quarta-feira, 18 de junho de 2008

Guerra de Secessão dos EUA

O texto à seguir foi tirado do blog do professor Cássio e foi "reduzido" por Mateus Félix.

A Guerra da Secessão (1861-1865)

A Guerra da Secessão foi a guerra civil americana entre os estados nortistas e os estados sulistas separatistas.

Motivos

A forte tradição de autonomia estadual: era muito forte a convicção nos estados americanos (sobretudo nos do Sul, escravistas) que a adesão aos EUA durante a independência era um ato voluntário. Isso implicava também no direito de secessão ou separação, caso a união não fosse mais vista como vantajosa aos interesses dos estados. Esse argumento foi central na decisão sulista de constituir um outro país separado do Norte, em 1860.

A Questão da Escravidão. A decisão de manter a escravidão ou aboli-la era responsabilidade dos estados, que tinham a autonomia nessa questão desde a independência. Os estados do Norte (capitalistas), não dependiam da escravidão e a aboliram, enquanto os estados do Sul , por dependerem dela em suas plantations, decidiram mantê-la. O desenvolvimento industrial do Norte na primeira metade do século XIX, com sua sociedade cada vez mais moderna e inspirada no liberalismo político, tendia a gerar um confronto com o escravismo no Sul. A escravidão sulista era cada vez mais criticada pelos nortistas como um regime atrasado, obstáculo à modernização dos EUA. Com efeito, na década de 1850 o movimento abolicionista cresceu e uma visão simpática aos negros expandiu-se.


A Questão Tarifária. Os estados sulistas tinham poucas indústrias e eram importadores de produtos industriais, defendendo o livre-comércio. Os estados nortistas, ao contrário, defendiam o protecionismo alfandegário contra a concorrência estrangeira.

A Questão do Oeste. Sulistas e nortistas disputavam o status dos novos estados do Oeste, que determinaria o equilíbrio entre as bancadas parlamentares abolicionistas e escravistas no Congresso, favorecendo ou não a proibição da escravidão. Pelo Ato do Kansas-Nebraska (1854), esses estados poderiam optar pela adoção do trabalho escravo, contrariando os acordos anteriores.

A radicalização do movimento abolicionista (1854-1860). Surgiram sociedades secretas que ajudavam a fuga de escravos e organizações políticas que pressionavam pela intervenção federal contra a escravidão. Em 1854, foi criado o Partido Republicano, defensor da abolição. Os republicanos cresceram eleitoralmente em 1855-1860, assustando os sulistas, o que aumentou a tensão na relação entre as duas regiões.

Em 1860, o candidato do Partido Republicano, senador Abraham Lincoln, venceu as eleições presidenciais, alarmando o Sul. Temendo que Lincoln abolisse a escravidão, sete estados sulistas, sob iniciativa da Carolina do Sul, resolveram separar-se dos EUA (dezembro 1860) antes que ele tomasse posse (março 1861). Os estados separatistas (Mississipi, Flórida, Geórgia, Alabama, Louisiana e Texas, além da Carolina do Sul) formaram um novo país, os Estados Confederados da América ou Confederação e elegeram Jefferson Davis presidente. Lincoln tomou posse e, embora tentasse uma conciliação, afirmou que a União – a unidade política dos EUA e o nome pelos quais ficaram conhecidos os estados nortistas – era perpétua. A Confederação manteve-se irredutível e, em abril de 1861, forças sulistas e nortistas entraram em confronto pela posse do Forte Sumter, em Charleston, na Carolina do Sul, guarnecido por soldados da União. Era o início da Guerra da Secessão, que deixou o país dividido: em maio, outros quatro estados sulistas aderiram à Confederação: Virgínia, Carolina do Norte, Tennessee e Arkansas, elevando para onze o número de estados separatistas. Mas os estados escravistas de Delaware, Maryland, Kentucky e Missouri apoiaram a União, assim como a parte ocidental da Virgínia. (Uma parte do exército sulista era leal à União, o que dificultou a situação para os sulistas.)

O conflito militar

As forças do Sul. A Confederação possuía 9 milhões de habitantes, sendo 4 milhões de escravos. Começou a guerra com 35 mil soldados e chegou a mobilizar mais de 700 mil. Tinha a vantagem de possuir melhores oficiais do que o Norte e contar com apoio da Grã-Bretanha e da França, que lhe forneceram armas. Mas não possuía quase nenhuma base industrial (os armamentos eram, em sua maioria, importados), tinha menos recursos financeiros e uma população menor do que a da União.

As forças do Norte. A União possuía 22 milhões de habitantes. Iniciou a guerra com 19 mil soldados mas conseguiu nos anos seguintes recrutar mais de 1,5 milhões. O apoio dos estados do Oeste, a sua base industrial (já a terceira maior do mundo, inclusive belicamente), sua rede ferroviária, seu poder financeiro e o tamanho da sua população foram decisivos para sua vitória a longo prazo.

Em um primeiro momento, a vantagem militar esteve com os sulistas mas com tempo a União fez sentir a sua superioridade numérica, econômica e moral:
(I) os portos do Sul foram bloqueados pela marinha do Norte, impedindo o contato com a Grã-Bretanha e a França;
(II) Lincoln lançou a Proclamação da Emancipação (setembro 1862) declarando livres os escravos dos estados rebeldes(sulistas, contra a União), legitimando a guerra como uma campanha justa contra a escravidão e mobilizando os negros do Norte contra a Confederação;
(III) a estratégia militar do general Ulysses S. Grant, Comandante-Chefe da União, de destruição do território sulista, enfraquecendo o moral dos rebeldes, e de atacar continuamente e sem descanso o exército confederado (comandadas por Robert E. Lee), sem se preocupar com as perdas nortistas.
A partir de 1864, as principais cidades do sul foram tomadas e incendiadas, incluindo Richmond, a capital da Confederação, em abril de 1865 . No mesmo mês da queda de Richmond, as forças sulistas se renderam, derrotadas. A mais violenta guerra da história dos EUA matou 620 mil americanos (360 mil da União e 260 mil da Confederação) e deixou 500 mil feridos.

Conseqüências

A vitória do Norte restaurou a unidade territorial dos EUA, aboliu a escravidão em todo o país (13a Emenda à Constituição, em 1865, ampliando a Proclamação da Emancipação) e permitiu um grande desenvolvimento do capitalismo industrial americano nas décadas seguintes. Contudo, os escravos libertados não receberam ajuda do Estado e a maioria esmagadora continuou vivendo na pobreza, ficando marginalizada politicamente. Além disso, o ressentimento sulista, sobretudo a ação de aventureiros nortistas a procura de cargos políticos no Sul com apoio dos negros, refletiu-se no aparecimento de grupos terroristas racistas (a Ku Klux Klan) e na criação de leis que segregavam os negros dos brancos, negando-lhes vários direitos. Além disso, o inconformismo com a derrota da Confederação levou um sulista radical a assassinar Lincoln em um espetáculo teatral, em Washington (14 abril 1865).

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