terça-feira, 17 de junho de 2008

Filosofia - Resumão

Terceira etapa: matéria acumulativa

- Origens do pensamento moderno (caderno)
- maquiavel (pág. 233 a 237)
- Hobbes (pág. 238 a 241)
- Liberalismo ( pág. 245 e 246)
- Locke ( pág. 246 a 248)
- Descartes (1ª, 2ª e 4ª parte do discurso do método)
- Francis Bacon (pág 132 e 133)
- Ceticismo/dogmatismo (pág. 52 a 56)


Origens do pensamento moderno

Quatro movimentos principais podem ser citados quando se pergunta o que originou a filosofia moderna:
  • O Renascimento: representa a quebra com a filosofia escolástica tomista da Idade Média, que tinha Deus no centro de tudo (teocentrismo). O Renascimento, através das Artes e dos avanços nos estudos naturais, põe o homem no centro de tudo (antropocentrismo), valorizando o racionalismo humano acima da fé cega.
  • A Reforma Protestante: para reforçar os renascentistas, os protestantes quebram com as idéias da Igreja Católica, individualizando a religião, dando a liberdade de interpretação das Escrituras e questionando a autoridade da Igreja.
  • O advento dos Estados Nacionais: a centralização dos governos, dos pesos e medidas, das instituições, tudo isso faz com que os países nascentes ganhem força e maior independência: os exércitos, os impostos, a lei e as fronteiras são controladas pelo Estado, não mais pela Igreja ou por grupos minoritários de senhores feudais.
  • A Revolução Científica: valorização exacerbada da razão acima da fé, da emoção, dos sentimentos. Surgem métodos científicos, ciências (matemática, por exemplo). Quatro personagens emblemáticos na Revolução das Ciências: Copérnico (teoria do heliocentrismo), Galileu (comprovação do heliocentrismo), Kepler (lei das órbitas dos planetas) e Newton (leis mecânicas e lógicas que regem o Universo).


Maquiavel

Florenciano, viveu no século XVI e um dos idealizadores da unificação dos reinos italianos. Escreveu o livro "O Príncipe" e dedicou a Florenço de Médici, um dos reis mais poderosos da Itália. "O Príncipe" é uma espécie de manual de governo: ele defende duas formas de governo como sendo as ideais: Monarquia Nova (não-hereditária) e República (contrariando a idéia de Aristóteles, que acreditava que existiam três formas possíveis: monarquia, aristocracia ou politéia...não vêm ao caso agora). Na Monarquia Nova, Maquiavel diz que o bom príncipe deve ter qualidades tais como:
  • Virtù e Fortuna: virtù = virtude, conhecimento. O bom príncipe deve saber como chegar ao poder, como governar e manter sua estabilidade através de suas qualidades como chefe de Estado. A fortuna é o acaso: a junção dos acontecimentos que permitem a chegada ao poder. Um príncipe virtuoso sem fortuna não chega ao poder e o príncipe afortunado e sem virtù chega ao poder mas não é capaz de mantê-lo. Melhor, para Maquiavel, é ter os dois, mas preferir a virtù.
  • Amor e temor: melhor ser amado e temido, mas preferir ser temido, pois o temor é unilateral.
Principal aspecto de "O Príncipe", para a prova: Secularização do Estado, que é a diferenciação da moral política da moral religiosa, ou seja, os valores que regem a moral religiosa não devem atrapalhar o Estado em sua função de garantir o Bem Geral do Estado.



Thomas Hobbes


Inglês, viveu no século XVII, em meio às guerras civis da Revolução Inglesa, foi defensor do Absolutismo, pois acreditava que o homem, em seu estado de natureza, é mau e egoísta, o que gera sempre ao estado de guerra. Tal estado só pode ser evitado se o povo abrir mão de sua liberdade individual e se submeter, politicamente, a um governo que detenha poderes absolutos que o tornem capaz de garantir, ao povo, a paz e a vida. Tal acordo (de servidão política) entre Estado e povo chama-se Contrato Social, que Hobbes expõe em seu livro "O Leviatã". Leviatã é um monstro formado por uma cabeça e um corpo feito com vários corpos humanos, segurando um cetro e uma espada: o leviatã é o Estado, a cabeça é o rei (ou o Parlamento com poderes absolutos) e o corpo é o povo; mesmo que se corte uma parte do corpo, desde que se mantenha a cabeça, o corpo não rui.
Frases de Hobbes: "O homem é o lobo do homem" (estado de natureza mau e egoísta)
"Minha mãe pariu gêmeos: eu e o medo." (medo das guerras civis inglesas)



Liberalismo (páginas 245 e 246)

Liberalismo é o conjunto de idéias levantadas por filósofos desde o século XVII que visava favorecer os interesses das burguesia em ascendência na Europa. Pode ser dividido em:
  • Liberalismo ético: valoriza o trabalho e, conseqüentemente o lucro; prega a liberdade religiosa (o protestantismo, que pregava o lucro, estava em expansão) e a liberdade de pensamento;
  • Liberalismo econômico: prega a não-intervenção do Estado na economia (para que a burguesia não tenha que prestar contas ao Estado e possa se desenvolver mais rapidamente), a livre concorrência (que gera queda nos preços e evita os monopólios) e a auto-regulação do mercado (sem necessidade de intervenção estatal ou de instituições privadas).
  • Liberalismo político: faz uma dura crítica ao absolutismo (que é uma forma de governo imposta à população, sem direito de escolha), crítica ao direito divino dos reis (já que não há fundamento científico para manter essa teoria) e apoio ao voto censitário (de acordo com a renda, já que a burguesia mantinha grande parte da renda).





John Locke
(páginas 246 a 248)

Contextualizando:
Inglês, viveu no século XVII em meio às mudanças Revolução Inglesa. Locke foi um dos idealizadores da Revolução Gloriosa que colocou Guilherme de Orange e Maria Stuart no poder, instituindo a Monarquia Parlamentar Inglesa (presente até hoje). Suas idéias influenciaram amplamente os ideais de independência dos Estados Unidos.

Principais idéias/teses:
Contrariando Hobbes, Locke considera que o homem, em seu estado de natureza, não é egoísta e não tende à guerra, como defendia Hobbes. Com isso, Locke vai contra o Absolutismo, propondo (e instituindo, na Inglaterra) uma monarquia parlamentar, onde o poder não se encontra concentrado. Locke é, assim como Hobbes, contratualista, ou seja, ele defende a idéia de que há, entre o Estado e a sociedade como um todo, um contrato que deve ser respeitado para proveito de ambos os lados. Para Hobbes, nesse contrato social o povo abre mão de sua liberdade (o povo entra numa "servidão" política) para que o Estado possa garantir a vida, a paz e a "liberdade" coletiva; Locke acha que o povo não tem de abrir mão da liberdade (tendo direito à participação política e à revolta, se preciso fosse, contra um Estado opressor) e que o Estado, agindo pelo povo, deve garantir esta liberdade, a vida e a propriedade privada (ele considerava estes três direitos como sendo direitos naturais - jus naturalis - inerentes à natureza e à dignidade do homem). Cabe lembrar que, sendo burguês, ele defendia a propriedade daqueles que já a possuíam, ou seja, aqueles que não a possuíam não teriam direito a ela - tal teoria é extremamente elitista, apesar de liberal.




Correntes filosóficas da modernidade -


1. Ceticismo x Dogmatismo (páginas 52 a 56)
Ceticismo, pelo Dicionário Filosófico, é a concepção segunda a qual o conhecimento do real é impossível à razão humana; o homem deve renunciar às suas certezas (verdades). Cético é todo aquele que questiona todas as idéias conhecidas como verdades, caindo assim numa realidade onde nada é certo, inclusive a própria existência. O ceticismo criticava/critica, em especial, os dogmas: verdades absolutas presentes em certos campos científicos, na religião, na sociedade e na política. Iam contra esse dogmatismo também porque os dogmas nem sempre têm base racional ou lógica, não podendo ser provados exceto por concepções além da razão (fé, por exemplo). Céticos famosos: Pirro de Élida (Antiguidade Clássica) e De La Montaigne.


2. Empirismo
Doutrina ou teoria do conhecimento segundo a qual toda certeza deriva da experiência, da comprovação. Principais empiristas: John Locke, Francis Bacon e David Hume.

3. Racionalismo (páginas 130 e 131, Filosofando)
Doutrina que privilegia a razão dentre todas as faculdades humanas, considerando-a fundamento de todo conhecimento possível. Racionalista de maior renome: René Descartes ("Cogito ergo sum").


Racionalismo - Descartes

Contextualizando: (páginas 5 a 13, Discurso do Método)
Nascido em 1596, o filósofo francês René Descartes estudou, quando jovem, no colégio jesuíta La Flèche, um dos melhores, se não o melhor, colégio de toda a Europa, na época. Largou o colégio aos 19 anos, em 1615, para viajar pela Europa com o intuito de descobrir outras culturas, outras verdades, pois acreditava que não havia aprendido no colégio a verdade propriamente dita, mas, sim, uma repetição dos ensinamentos dos antigos, desde a Idade Média. Serviu no exército de Maurício de Nassau e, depois da carreira militar, dedicou-se à filosofia. Nas suas viagens, escreveu (mais famosos) "Discurso do Método", "Paixões da alma", "Princípios de Filosofia" e "Meditações metafísicas", sendo estes dois últimos numa linguagem mais acadêmica, enquanto os outros dois são obras escritas para a compreensão de um público menos douto, mais leigo.


-Bom senso ou razão (páginas 17 a 19 e 37 a 46, Discurso do Método)
Descartes acredita que o bom senso ou razão (ele não distingue) é a capacidade melhor compartilhada, de tal maneira que todos os homens tem igual capacidade de diferenciar o verdadeiro do falso (universalidade da razão). Apenas a utilização ou aplicação da razão é que mudam de acordo com costume, religião, crenças, dogmas e, muitas vezes, tais diferenciações no uso da razão criam conflitos entre os homens, muitas vezes baseados em motivos irracionais. É para evitar tais conflitos de idéias que Descartes procura criar um método universal baseado na razão (independente da cultura, época, religião, crença, sexo que seja utilizado) para guiar a razão, de forma a escapar do erro (ele fala que o erro é consequência do uso equivocado da razão). O método tem como objetivo alcançar a verdade plena, a partir de questionamentos sobre as verdades instituídas como tal (a dúvida é uma das principais bases do método).

Do Método:
Regras para se evitar o erro (2ª parte)
  • Evidência: "Jamais aceitar uma coisa como verdadeira que eu não soubesse ser evidente como tal";
  • Análise: "Dividir cada uma das dificuldades que eu examinasse em tantas partes quantas possíveis e quantas necessárias para melhor resolvê-las";
  • Síntese: "Conduzir por ordem meus pensamentos, a começar pelos objetos mais fáceis de serem conhecidos, para galgar, pouco a pouco, como que por graus, até o conhecimento dos mais complexos";
  • Revisão: "Fazer em toda parte enumerações tão complexas e revisões tão gerais que eu tivesse a certeza de nada ter omitido.

Prova racional da existência de Deus (4ª parte)
  • Idéia de perfeição: como a idéia de perfeição não origina dos nossos sentidos, já que somos seres imperfeitos, ela deve ter outra origem. Ela só pode ter sido incutida em nós por um ser perfeito, o qual Descartes reconhece como sendo Deus. Assim, ele prova racionalmente que a idéia de perfeição é divina.
  • Idéia de infinito: para que um ser seja perfeito, ele tem de ter todas as suas características perfeitas. Como Deus é "infinito", Deus é, também, infinitamente perfeito. Se ele é infinitamente perfeito, seguindo a idéia que temos de perfeição, ele não pode ser um Deus enganador. Se Deus não é enganador, logo todas as coisas do mundo, incluindo o homem, existem.
  • Ponte: é a partir da certeza de que Deus é infinitamente perfeito e de que as coisas, por conseguinte, são reais, que Descartes consegue analisar as idéias através da dúvida e dizer se são errôneas ou não.
  • Juntando todas estas idéias, Descartes passa de um idealismo - no qual a única realidade é o pensamento e a dúvida - para um realismo, no qual a existência e inteligibilidade do mundo externo são garantidas pela existência de Deus.


Francis Bacon

Considerado, juntamente com Descartes, um dos fundadores do pensamento moderno, especialmente por suas teorias em torno do empirismo (método experimental, comprovação das verdades através da experiência e da repetição, da criação de hipóteses e da verificação através de testes). Assim como os filósofos de seu tempo, ele critica e quebra com a filosofia escolástica (São Tomás de Aquino, idade média). Defende o pensamento crítico e o progresso da ciência e da técnica com o objetivo de facilitar o controle da natureza em benefício do homem.

Em seu livro "Novum Organum" (do latim, novo órgão), ele critica a o método dedutivo das ciências derivado do "Organon" (órgão) de Aristóteles. Como Descartes, cria um método para evitar o erro, um método indutivo que, com base em observações, permite o conhecimento do funcionamento da natureza e, observando a regularidade entre os fenômenos e estabelecendo relações entre eles, permite elaborar leis científicas (generalizações dedutivas). A base desse método é livrar-se de preconceitos, ilusões e superstições (isso, para ele, são os ídolos: distorções ou ilusões que "bloqueiam a mente humana"). Os ídolos podem ser:
  • Ídolos da tribo: são as ilusões/distorções provenientes da própria natureza humana. Ele compara a mente humana com um espelho: "O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente o raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe."
  • Ídolos da caverna: são as ilusões/distorções individuais. "Cada homem tem sua própria caverna".
  • Ídolos do foro ou do mercado: ilusões/distorções originadas da sociedade, das relações de troca de conhecimento (comunicação, discurso) entre os homens. "As palavras forçam o intelecto e perturbam por completo. E os homens são, assim, arrastados a inúmeras e inúteis controvérsias e fantasias." Tais "palavras", para ele, são originadas da comunicação entre os homens.
  • Ídolos do teatro: ilusões/distorções geradas por doutrinas/dogmas filosóficos que criam realidades fictícias e convencionais a quem as impõe.

Erros no resumo, sugestões: mateus.felix@gmail.com


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