que só podiam ser comercializados pela Coroa.

Depois dos Tudor, os Stuartsubiram ao trono (século XVII). Os Stuart tendiam para um lado mais católico do anglicanismo, procuravam manter os privilégios absolutistas da Coroa e da nobreza, ampliaram os monopólios da Coroa e fizeram uma política de aumento constante de impostos. Uma das únicas medidas que podemos citar que, de certa forma, favoreceu a burguesia, foi a generalização dos cercamentos e aumento do número de arrendamentos. Nesses cercamentos e arrendamentos podemos observar burgueses e a gentry, média nobreza que estava mais ligada com a burguesia mercante que com a própria nobreza.

No ano de 1625, após a morte de Jaime I, ascende ao trono Carlos I. Em 1626, o rei convoca o Parlamento a fim de aumentar os impostos. O Parlamento ficou dividido: a Câmara dos Comuns (burgueses), foi contra a majoração; a Câmara dos Lordes (nobres) aprovou, com exceção da gentry. O rei, vendo o impasse, dissolve o Parlamento e aumenta os impostos. Mesmo dissolvido, o Parlamento endereça ao rei a Petição dos Direitos, documento que exige que o Parlamento seja sempre consultado em relação a aumento de impostos, que o Parlamento seja permanente e controle o Exército. O rei não legitima a Petição e o Parlamento fica inativo até 1640. Nesse ano, o norte da Inglaterra é invadido por nobres escoceses e Carlos I convoca o Parlamento para a criação de um novo imposto para bancar a guerra. Novamente o Parlamento entra num impasse: a nobreza tradicional apóia o imposto enquanto a burguesia e a gentry dizem não. Carlos I tenta dissolver o Parlamento, mas os burgueses, liderados por Oliver Crommwell, montam um exército (os Cabeças-Redondas) para enfrentar o rei e a nobreza tradicional (Exército dos Cavaleiros). Começa aí, efetivamente, a Revolução Puritana. Esse conflito ganha novas dimensões quando, em 1642, Crommwell reúne o povo no Novo Exército Modelo (New Army Model).

- Novo Exército Modelo:

Liderado por Crommwell, o Novo Exército Modelo era composto pelas camadas populares. Crommwell, embora calvinista radical (puritano), não exigia que os que lutassem em seu exército se convertessem. Sua única exigência era que se submetessem à rígida disciplina com que comandava suas tropas.Durante a guerra, surgiram dois grupos dentro do exército que tinham ideais mais radicais que os ideais burgueses: os diggers (escavadores, ou true levellers) e os levellers (niveladores). Os diggers buscavam a coletivização das terras e chegaram a ocupar certos territórios durante a guerra. Foram executados por ordem de Crommwell. Já os levellers não eram tão radicais em relação às terras. Buscavam direitos iguais para todos e reclamavam uma mudança do sistema monárquico para um governo republicano. Alguns foram executados, mas os principais foram mandados para lutar na Escócia.

Em 1648, o Novo Exército Modelo derrota de vez os Exércitos Reais e Carlos I é preso. Um ano depois, por pressão das camadas populares mais politizadas, Crommwell ordena a decapitação do rei. IMPORTANTE LEMBRAR que nunca foi intenção do Parlamento derrubar o rei. Apenas queriam uma diminuição de sua autoridade. A situação só chegou aonde chegou por pressão das camadas populares.

Instaurou-se então, em 1649, a República de Crommwell. Vale ressaltar que o nome "república" era apenas fachada e que Crommwell governou com poderes quase ilimitados: foi dado a ele, pelo Parlamento, o título de Lorde Protetor. Título este que Crommwell tornou hereditário. Crommwell expropriou terras da Igreja e da nobreza tradicional, liberando mais terras para a burguesia e para a gentry; estimulou os cercamentos e acabou com os monopólios da Coroa, abrindo mais espaço para o comércio burguês. Mas, das ações de Crommwell, devemos destacar:

- 1651: Atos de Navegação

A instituição dos Atos de Navegação permitiu que a Inglaterra se tornasse a potência hegemônica no século XVIII. Através desses Atos, apenas navios ingleses poderiam fazer o transporte de mercadorias entre a Inglaterra e suas colônias.

- 1653: Ditadura de Crommwell

Fecha-se o Parlamento (ou Longo Parlamento, pois durava desde 1640). Os elementos politizados do exército (remanescentes dos diggers e levellers) são eliminados, de acordo com os interesses da burguesia e da gentry. Não inativo, o Parlamento idealiza uma Constituição para limitar os poderes de Crommwell, mas ele morre antes do documento ficar pronto (1658).

Fica, então, com o título de ditador, Richard Crommwell (filho de Oliver). A burguesia não vê Richard com bons olhos: ele não tinha controle sobre as camadas mais radicais do exército, o que poderia significar uma possível revolta popular. A burguesia então derruba Richard e põe no poder Carlos II, filho do decapitado Carlos I. Começa aí um processo chamado de Restauração Monárquica (1660-1688).

Carlos II, não tendo poderes para restaurar seus privilégios políticos, começa uma série de perseguições religiosas. (Lembrando que, sendo um Stuart, Carlos II tendia à corrente mais católica do anglicanismo. Logo, ele perseguiu os calvinistas.) Morre em 1685 e deixa ao filho, Jaime II, o trono.

Jaime II, tentou recuperar privilégios políticos absolutistas. A alta burguesia, que não dependia de quem estivesse no trono para governar, mas temia as conseqüências do autoritarismo de Jaime II, articula sua sucessão. Manda então, para Maria Stuart (filha de Jaime II, sucessora legítima) e para seu marido (Guilherme D'Orange, ou simplesmente Guilherme III) a Declaração dos Direitos (1688), documento que os tornava rainha e rei da Inglaterra, submetendo-os ao Parlamento. Eles, então, aceitam as condições e Guilherme invade Londres (1688-1689, cerca de oito meses) e é aclamado, pela burguesia, rei da Inglaterra, não deixando nenhuma escolha para Jaime II a não ser se retirar do trono. Termina aí a Restauração Monárquica, coincidindo com a chamada Revolução Gloriosa (assim chamada pela burguesia por não haver expressivo derramamento de sangue) e com a instituição da Monarquia Parlamentar Inglesa ("O Rei reina e o Parlamento governa.")

- Relação entre as duas fases:

A Revolução Puritana e os trinta anos em que Crommwell permaneceu no poder deram à burguesia os instrumentos políticos e fortaleceu os instrumentos econômicos necessários para, em oito meses, derrubar um rei e colocar outro em seu lugar sem necessidade de um exército nem, muito menos, de participação e/ou aprovação popular.

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